Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS E A SAÚDE DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS DA AMAZÔNIA
LAYLA DE CASSIA BEZERRA BAGATA, EDNA FERREIRA COELHO GALVÃO

Última alteração: 2017-12-09

Resumo


INTRODUÇÃO O presente artigo tem por objetivo discutir a problemática dos conflitos socioambientais presentes no território amazônico e seus impactos na saúde das populações tradicionais. O processo de ocupação e integração do território amazônico ocorreu de forma desigual e desconsiderando a questão ambiental, como consequência desse processo concentrador de terras e renda na mão de grandes empresários e ação estatal autoritária sobre as populações tradicionais têm uma serie de conflitos socioambientais, que possuem ação direta sobre a saúde dessas populações, considerando os determinantes sociais da saúde. Compreendidos por alguns autores, enquanto fatores sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Permite o reconhecimento dos impactos dos conflitos socioambientais na saúde das populações tradicionais. Nesta perspectiva as desigualdades sociais e disputas territoriais configuram um importante elemento no processo saúde-doença. A PROBLEMÁTICA DOS CONFLITOS SOCIAMBIENTAIS NA AMAZÔNIA O processo de ocupação da Amazônia a partir das políticas de integração e desenvolvimentistas do Governo Federal marcou o início de intensos conflitos neste território. Alguns autores afirmam que os conflitos socioambientais ganharam visibilidade na Amazônia principalmente a partir da década de 1960, com a implantação de grandes projetos desenvolvimentistas que acelerou a expansão urbano-industrial, e gerou um quadro de conflitos por toda a região. Autores apontam aponta que existem 675 focos de conflitos socioambientais que abrangem todo o território da Amazônia Legal. Destacam ainda os segmentos vulneráveis nestes conflitos: mulheres, quilombolas, indígenas, extrativistas, ribeirinhos, pescadores, trabalhadores e trabalhadoras rurais, periferias urbanas. Estes segmentos vulneráveis são atingidos pelas ações dos órgãos ambientais fundiários, fazendeiros, poder público (municipal, estadual e federal), empresas de celulose, pecuaristas, empresas pesqueiras, setor eletro-intensivos, população local, madeireiros, sojeiros e grileiros. A SAÚDE DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM SITUAÇÃO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS A compreensão da saúde enquanto um construto de fatores que são determinados para além de questões biológicas, cuja dimensão social tem papel fundamental em sua manutenção, nos permite entender que tanto os danos causados ao meio ambiente pela exploração dos recursos naturais, quanto os próprios conflitos socioambientais decorrentes desses processos de exploração tem impacto direto na saúde das populações tradicionais. Os conflitos sociais na Amazônia têm como pano de fundo as políticas de desenvolvimento e de uso dos recursos naturais que desprezam as potencialidades e desconhecem a resiliência ambiental e a sustentabilidade ecológica; não beneficiam as comunidades tradicionais nem a distribuição de renda e não se preocupam com os riscos para a saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS As multifacetadas realidades do território Amazônico comportam um mister de estudos sobre a  relação entre homem e natureza. A compreensão da dinâmica dos conflitos socioambientais na Amazônia revela, a ação direta destes sobre a saúde das populações tradicionais. As constantes modificações territoriais, principalmente a implantação de grandes empreendimentos, geram novos problemas de saúde pública, cuja identificação e contextualização precisam ser consideradas na elaboração de políticas públicas de saúde. Não somente para garantir a saúde da população que vive na Amazônia, mas também para assegurar os seus direitos.


Palavras-chave


Conflitos socioambientais; Saúde; Amazônia