Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA E SEU POTENCIAL DE PRODUÇÃO DO CUIDADO: VIVÊNCIAS NO GRUPO DE IDOSOS
Adilson Ribeiro Santos, Alba Benemérita Alves Vilela, Josiane Moreira Germano, Luciana Anjos Aquino, Aline Vinhas Souza, Rafael Santos Almeida, Túlio Batista Franco, Soraya Dantas Santiago dos Anjos

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


APRESENTAÇÃO DA ATIVIDADE

Dada a complexidade do processo de trabalho na Atenção Básica (AB), bem como pela capacidade de resolutividade que se espera desse nível de atenção, assistimos o incremento cada vez maior de novas tecnologias de produção do cuidado na realidade da AB.

A AB está entre as agendas prioritárias do Ministério da Saúde, uma vez que é eixo estruturante do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ocupar uma posição estratégica, destaca-se que entre os principais desafios encontra-se a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade e da resolutividade das ações na AB.

Neste contexto, surgem os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) que são equipes multiprofissionais, compostas por diferentes profissões ou especialidades, que devem atuar de maneira integrada e alicerçada nos pressupostos do Apoio Matricial, cujo trabalho deve pautar-se na interdisciplinaridade abarcando as necessidades dos profissionais e das equipes de Saúde da Família e equipes de AB para populações específicas (Consultórios na Rua, equipes ribeirinhas e fluviais)1. O trabalho do NASF deve ser compartilhado por meio de práticas e saberes em saúde com as equipes de referência apoiadas, sempre no auxílio do manejo ou resolução de problemas clínicos e sanitários, bem como a agregação de práticas, na AB, que ampliem o seu escopo de ofertas.

Assim, o NASF constitui-se como um dispositivo potente e estratégico para a melhoria da qualidade da AB, uma vez que amplia o escopo de ações neste contexto e, por meio do compartilhamento de saberes, amplia a capacidade de resolutividade clínica das equipes. Com o primado do trabalho na universalidade, tomando a inversão da pirâmide etária e aumento das doenças crônicas, a população idosa aumenta de maneira significativa, convidando ao refazimento do processo de trabalho na AB tal como o incremento de novas formas de produção do cuidado para esta parcela da população.

Diante dos rearranjos necessários para abarcar as novas necessidades no processo de trabalho frente ao envelhecimento, uma das atribuições do NASF é realizar ações coletivas de promoção da saúde. Destarte, este relato traz a experiência do trabalho de uma equipe do NASF com um grupo de idosos de uma Equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF).

 

A EXPERIÊNCIA

 

A população adscrita da ESF extrapola três mil pessoas. A população com 60 anos e mais compõe o total de 334 pessoas. Destaca-se que esses dados ainda não representam a totalidade da população, uma vez que ainda se encontra em curso o processo de recadastramento e migração para o e-SUS.

O NASF foi implantado em 2013 e as atividades eram realizadas por uma fisioterapeuta, onde se executavam salas de espera, atividades recreativas em datas comemorativas e exercícios. Não havia um profissional de Educação Física na época, mas as atividades contribuíram para a formação dos grupos. Dentre os participantes assíduos, 11 são hipertensos, 4 são diabéticos, e os demais sem enfermidades.

São realizados encontros semanais as segundas-feiras com a presença dos diferentes profissionais que compõem o NASF. Uma das ações mais apreciadas, são as ações das práticas corporais. Estar ativo fisicamente é um elemento chave para a longevidade e para uma vida mais saudável em qualquer faixa etária. A atividade física regular ajuda na manutenção do peso diminui o risco de doenças crônicas e cardíacas, melhora o humor, a autoestima, além de proporcionar ao indivíduo melhor qualidade de vida.

Semanalmente, são realizadas ações de educação em saúde com temas variados com a presença dos diferentes profissionais da equipe. Os temas são previamente dialogados com a equipe da ESF. As ações de educação em saúde potencializam o agir dos usuários, uma vez que a educação em saúde é considerada como um conjunto de práticas que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades, além de contribuir para saúde potencializar o exercício do controle social sobre as políticas e os serviços de saúde para que esses respondam às necessidades da população.

Os idosos são convidados sempre a produzir lanches saudáveis de maneira coletiva e são proativos também na confecção dos instrumentos para as práticas corporais, assim, foi solicitado aos participantes que levassem garrafas pet (com água) e cabos de vassouras (para usar como um bastão). Após os exercícios ainda há o lanche compartilhado, onde cada participante leva uma fruta, ou outro alimento e assim é feito um lanche breve, e é um momento também de descontração e bate-papo.

Ressalta-se que as atividades são desenvolvidas em diferentes locais da comunidade como igrejas, sede da associação de moradores e nas praças. Nesses locais em diferentes ocasiões são realizadas ações intersetoriais com a Secretaria de Desenvolvimento Social, buscando a promoção da cidadania desses idosos, muitas vezes vítimas de negligências e abusos.

Dessa forma, o NASF assume posição estratégica nessas ações, uma vez que apesar de fazer parte da AB, não se constitui como um serviço com espaço físico independente. Isso quer dizer que os profissionais do NASF se utilizam do próprio espaço das Unidades Básicas de Saúde e do território adstrito para o desenvolvimento do seu trabalho. Eles atuam a partir das demandas identificadas no trabalho conjunto com as equipes vinculadas, de forma integrada à Rede de Atenção à Saúde e seus serviços, além de outras redes como o Sistema Único da Assistência Social (SUAS), redes sociais e comunitárias.

 

IMPACTOS DA EXPERIÊNCIA

 

Apesar de configurar-se como um desafio constante a sensibilização dos idosos para a permanência no grupo, este espaço se mostra como um local potente de produção do cuidado, uma vez que os idosos mais assíduos relatam sempre a satisfação e a importância do espaço, não apenas para questões relacionadas à saúde, bem como o lócus de produção de vida, de encontros para um bate papo e recreação.

Cabe o destaque também ao fato de ser possível observar mais de perto algumas patologias como o diabetes e a hipertensão, uma vez que são triados antes das atividades. Este simples feito tem contribuído para o monitoramento mais frequente de alguns desses idosos e consequentemente, diminuindo as possibilidades de adoecimento. Por conseguinte, espera-se que o NASF potencialize sua capacidade de ampliação da resolutividade da AB, produzindo para além do cuidado em saúde a promoção da cidadania dos usuários do SUS.


Palavras-chave


Saúde da Família; Cuidado; Idosos.