Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Serviço de Reabilitação Física da UNISC: diálogos interventivos e investigativos
Eunice Maria Viccari, Angela Cristina Ferreira da Silva, Rafael Kniphoff da Silva, Leonel Pablo Carvalho Tedesco

Última alteração: 2018-03-08

Resumo


Apresentação: O presente trabalho é resultado de pesquisa do estado da arte sobre Tecnologia Assistiva (TA) associada a inclusão social, num diálogo com os usuários com deficiência física atendidos no Serviço de Reabilitação Física de Nível Intermediário – SRFis, da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, conveniado com Ministério e Secretaria de estado da Saúde o Serviço atende a 68 municípios das regiões dos Vale Rio Pardo, Taquari e Jacuri do estado gaúcho. A pesquisa objetivou a conhecer, acompanhar e criar de adaptações personalizadas de TA para a vida desses usuários e se efetivou através de Grupos Focais-Gfs com a parceria de docentes dos cursos de Serviço Social, Ciência da Computação, Engenharia da Produção, Fisioterapia e os profissionais terapeuta ocupacional e o fisioterapeuta, contratados do SRFis, integrados ao Núcleo de Tecnologia Assistiva da UNISC. Perseguindo os significados da TA: Atualmente a TA reside num paradigma que vem sendo apropriado gradativamente por pesquisadores e gestores como contribuição para as políticas públicas no âmbito da educação e saúde predominantemente. O conceito vem evoluindo e se estabelecendo no cotidiano na medida em que possibilita avanço de direitos sociais aos que deles necessitam em decorrência de situações congênitas ou adquiridas ao longo da vida seja por deficiência ou por velhice. A TA é entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização de uma função desejada que se encontra impedida por circunstância da deficiência apresentada. Consiste tanto na criação, quanto na complementação de recursos ou auxílios às pessoas com deficiência. No SRFis, lócus da pesquisa, a TA envolve órteses, próteses e meios de locomoção, possibilitando que pessoas com deficiência tenham disponibilizadas melhores condições de saúde, e assim avancem na qualidade de vida. Com base na experiência em desenvolvimento com pessoas com deficiência física, tem sido adotado o conceito de TA como ajudas técnicas, utilizado na legislação brasileira, quando trata de garantir: produtos, instrumentos e equipamentos ou tecnologias adaptadas ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal. A informação e o desenvolvimento da linguagem, adotada através da pesquisa, possibilitou significar e ou resinificar os conhecimentos e autoconhecimentos de cada um dos integrantes do grupo. Evidências foram constatadas através da necessidade de transcender o conhecido e adentrar no desconhecido das subjetividades e inrtersubjetividades em favor de expressões que denotaram adaptações em suas TA. Associar essas tecnologias a informação e ao diálogo envolve o direito do cidadão e dever do Estado diante do contexto de desigualdades sociais a que essas parcelas da população estão expostas. Portanto, é imprescindível introduzir dinâmicas que quebrem esse círculo vicioso do desconhecimento da informação como possibilidade de criar mediações sobre o ato de pensar, conhecer e conhecer-se ao trabalhar com pessoas com deficiência e o acesso a TA como direito social e o favorecimento à inclusão social. Resultados no cotidiano: Nos momentos em que foram coletadas as percepções dos usuários participantes do SRFis sobre suas TA, detectou-se que esses dispositivos poderiam passar por adaptações. Essas videncias foram constatadas em função do desenvolvimento da autonomia que possibilitou aos usuários se manifestarem sobre seus confortos e desconfortos na utilização dos dispositivos diante do de ir e vir, utilização de espaços de lazer, cultura e em atividades vinculadas ao mundo do trabalho que potencializam a inclusão social. Cabe evidenciar que a inclusão é decorrente de processos históricos de exclusão social, portanto dois conceitos que diferem e, ao mesmo tempo, se completam. Considera-se que os processos de inclusão social levam em conta, concomitantemente a superação de desigualdades já instituídas e vigilância para que esses não reproduzam outras. Portanto, implica também vigilâncias desses processos nas ações que afirmam a inclusão social de forma a respeitar a diferença. Esses dispositivos fomentam e potencializam a inclusão social nas diferentes dimensões da vida. A TA sinaliza um processo em permanente construção com vistas ao desenvolvimento de habilidades perdidas ou reduzidas a fim de proporcionar a inclusão para além das responsabilidades familiares. Constitui-se de um avanço do acesso a direitos em que, embora ainda com limites, as políticas públicas é que apresentam perspectivas de inclusão. Exemplos variados são identificados no trabalho realizado no SRFis, confirmado por fragmentos de falas de usuários. O fato dos participantes exporem suas percepções, necessidades, dúvidas, avanços, conquistas e dificuldades cotidianas, potencializou os encontros com suas semelhanças e diferenças, fundamentais para o diálogo. Essas se afirmaram, a partir de experiências e vivências individuais, mas sobretudo pela oportunidade de convívio no coletivo onde se estabeleceram os diálogos entre os usuários a partir da pesquisa. Nesse sentido, foi percebido movimentos individuais ao encontro com a alteridade como forma de expressão, de significar e de ressignificar suas vivências acerca de amputações, compreensões e utilização das TAs. Os resultados dessa pesquisa vem empoderando: a) os pesquisadores que conseguem perceber as condições sociais, familiares, interpessoais e pessoais. Isto permite uma aproximação com um trabalho permanente no âmbito da integralidade, princípio perseguido no campo da saúde. Reside num processo que só ocorre mediante aproximações sucessivas e, sobretudo, quando há articulação entre áreas do conhecimento que desejam atrelar intervenção com investigação e vice versa. Criam um espaço de diálogo permanente, mediado por aprendizados coletivo (pesquisadores, estudantes, usuários e familiares e ou cuidadores) essenciais para o processo formativo dos estudantes; b) os usuários por compreenderem e atribuírem significados à situações vivenciadas. Situações que materializam em palavra seus desafios e e suas possibilidades; c) estudantes que exercitam a investigação, planejamento, desenvolvem e executam ações interventivas ampliando seus conhecimentos para além da sala de aula numa articulação ensino, pesquisa e extensão. Considerações finais: A pesquisa realizada se apresentou como uma conjunção que fortalece e evidencia a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão universitária, uma premissa perseguida e possível no âmbito universitário. O diálogo entre essa tríade, possibilita transcender situações de TA já instituídas, trabalhando em situações instituintes que até então encontravam-se veladas e desprovidas da voz dos usuários. Atuar, conhecer e materializar dispositivos de valor de uso para pessoas com deficiência, sem dúvida, reside em gratificação acadêmica o que pode e é desenvolvido pela extensão, ensino e pesquisa universitária. A proposta de trabalhar investigação a partir de atividade de extensão e, na sequência pesquisa através dos procedimentos de GFs, evidenciou a materialidade da articulação destes três pilares do ensino superior. O diálogo estabelecido entre os docentes que atuam na extensão e os responsáveis pela pesquisa residiu no agenciador para que estudantes inseridos na extensão universitária através do SRFis dialogassem com o aprendizado prático que os referencia a partir do ensino de graduação. Observou-se que no âmbito dos direitos sociais, há muitas pessoas que os desconhecem, e outras também se encontram-se desprovidos de autonomia para acessá-los. É imprescindível que as informações sobre os mesmos sejam veiculadas e fortalecidas de modo que os usuários desenvolvam ativos pessoais para avançarem no seu processo de cidadania.

 


Palavras-chave


Tecnologia assistiva, atenção e formação em saúde.