Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Relato de experiência como supervisora do Programa Mais Médicos para o Brasil no município de Maués, interior do Amazonas.
Gabriela Russo Antunes Franco de Sá

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


O Programa Mais Médicos para o Brasil (PMMB), criando em 2013 como ferramenta institucional primordial para tentativa de redução das iniquidades de saúde: mais propriamente dentro da educação médica e na interiorização. Denotando vorazes repercussões da comunidade médica, extremamente elitista e biomédica, trazendo um desvio da comodidade angariada por esta comunidade que, com seus resultados positivos futuros, se viu inclinada a apoiar, mesmo que de uma forma velada.

No município de Maués, interior do Amazonas, com cerca de 61 mil habitantes somente pode ser acessada por via fluvial ou aérea, conta com 6 unidades básicas de modelo ampliado, com pelo menos duas equipes (rural e urbana) de estratégia saúde da família em cada uma delas, todas com médicos cubanos – denominados intercambistas, pois uma das normas de manutenção no programa é a especialização em Saúde da Família, toda feita em plataforma da UNA-SUS e de forma on-line.

Mais recentemente entraram no programa dois médicos brasileiros que terminaram seus estudos médicos em Bolívia e ainda não possuem registro profissional pós-revalida. Isso porque o novo governo presidencial, vem tornando menor a participação dos cubanos e valorando a entrada de brasileiros. O que ainda é reduzido por conta da falta de motivação para interiorização para os médicos brasileiros (mesmo com as bolsas acadêmicas de valor substancial, o que já não ocorre com os médicos cubanos que a recebem de forma parcial).

Em Maués houve, no primeiro ano do programa, uma intensa reação agressiva de alguns médicos que atuavam no nível secundário da atenção, já há muitos anos. Recusando-se a aceitar atestados, laudos ou mesmo encaminhamentos para exames ou internações, com inclusive relatos de médicos em que seus pacientes indicaram seu encaminhamento/receita ter sido(a) rasgado(a) em sua frente, pois “de nada valiam”, criando uma relação conflituosa entre os profissionais daquela cidade – o que não foi apaziguado pela gestão da época.

Esse foi um dos eventos que me levou a intervir, enquanto supervisora acadêmica, junto a secretaria municipal de saúde informando e levando a conhecimento questões própria da “lei do Mais Médicos”, como é conhecida a Lei 12.871 de 2013, além de elucidar as repercussões que originariam atitudes centralizadas em médicos brasileiros da atenção secundária, além de empoderamento dos próprios médicos acerca de seus direitos legais, o que resultou em negociação proativa com ganhos positivos para a população que ganhou em resolutividade.

É importante salientar que a minha intervenção interpretou pequeno papel em relação à negociação realizada pelos próprios médicos – a maioria deles com diversas especializações e alguns inclusive com mestrados. Isso leva a crer a importância que a supervisão tem em interceder junto aos médicos não apenas como se fora algo fiscalizador de cumprimento de cargas horárias e procedimento dentro da ética, como também em questão ao processo de trabalho e direitos enquanto cidadãos (mesmo que temporários) desta nação.

Palavras-chave


supervisão acadêmica; Programa Mais Médicos para o Brasil; Médicos intercambistas