Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL E DOS NÍVEIS DE ANSIEDADE E AUTOESTIMA DE GESTANTES SUBMETIDAS À UM PROGRAMA DE EXERCÍCIO FÍSICO
FRANCISCO THALYSON SILVEIRA, RAFAELA GUERREIRO, YAN OLIVEIRA, JARDEL VELOSO, ROSEANNE AUTRAN

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


INTRODUÇÃO: A prevalência de excesso de peso, elevada ansiedade e a baixo autoestima durante o período gestacional podem potencializar riscos à saúde física e psicológica da mãe e do feto. Nesse sentido, estudos tem reforçado que a prática de atividade física (AF) pode atenuar e promover diversos ganhos em saúde durante e pós período gestacional. A inatividade física durante a gravidez tem demonstrado ser fator contribuinte para o excessivo ganho de peso e desenvolvimento de doenças como hipertensão, diabetes gestacional, além de lombalgias e aumento dos níveis de colesterol, gerando riscos à mãe e ao feto. Estudos têm revelado que a prática de exercícios físicos acompanhados por profissionais de educação física e adaptados ao período gestacional têm reduzido as chances para o desenvolvimento das doenças citadas anteriormente e também contribuído para diminuição do trabalho de parto, aumento do bem-estar materno e nascimento de bebês mais saudáveis. Além disso são verificados diversos ganhos psicológicos em grávidas que praticam atividade física no período gestacional, como por exemplo, diminuição da ansiedade, diminuição do estresse e aumento do convívio social. Embora essas evidências tenham crescido nas últimas décadas, ainda são necessárias maiores contribuições para o fortalecimento das mesmas. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo caracterizar os níveis de ansiedade e autoestima de gestantes antes e após a participação em um programa de atividade física.

MÉTODO: Foram avaliadas 20 gestantes, destas, seis desistiram por motivos pessoais e duas tiveram alterações no quadro de saúde e foram suspensas das atividades. Assim a amostra final compreende a 12 gestantes. A fase inicial do estudo consistiu na avaliação física e psicológica das grávidas. As participantes realizaram avaliação física e antropométrica (peso, altura e índice de massa corporal - IMC). A idade gestacional e a escolaridade foram avaliadas através de um questionário auto reportado, o IMC foi calculado através da realação peso/altura e classificado de acordo com as recomendações da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO. Foram incluídas gestantes com idade gestacional igual ou superior a 12 semanas e excluídas as que apresentaram restrição médica ao exercício físico e que não apresentaram liberação médica. Para avaliar os níveis de ansiedade e autoestima foram utilizadas as escalas de auto avaliação da ansiedade de Zung e de autoestima global de Rosenberg, respectivamente. Durante o período de três meses as gestantes participaram de diferentes atividades. Os exercícios físicos foram realizados três vezes por semana na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia – FEFF/UFAM. As atividades desenvolvidas foram hidroginásticas, pilates e caminhada orientada, sendo estas modalidades adaptadas ao grupo, além de exercícios de respiração, relaxamento e trabalhos com ênfase na região pélvica. Foram ministradas palestras educativas que ressaltaram a importância de hábitos saudáveis no período gestacional. Antes e após as atividades foi realizada a aferição da pressão arterial. Para a realização das análises estatísticas descritivas foi utilizado o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 24.0, para verificar as associações entre atividade física e variáveis psicológicas foi realizado teste não paramétrico de Wilcoxon e considerando p < 0,05.

RESULTADOS: A análise dos dados, altura (mediana = 1,62 e dp = ±0,043), idade gestacional (mediana = 18 semanas e dp = ±4,72 semanas), a faixa etária foi compreendida entre os 29 e os 39 anos (mediana = 34 anos e dp = ±2,92), quanto ao nível de escolaridade, verifica-se que 91,7% das mulheres que compõe este grupo apresenta nível superior. No que diz respeito ao estado civil, 16,7% é solteira e 83,3 é casada ou vive em união estável, 50% rendimento mensal de 4 a 5 salários mínimos, 25% realizavam pré-natal na rede pública e 75% na rede privada, o tipo de gestação das participantes foi classificado como gravidez simples. No que concerne a história obstétrica, 58,3% das gestantes são primigestas, enquanto 66,7 são multíparas. Das 12 que compõem a amostra quatro mencionaram histórico de aborto espontâneo. Quanto ao uso de medicamentos, 91,7% tomavam medicação, sendo que 58,2% consumiam complexos vitamínicos, 25% não foram aconselhadas por um profissional de saúde a praticar atividade física e 83,3% praticavam exercício físico antes da gravidez. Em relação ao IMC no início do programa, evidenciou que 58,3% da amostra apresentaram sobrepeso, 33,3% obesidade e apenas 8,3% apresentaram peso adequado. Dentre os resultados foram verificados que 5,6% apresentaram ansiedade leve e 52,6% das gestantes apresentaram baixa autoestima na primeira avaliação e 83,3% relataram preocupação em relação ao aumento de peso durante a gravidez, 27,3% demonstrou preocupação por causa da imagem corporal, 54,5 pela saúde e 16,7% por outros motivos. Não foram encontrados resultados estatisticamente significativos em relação ao nível de ansiedade e autoestima das gestantes na avaliação final (p = 0,937) e em relação ao IMC final, 50% da amostra apresentou peso adequado, 30% sobrepeso e 20% obesidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados deste estudo sugerem a participação das grávidas em programas de atividade física como medida preventiva objetivando o controle do peso, já que a probabilidade de trabalho de parto prolongado é maior em gestantes obesas provavelmente devido a um menor tônus miometrial, e existe uma associação direta entre IMC e o risco de macrossomia, fatores psicológicos potencializados e associação do exercício físico com diminuição da ansiedade, contudo poucos estudos avaliam este efeito na gravidez. O peso materno é um fator de risco independente para pré-eclâmpsia, assim evidências comprovam que o risco de pré-eclâmpsia dobra a cada aumento de 5 a 7 kg/m2 no IMC pré-gestacional.  Gestantes obesas também estão expostas a maior risco de parto pós-termo e infecções do trato urinário durante e gestação. Por outro lado, as obesas têm menor risco de parto pré-termo e anemia. De acordo com a situação nutricional inicial da gestante (baixo peso, peso adequado, sobrepeso ou obesidade) há uma faixa de ganho de peso recomendada por trimestre e é importante que na primeira consulta a gestante seja informada sobre o peso que deve ganhar. Para além disso estudos adicionais devem ser conduzidos, comparando as respostas hemodinâmicas (pressão arterial e frequência cardíaca) associadas a diferentes estratégias para a relação entre o esforço e a recuperação da gestante durante o exercício físico para verificar possíveis efeitos no crescimento e batimento cardíaco fetal e também o estudo reforça a importância da existência de suporte social para a presença de menor sintomatologia de ansiedade, depressão e stress, quer para uma maior vinculação materna.


Palavras-chave


composição corporal; gestantes; ansiedade; autoestima; atividade física