Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-25
Resumo
INTRODUÇÃO: As ações de educação em saúde permitem ao estudante de graduação um contato mais próximo com a comunidade, ampliando sua concepção diante da realidade do público – alvo. O uso e dependência de substâncias psicoativas constituem um grave problema de saúde pública e os malefícios causados são diversos, como no comprometimento dos relacionamentos afetivos e sociais, tornando-os frágeis e rompendo os vínculos coletivos. Por conseguinte, os usuários acabam marginalizados, apresentando alto risco de morbidade e mortalidade. A dependência química é uma problemática multifatorial e deve ser entendida como uma doença biopsicossocial e questão de saúde pública, pois, envolve não só o dependente, mas a sociedade e, especialmente, seu grupo familiar, acarretando efeitos negativos nessas estruturas. O tema foi escolhido em conjunto com a direção da escola devido ser uma problemática recorrente nas turmas de primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio na instituição. Dessa forma, é de fundamental importância que os estudantes sejam instigados a refletirem sobre as consequências que o uso de álcool e drogas traz para a vida de cada um e como essa atitude pode afetar a sociedade como um todo. A educação é uma ferramenta com potencialidade para transformar os problemas ocasionados pelo uso das drogas, a partir da sua prática no meio dos adolescentes; quando tem o propósito de formar seres autônomos e pensadores sobre a realidade. OBJETIVOS: Relatar experiência de discentes de enfermagem durante ação educativa em saúde para alunos de ensino médio de uma escola pública estadual no município de Manaus. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência sobre a percepção do discente na execução de ações educativas durante a disciplina de Educação em Saúde, na graduação do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas. A base metodológica utilizada na atividade educativa foi o Arco de Maguerez, o qual pressupõe a observação da realidade e seus problemas latentes, o levantamento dos pontos chaves geradoras do problema, a busca na literatura por evidências científicas, a construção de possíveis soluções e a sua aplicação a fim de transformar a realidade local. A metodologia escolhida foi um varal educativo onde cada coluna retratava os danos fisiológicos, psicológicos e sociais relacionado ao uso de álcool e drogas e os órgãos de apoio gratuitos ao usuário e a família na cidade de Manaus. Os discentes de enfermagem foram divididos em três trios e cada um levou um varal educativo para a sala de aula. No final, a turma foi dividida em equipes para ser aplicado um estudo de caso, com o objetivo de trazer um pouco da realidade do assunto abordado anteriormente para discussão em grupo. O turno vespertino possui cerca de 560 alunos divididos em 14 turmas, 6 do 1º ano, 4 do 2º ano e 4 do 3º ano, em uma média de 40 alunos por turma. A faixa etária são adolescentes de 15 a 17 anos, embora existam algumas exceções de alunos com 14 e 18 anos. RESULTADOS: A discussão sobre o uso de álcool e drogas propiciou aos estudantes uma maneira diferente de falar sobre o assunto, através de uma metodologia que despertou curiosidade e que houve participação dos alunos. Observamos um grande interesse em todas as turmas, acreditamos que por se tratar de “iguais”, jovens falando para jovens e de universitários para estudantes do ensino médio houve uma atenção diferenciada. Além disso, procurou – se esclarecer dúvidas e ouvir relatos, saindo do modelo de educação tradicional. Através dos estudos de caso, os estudantes tiveram uma simulação realística onde cada grupo recebia uma história diferente, nelas era colocada sinais e sintomas relacionados ao uso de drogas e álcool onde deveriam descobrir de qual substância se tratava e qual conduta deveria ser tomada diante da situação. Neste momento, observamos uma excelente interação entre os estudantes que se sentiram instigados a desvendar o estudo de caso. Acreditamos que essa metodologia foi fundamental para inseri-los na realidade, devido a história do estudo de caso ser comum no cotidiano desses alunos. Por parte dos acadêmicos essa experiência nos trouxe um olhar reflexivo e pensamento crítico a respeito de como iremos enfrentar os problemas da sociedade daqui para frente. Adquirimos habilidade tanto em grupo como individuais como: pensamento crítico e reflexivo; autonomia; liderança e respeito que serão primordiais para o desenvolvimento das atividades como enfermeiros. A iniciação nas práticas de educação em saúde foi extremamente relevante, pois, qualquer que seja o local de atuação do enfermeiro, hospital ou atenção básica, individual ou coletivamente, a ações educativas são fundamentais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A educação em saúde com ênfase nos efeitos das drogas no organismo e na vida social, junto aos adolescentes foi efetiva na discussão com os estudantes do ensino médio, porém sua efetividade só ocorreu devido a escolha de uma metodologia mais participativa, que permitiu a reflexão, o pensamento crítico e oportunizou trocas de ideias, conhecimentos, experiências e a expressão de sentimentos e inquietações. Ao mesmo tempo, fortaleceu o elo entre os adolescentes e os acadêmicos de enfermagem. Acreditamos que uma prática isolada sobre o tema abordado não será capaz de mudar a realidade desses alunos, é necessária a elaboração de outras metodologias participativas para serem realizadas durante o período letivo. Sendo assim, seria aconselhável a atuação de profissionais da escola em questão ou de um grupo específico, que trate sobre o tema, de forma que atenda a demanda a médio e longo prazo. Por fim, essa experiência nos trouxe contribuições tanto acadêmicas quanto pessoais, mostrou outras possibilidades que desconhecíamos na área de atuação em enfermagem, o de ser educador, pois, todo enfermeiro deve se sentir comprometido em praticar educação em saúde. Posto que a educação é uma ferramenta imprescindível para a alteração de problemas latentes na sociedade, sendo o arco de Maguerez uma ferramenta útil e eficaz para auxiliar essa prática.
Carlos Rafael Lopes de Azevedo¹
Danielle Moraes Crispim¹
Felipe Alves de Almeida¹
Karoline Costa de Souza¹
Marcela dos Santos Hipy¹
Rayssa Thais Santana de Sousa¹
Natália Rayanne Souza Castro1,
Camila Carlos Bezerra².
¹: Discentes do curso de graduação em enfermagem pela Universidade Federal do Amazonas;
²: Professora efetiva da Escola de Enfermagem de Manaus (EEM/UFA