Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE COM COINFECÇÃO HIV/AIDS E TUBERCULOSE
Jean Vitor Silva Ferreira, Jéssica da Silva Pandolfi, Jéssica Fernanda Galdino Oliveira, Aline Maria Pereira Cruz Ramos, Ana Sofia Resque Gonçalves

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: A doença proporcionada pelo vírus da imunodeficiência humana (human immunodeficiency virus - HIV) tem sido pandêmica há mais de 30 anos, não obstante os vírus tenham sido transmitidos por chimpanzés e macacos para o homem há cerca de 100 anos atrás. Uma vasta quantidade de informações sobre sua história, patogênese e patologia clínica foi recolhida, no entanto, novos conhecimentos ainda estão emergindo. Os primeiros casos da Síndrome da imunodeficiência adquirida (acquired immunodeficiency syndrome - AIDS) foram descritos em homossexuais masculinos nos Estados Unidos da América, em meados de 1981. Esses relatos foram seguidos pela descrição da síndrome em indivíduos hemofílicos, hemotransfundidos, usuários de drogas, crianças nascidas de mães infectadas e parceiros sexuais de indivíduos infectados. Torna-se patente a dimensão de infecção no cenário mundial, evidenciando assim um problema de saúde pública. O HIV infecta células que expressam o receptor CD4 e o receptores de quimiocinas CCR5 e CXCR4. Esses são: Células T CD4 +; Monócitos e macrófagos (CD68 +): nos linfonodos, baço, fígado, cérebro, pulmão, medula óssea; Células dendríticas em centros germinativos linfóides e em superfícies linfoepiteliais (por exemplo, vagina, amígdala, reto). Desconectando, assim, a atuação do sistema imunológico do indivíduo, predispondo-o a várias infecções por diversos microrganismos oportunistas, entre elas podemos citar a tuberculose. A elevação das taxas de coinfecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e bacilo da tuberculose (TB) determina desafios que impedem a redução da incidência de ambas as infecções, os quais têm sido bem documentados ao longo dos últimos anos. O aumento da prevalência global do HIV teve sérias implicações para os programas de controle da TB, particularmente em países com alta prevalência dessa doença. O HIV não só tem contribuído para um crescente número de casos de TB como também tem sido um dos principais responsáveis pelo aumento da mortalidade entre os pacientes coinfectados. Portanto, o controle da coinfeccão TB/HIV exige a implantação de um programa que permita reduzir a carga de ambas as doenças e que seja baseado em uma rede de atenção integral, ágil e resolutiva. O Enfermeiro tem importante papel no que diz respeito a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para pacientes em coinfecção HIV/AIDS e Tuberculose. Objetivo: Elaborar uma Sistematização da Assistência de Enfermagem a um usuário portador de coinfecção HIV/AIDS e Tuberculose. Descrição da experiência: Trata-se de um estudo do tipo descritivo, de cunho qualitativo, com um indivíduo com coinfecção HIV/tuberculose. Utilizamos como método o estudo de caso, que nos permite uma melhor compreensão do processo da doença e das relações que o indivíduo constrói com a mesma, como também, acompanhar o curso natural de ambas as moléstias e suas relações de sinergismo na morbimortalidade desses indivíduos, funcionando também como método eficaz no planejamento da abordagem terapêutica para diminuir o curso insatisfatório que a tuberculose pode assumir, se não tratada adequada e precocemente em pacientes com HIV/AIDS. Para a elaboração do caso, utilizamos como instrumentos a anamnese e o exame físico, exames laboratoriais, exames de imagem (radiografia de tórax), informações contidas nos prontuários de internação do paciente no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB). A coleta de dados deu-se na clínica de Pneumologia do HUJBB, em Belém-PA, em novembro de 2017. O estudo apresentar-se-á em duas partes, a primeira parte propõe a exposição momentânea da história clínica do paciente, quando já se sucedeu a coinfecção com a tuberculose, apresentando-se internada, e o curso das doenças; e a segunda parte apresenta a fundamentação teórica do problema proposto com base na Sistematização da Assistência de Enfermagem. No momento, apresentou-se lúcida, contactuante, orientada em tempo e espaço. Apresenta coinfecção HIV/AIDS e Tuberculose. A descoberta da infecção por HIV deu-se posterior ao diagnóstico de TB. Ao Exame Físico: couro cabeludo íntegro, mucosas normocoradas, dentição completa com presença de cáries, tórax plano, Ausculta Cardíaca: Batimentos cardíacos normofonéticos em 2 tempos, ritmo regular, sem sopro. Ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares presentes, diminuídos na base dos pulmões bilateralmente. Abdome semi-globoso, ruídos hidroaéreos presentes, sem dor à palpação. Membros superiores e inferiores sem edemas, perfusão periférica satisfatória. Funções fisiológicas: relata polaciúria, evacuação 2 vezes ao dia, sono e repouso prejudicados. Normotérmica, normoesfigmica, eupnéica, normotensa. Resultados: A paciente obteve os seguintes diagnósticos de Enfermagem: Dentição prejudicada evidenciado por dentes estragados e relacionado a higiene oral ineficaz; Padrão de sono prejudicado evidenciado por mudança no padrão normal de sono e relacionado a interrupções; conforto prejudicado evidenciado por descontentamento com a situação atual relacionado a regime de tratamento; integridade da pele prejudicada evidenciada por alteração na integridade da pele relacionada a imunodeficiência; Risco de infecção relacionado a exposição ambiental aumentada a patógenos, procedimento invasivos e imunossupressão; Ansiedade, evidenciada por angústia, medo e desamparo e relacionada a ameaça à condição atual. Como intervenções deu-se: encorajar o usuário quanto ao autocuidado e prosseguimento com o regime de tratamento visando melhora de sua condição clínica apesar das dificuldades encontradas durante o processo; a examinar constantemente a pele para inspeção de possíveis lesões ou sinais de infecções adjacentes como evidenciada em histórico clínico; motivação para melhora no padrão de higiene corporal e oral promovendo o autocuidado; incentivo da interação com os profissionais de saúde e pessoas que a cercam com intuito de fortalecer relações e maior comunicação evitando riscos de depressão e solidão já que apresentava sozinha no momento; notificar aos profissionais atuantes quanto a diurese frequente e possível risco de infecção urinária observando os aspectos da urina como cor e cheiro. Espera-se: o entendimento e prosseguimento do tratamento superando as dificuldades, melhora no autocuidado, bem como higiene corporal e oral, melhor interação social com os indivíduos do ambiente. Considerações Finais: A adequação que a SAE propicia permite a visão holística do indivíduo e melhor avaliação biopsicossocial. Torna-se patente a importância do acompanhamento do profissional de enfermagem, e conhecimento dos graduandos quanto a paciente coinfectados com HIV/AIDS e Tuberculose visto que manifestações, tratamento e cuidados tem suas particularidades, necessitando melhor adaptação e supervisão do Enfermeiro e o aumento significativo dessa coinfecção. Aos acadêmicos somou-se novas experiências e mudança da visão e aplicabilidade da SAE em Doenças Transmissíveis.

Palavras-chave


HIV; Tuberculose; Enfermagem