Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO MÉDICA E OS ASPECTOS INDUTORES PARA ATUAÇÃO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Maisse Fernandes de Oliveira Rotta, Débora Dupas Gonçalves do Nascimento

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Estudos internacionais demonstram que quanto maior a orientação de um sistema de saúde para a atenção primária, melhores são os resultados e menores são os custos para o governo.

O Programa de Saúde da Família, criado no Brasil em 1994 e alçado à Estratégia Saúde da Família (ESF) em 2006, teve com sua implantação, o intuito de reestruturar e consolidar a atenção primária em saúde (APS) no país.

Diversos são os desafios e dificuldades para a implementação e sucesso da ESF, dentre eles destaca-se a carência de profissionais, principalmente de profissionais médicos, para o trabalho e permanência neste nível de atenção à saúde. Este estudo objetiva refletir sobre a formação médica e os aspectos indutores para a inserção dos médicos na ESF.

Dentre os fatores que contribuem para esta baixa inserção, destaca-se: a priorização das especialidades em detrimento da saúde pública na formação acadêmica do médico, a falta de reconhecimento social do profissional que atua na APS, as precárias condições de trabalho e as formas de vínculo empregatício; dentre outros que ainda precisam ser desvelados. Desta forma, para intervir nestes fatores, além de esforço político e de uma administração pública eficiente, é de suma importância iniciativas indutoras para a atuação na ESF durante a formação dos médicos.

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação na área da saúde, estabelecidas em 2001, constituíram uma mudança de paradigma na educação superior. A partir destas diretrizes a transformação do ensino médico passou a ser uma obrigação legal, visando uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva do profissional médico.

As DCN de 2014 preconizam a inserção precoce do aluno em espaços de aprendizagem prática, na rede de serviços de saúde, desde o início da graduação. A inserção precoce do aluno em atividades práticas, além de favorecer o aprendizado da rotina do serviço e treinamento de procedimentos, permite a construção do conhecimento aliado ao reconhecimento das principais necessidades de saúde da população.

Da mesma forma, a Organização Panamericana de Saúde, para acelerar a cooperação internacional na educação médica, propõe a práticas de experiências clínicas precoces, prioritariamente na atenção primária, com ensino aprendizagem baseado em problemas e a partir da medicina baseada em evidências.

Neste sentido, é possível observar diversas iniciativas ligadas às mudanças na formação do médico, com alguns resultados exitosos como a familiarização dos estudantes com a prática geral, melhoria nas habilidades de comunicação, compreensão de percepções dos pacientes e reconhecimento da importância da relação médico-paciente. Além disso, a integração ensino-serviço-comunidade mostra-se fundamental para a formação de futuros médicos com maior senso de corresponsabilidade pela saúde integral das pessoas.

Por outro lado, é importante ressaltar que os serviços de atenção primária à saúde, onde os alunos são inseridos, devem possuir um padrão mínimo de qualidade, pois inserir um estudante em uma unidade sem preceptoria qualificada e sem o básico em estrutura pode configura-se como um importante fator desmotivador para o ingresso e permanência dos futuros médicos na ESF, num momento em que a valorização da atenção primária é tão necessária.

Palavras-chave


Formação Médica; Projeto Político Pedagógico; Estratégia Saúde da Família e Comunidade