Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Neurolúdica: proposta vivencial para ações preventivas sobre álcool e drogas
Elvira Eliza França, Lênia Elane Cintra Lemos

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO: As ações preventivas sobre álcool e drogas geralmente adotam a abordagem comportamental dos usuários e dependentes na relação consigo (ansiedade, inquietude, impulsividade, negligência com a aparência) e com os outros (descontrole ou inibição no uso da linguagem, agressividade e danos físicos e materiais, tendência a atos ilícitos, dificuldade de controle da vontade etc.). Contudo, nem sempre considera os efeitos das substâncias tóxicas e os danos estruturais e químicos que ocorrem no cérebro e no sistema nervoso. Por isso, a mudança de comportamento parece ser um processo fácil, que requer boa vontade e determinação do usuário/dependente.

O objetivo desse trabalho é repassar informações básicas sobre neurociências com a metodologia Neurolúdicaâ, nas ações preventivas sobre álcool e drogas com populações com baixa escolaridade. A metodologia foi criada para compensar a carência de recursos materiais e tecnológicos de ambientes pobres em que mães levavam crianças que corriam e brincavam durante as palestras. A inserção das crianças nas demonstrações lúdicas ajudou as mulheres a compreender os danos ao cérebro dos filhos e companheiros em decorrência do estresse, uso de álcool e drogas. Essa metodologia foi ampliada para o trabalho com outros profissionais, na compreensão da importância da história de vida, desde a fase intrauterina, infância e adolescência, até a situação atual da dependência química.

DESENVOLVIMENTO: Durante a atividade são utilizados materiais simples: pedaço de papel e emborrachado, pinceis, faixas para curativos e, principalmente, o corpo em movimento. Alguns participantes fazem o papel de células para simular a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, a migração celular, a desorganização dos neurônios, e a possibilidade da ocorrência de transtornos neurológicos e psiquiátricos (epilepsia, déficit de atenção e hiperatividade, esquizofrenia, depressão etc). Também simulam a poda neuronal na puberdade e adolescência para intuir as possíveis alterações causadas pelo estresse, álcool e outras drogas na química cerebral, e riscos de desenvolvimento de transtornos mentais. Ainda simulam como as drogas entram na corrente sanguínea e os vários riscos das quedas, ferimentos, traumas, acidente vascular etc.

RESULTADOS: Com base nos relatos dos participantes, desde o ano de 2000, a Neurolúdicaâ ajuda a manter os participantes atentos e despertos durante a aprendizagem, passando a compreender melhor as consequências danosas do estresse, álcool e outras drogas nas funções nervosas. O processo favorece o entendimento dos porquês dos comportamentos desatentos, agitados, agressivos das crianças/adolescentes em casa e na escola e dos adultos na vida social. Há maior compreensão sobre os motivos das alterações comportamentais de usuários/dependentes e o porquê de não conseguirem controlar o uso das substâncias tóxicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: O entendimento sobre os mecanismos complexos da dependência química com a Neurolúdicaâ ajuda a aumentar o sentimento de respeito, a solidariedade e a disponibilidade de apoio entre os familiares e pessoas da comunidade no trato dos que sofrem da dependência química e precisam se tratar. Com isso, aumenta-se a rede social de apoio.


Palavras-chave


Metodologia lúdica; neurociência básica; prevenção álcool/drogas