Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A APLICABILIDADE DE AÇÕES PREVENTIVAS PARA O SUICÍDIO
JOÃO ENIVALDO SOARES DE MELO JUNIOR, Julliana Santos Albuquerque Ribeiro

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: Causador de uma morte a cada 40 segundos, e responsável por cerca de 800 mil ocorrências no mundo, o suicídio atinge fatalmente cerca de doze mil pessoas por ano no Brasil, segundo um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2014. Os números relacionados ao suicídio são alarmantes: na faixa etária entre quinze e trinta e cinco anos, o suicídio está entre as três maiores causas de morte e em indivíduos entre quinze e quarenta e quatro anos, o suicídio é a sexta causa de incapacitação, além disso, para cada suicídio há, em média, cinco ou seis pessoas próximas ao falecido que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas. Dentre os fatores de risco encontra-se a ocorrência de transtornos mentais, fragilidade sociodemográfica, instabilidades psicológicas e condições clínicas incapacitantes. Com vista à diminuição dos índices de suicídio, diversas estratégias têm sido implantadas mundialmente e divulgadas nas redes e mídias sociais por parte de profissionais comprometidos com a causa como também por meio de campanhas formuladas por órgãos e instituições, a exemplo do “Setembro amarelo” e do “Janeiro Branco” no Brasil, que difunde a ideia proposta pelo Cento de Valorização da Vida (CVC) juntamente com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM). Essas iniciativas promulgam a prevenção e sensibilização da população sobre a temática, com uso de figuras públicas para divulgação, veiculação de materiais e ações diversas voltadas à familiares de pessoas que vivenciaram o suicídio e aos que sobreviveram a tentativas, no interesse de impedir as mesmas. Dessa forma, escuta ativa, incentivo ao diálogo, empatia, sensibilidade e percepção são imprescindíveis por parte de familiares, amigos e profissionais que convivem com pessoas em potencial risco suicida. Assim, sabendo que o risco para suicídio pode ser presente em diversos cenários no cotidiano, não diferindo pessoas por classe social, religião, opinião política e cultura, a prevenção do suicídio precisa ser tratada com maior atenção para que se rompa com os estigmas e tabus a respeito do assunto, pois é fato a gravidade e urgência de empoderamento de toda a sociedade para práticas de prevenção deste que pode ser considerado o mal do século, o suicídio. Objetivo: Relatar a experiência de uma ação de prevenção do suicídio, a fim de instigar ações desse tipo e sensibilizar os leitores sobre a temática. Descrição da experiência: Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência, vivenciada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Pará, no mês de setembro de 2017 em uma igreja evangélica localizada na Região Metropolitana de Belém que tinha como público alvo adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos. Para a realização do evento, foram realizadas chamadas em redes sociais e entregues panfletos convidando adolescentes de todas as idades sem restrições para comparecem à referida Igreja evangélica para o evento denominado “Dia do adolescente: falar é o melhor remédio” que foi realizado no dia 21 de setembro, dia este que, em 1996 no Brasil foi instituído dia do adolescente pelo então deputado Horácio de Matos Neto. Para isso, foi realizada a divulgação durante 30 dias anteriores e o evento foi composto por palestras e ações educativas com a temática de Prevenção no suicídio objetivando esclarecer dúvidas, romper estigmas e preconceitos e trocar experiências para o fortalecimento de atitudes preventivas para as pessoas que vivenciam circunstâncias potenciais para a tentativa suicida. À data marcada, comparecerem ao local do evento a quantidade de 68 adolescentes e a discussão principal foi denominada “adolescente e a mente” com duração de três horas mediada por acadêmicos frequentadores da referida igreja evangélica. A palestra foi dividida em três momentos onde, no primeiro momento foram distribuídas folhas A4 para que os ouvintes pudessem anotar sugestões que surgissem durante a exposição do tema, seguido disso, os adolescentes foram organizados em 4 círculos e cada um recebeu um balão amarelo; durante o segundo momento, a mediadora da atividade pediu que os componentes de cada círculo enchessem os balões.  Após isso, todos foram orientados a lançar seus balões o mais alto que pudessem e, enquanto isso, deveriam falar em voz alta tudo que sentiam conforme a mediadora pronunciava palavras chaves com uso de microfone (Família, relacionamento, música, vida, sonho, medo, trauma, desejo, expectativa, amor e morte), então, os componentes de cada círculo foram orientados a fazer isso simultaneamente, de modo que todos os participantes se expressassem ao mesmo tempo em que não permitiam que os balões tocassem o chão. No terceiro e último momento, os adolescentes foram organizados em um grande círculo onde a mediadora sentou-se ao centro deste para a exposição do tema. Os ouvintes foram esclarecidos sobre a moral da dinâmica realizada anteriormente, em que os balões representavam a vida, significando que mesmo sentindo tudo que expressaram em voz alta, o valor da vida ainda permanecia e não deveria ser desvalorizado diante de uma situação de conflitos emocionais e para isso o ato de se expressar verbalmente sobre as emoções sentidas diminuía a sensação de sobrecarga emocional que sentiam. Ainda no terceiro momento, os ouvintes tiveram a oportunidade de partilhar com o grupo experiências, onde apenas 11 pessoas voluntariaram-se a isto. Posterior a isso, todos assistiram à exposição da temática suicídio: os sintomas, os dados, os fatores de risco ressaltando a prevenção por meio de ações contínuas de diálogo e procura por ajuda. Resultados: Observou-se que os participantes demonstraram facilidade para verbalizar o que sentiam durante a dinâmica, e, além disso, destaca-se que parte dos ouvintes relataram potencial risco suicida e que não haviam demonstrado a ninguém com quem conviviam, além do que alguns mencionaram a presença de pelo menos um fator de risco, o que é preocupante. Após o término do evento, os ouvintes que citaram isto, foram orientados a procurar ajuda especifica além dali, foram incentivados à comunicação e ao fortalecimento de sua autoestima e das razões que possuíam para valorização a vida, renunciando qualquer pensamento suicida. Conclusão: Reitera-se a importância da aplicabilidade de ações deste tipo, voltadas para públicos de riscos em diversos cenários da sociedade, bem como a consolidação de métodos que permitam diálogo para familiares, amigos, alunos, professores e líderes, a fim de impedir a exacerbação de desequilíbrio emocional em pessoas com altas sobrecargas psicológicas seja causada por trabalho, ocupações ou relacionamentos interpessoais.