Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A Prática Integrativa Complementar Shantala em uma Unidade Municipal de Saúde Amazônica: Relato de Experiência
TAÍS DOS PASSOS SAGICA, JEAN VITOR SILVA FERREIRA, JOÃO ENIVALDO SOARES DE MELO JÚNIOR

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) constituem-se em atividades que buscam desenvolver o indivíduo de maneira integral, visando principalmente a prevenção de agravos e a promoção da saúde, estas são inseridas em uma Política Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, sua implementação na Rede Básica de Saúde é um desafio, pois o modelo biomédico e assistencialista ainda prevalece. Uma das PICs reconhecidas é a Shantala, que trata-se de uma técnica de massagem tradicional desenvolvida na Índia, direcionada aos bebês, sendo composta por uma sequência de manobras de deslizamento superficial e torceduras, em várias áreas do corpo. Diversos estudos na área das Ciências da Saúde comprovam a eficácia desta terapia que no infante, auxilia na diminuição da irritabilidade e distúrbios como refluxo gástrico e cólicas abdominais, promovendo o relaxamento e melhora no sono. Logo, é perceptível a influência dessa massagem para a melhor qualidade de vida da criança e de sua genitora, visto que, corrobora no fortalecimento do vínculo mãe-bebê. A prática da Educação em Saúde é uma importante função, muitas vezes ignorada pelos profissionais de saúde. Neste interim, os mesmos precisam evidenciar a importância da Shantala e ter conhecimento dos benefícios gerados com sua prática. Desse modo, este estudo objetiva relatar a experiência de acadêmicos de Enfermagem da Universidade Federal do Pará no desenvolvimento de ações educativas voltadas a Prática Integrativa e Complementar Shantala. Descrição da experiência: A experiência foi vivenciada por discentes do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA) durante atividades práticas da disciplina “Estágio Vivencial de Enfermagem”, na Unidade Municipal de Saúde do Guamá, localizada em Belém-Pará, nesta observou-se a necessidade da implementação das  PICs, visto que, a assistência as puérperas voltava-se prioritariamente as Consultas de Enfermagem; e tendo  proposta da realização de uma ação educativa ao final da disciplina, optou-se pela Shantala, sendo construído um plano educativo, afim de traçar as metodologias e ferramentas que seriam utilizadas. Foram realizadas duas ações de educação em saúde, nos meses de julho e agosto de 2017. O único critério de seleção foi a idade das crianças, que deveriam ter no mínino 30 dias de vida. O local destinado a prática foi uma sala de treinamento do Laboratório de Habilidades Humanas da UFPA, em um prédio anexo da Unidade de Saúde. Foram utilizadas na primeira ação, esteiras de palha e na subsequente TNT e tapetes coloridos, possibilitando assim que as mães sentassem em superfície plana, e que posicionassem seus bebês deitados em suas pernas para o melhor desenvolvimento da massagem e o aumento do contato, optou-se por uma iluminação reduzida e temperatura ambiente, devido a necessidade de deixar as crianças apenas com fraldas descartáveis. Além disso, a prática foi associada a musicoterapia, durante a massagem o fundo sonoro apresentava músicas calmas, com a finalidade de facilitar o relaxamento. Como recurso visual foi utilizada a tecnologia do Flip Chart que apresentava os tópicos principais a serem abordados, tais como: conceito da Shantala, breve histórico, seus benefícios e o passo-a-passo dessa prática, com a presença de ilustrações de cada etapa. Os primeiros tópicos foram explanados apenas por um discente palestrante. Já a explicação das etapas ocorreu de maneira diferenciada, visto que as mães com auxílio dos outros integrantes do grupo, realizavam as manobras da massagem a partir dos comandos do palestrante. O único material necessário para tal prática é o óleo de origem vegetal, sendo este disponibilizado pelos discentes. Durante a ação educativa os participantes foram fotografados, vale ressaltar que os responsáveis assinaram um Termo de Autorização para Utilização de Imagem. As mães foram orientadas a realizar os passos adequadamente e instigadas a continuar massagem da Shantala em seus domicílios e observar as modificações e a presença dos benefícios citados na palestra. Para incentivar tal prática foi disponibilizado como brinde um recipiente de plástico com o óleo vegetal e um folder educativo com os pontos relevantes sobre a prática e ilustrações referentes as manobras da massagem. Resultados e/ou impactos: A ações tiveram duração de uma hora, contando com a participação de 3 mães em cada sessão, as crianças tinham entre 1 mês e 1 ano e 4 meses de idade, sendo estas massageadas por suas próprias genitoras. Evidenciou-se o desconhecimento acerca da Shantala, todavia as mães não tiveram dificuldades para realizar as manobras solicitadas. Durante as ações observou-se que as crianças apresentavam uma agitação natural, porém no decorrer desta, com auxílio da massagem, da música e do ambiente, as mesmas foram gradativamente ficando mais calmas, ao ponto de dormirem durante o processo. O que confirma um dos benefícios da Shantala referente ao relaxamento e bem-estar. Desse modo, infere-se que a metodologia utilizada e o auxílio dos acadêmicos sobre como posicionar e quais movimentos se deveria realizar nos bebês foi satisfatória, visto que, as mães obtiveram êxito na aceitação da massagem pelos bebês, ao longo das sessões. Foi notável o empenho de todas as genitoras, além do estreitamento da relação destas com seus filhos através do toque, demonstrando assim a importância desta para a saúde de ambos, principalmente no que tange a saúde mental das genitoras. Vale ressaltar que estes e outros benefícios só são alcançados de forma mais consistente a partir da continuidade da aplicação da técnica. Considerações finais: Diante do objetivo proposto e resultados obtidos, associados ao compromisso assumido pelas mães dos bebês em relação as ações, tornou-se patente, o vínculo estabelecido entre a mãe-filho depois de repassar a técnica de massagem Shantala, além de maior dedicação das mães para com suas crianças. Por intermédio dos relatos das participantes validou-se o cuidado despertado após o aprendizado e aplicação do método, a exemplo da percepção das mães quanto aos sentimentos das crianças, com relação a agitação destas ou quando alguns movimentos não as agradavam. A partir das ações realizadas, sugere-se que a aplicação da Shantala, pode trazer inúmeros benefícios para o binômio mãe e bebê. Porém, faz-se necessário o incentivo e interesse dos profissionais da saúde em popularizar a técnica e realizar estudos dentro de critérios científicos para a sua validação. Ressaltamos que é desta forma que a Enfermagem pode estar utilizando artifícios de terapias alternativas, promovendo saúde às populações. Sendo a Shantala uma opção terapêutica de baixo custo, não dependente de aparatos tecnológicos, que pode ser utilizada em serviços de assistência básica, sem aumentar seus custos.


Palavras-chave


Shantala; Massagem; Enfermagem