Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
SAÚDE DA MULHER NA AMAZÔNIA: A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DE NOVOS PROFISSIONAIS
Crissia Cruz, Aline Maués

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Este trabalho surge da experiência de duas psicólogas que foram residentes do programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde da Mulher e da Criança da Universidade do Estado do Pará (UEPA) em parceria com o Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Diante do que foi visto e vivido durante os dois anos no programa, se propõe uma reflexão sobre a assistência em saúde da mulher na Amazônia e os desafios e potencialidades para a formação de profissionais para atuar com esta demanda a partir do programa de residência. Nesse sentido este trabalho tem como objetivo descrever e problematizar a experiência de duas residentes na assistência em saúde da mulher na Amazônia. A política de assistência em Saúde da Mulher começa a ser desenhada com o Programa de Saúde Materno Infantil, na década de 1970, que depois se desmembra em outros dois programas: Programas de Atenção à Saúde da Mulher (Paism) e Atenção Integral à Saúde da Criança (Paisc). Um Programa direcionado à saúde da mulher e não apenas à saúde materna representa um avanço, pois desloca a associação direta e exclusiva de que saúde da mulher é saúde materna, como se apenas questões relativas à maternidade merecessem assistência. A criação do Paism é orientada por valores democráticos e feministas que enfatizavam a importância de um olhar integral à mulher, não a considerando apenas por sua capacidade reprodutiva. É a partir destas premissas, portanto, que os serviços voltados para saúde da mulher devem se orientar, bem como os programas de residência que visem formar profissionais para atuação nesta área. O Programa de Residência multiprofissional em Saúde da Mulher e da Criança (UEPA/FSCMP) abrange as seguintes profissões: Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia, Nutrição, Farmácia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.. Tem como objetivo formar profissionais de saúde, especialistas na área da saúde da mulher e da criança, com visão humanista, reflexiva e crítica, qualificado para atuação profissional nos diferentes cenários do SUS. Entretanto, a visão tradicional que atrela o papel da mulher ao de mãe ainda permeia muitas das práticas do referido programa. Em cada categoria profissional esse viés é mais ou menos forte dependendo da orientação dos tutores, que decidem os cenários dos residentes, e são os responsáveis por conduzir a formação teórica e prática dos mesmos. A especificidade de se estar em um serviço na Amazônia também foi pouco abordada, à exceção de serviços específicos como o de atenção à vítima de escalpelamento (acidente típico da região). Nesse sentido, faz-se necessário que um programa de residência em saúde da mulher transborde a caracterização de uma assistência materno-infantil e esteja comprometido com uma visão não universal de mulher, não romantizada de mãe, bem como com práticas não revitimizadoras de mulheres em situação de violência que chegam aos serviços de saúde. É fundamental que a formação dos profissionais nesta área seja atravessada pelo diálogo com as questões de gênero, raça, classe e territorialidade, favorecendo assim uma atuação crítica para a construção de novos paradigmas na assistência à saúde das mulheres.

Palavras-chave


Saúde da Mulher; Amazônia; Residência Multiprofissional