Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Clube do Jardim - Comunidade de Práticas Agroecológicas e Sustentáveis
Tatiana Novais, Bruna Pedroso Thomaz de Oliveira, Francisca Rosa da Silva, Simone Armond Serrão

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


O objetivo deste trabalho é descrever a experiência do Clube do Jardim - Comunidade de Práticas Agroecológicas e Sustentáveis da Fiocruz Brasília. É uma comunidade de práticas, com troca de experiências e aprendizagem acerca de uma vida mais saudável e possibilita o fortalecimento das pautas de: Sustentabilidade, Saúde do trabalhador(a), Práticas integrativas, Promoção da saúde e se constitui como espaço de integração institucional. Esta experiência vem produzindo algumas mudanças institucionais, como transição agroecológica do manejo do jardim, possibilidade de ferramenta pedagógica, espaço de construção de vínculos, alfabetização ecológica e conexão com outras experiências do Distrito Federal, que possui várias hortas urbanas e Comunidade que Sustentam Agricultura. Mudando a concepção de um jardim não apenas estético, para uma concepção colaborativa, funcional, agroecológico, sustentável, que valoriza a diversidade, os conhecimentos populares e tradicionais.

Em Brasília, a Agricultura Urbana (AU), com princípios agroecológicos, vem crescendo e criando força, com várias experiências de hortas urbanas em praças, entre as quadras, hortas institucionais, entre outras. Assim, estas experiências de hortas urbanas vêm fortalecendo os vínculos comunitários, mudando a relação das pessoas com a terra, alimento e com a cidade, e resgatando os conhecimentos populares com o uso de plantas medicinais e alimentícias não convencionais.

Como na agroecologia se considera os saberes populares e tradicionais, as práticas agroecológicas permitem a troca de saberes e acessar a conhecimentos tácitos e ancestrais, dos avós, bisavós, que tinham mais contato com a terra. E com a urbanização, o ser humano se distanciou da terra e dos meios de produção de alimentos, assim as práticas de AU e agroecologia permite a troca de aprendizagens e experiências, se tornando uma comunidade de práticas, aliada com o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).

METODOLOGIA

Este é um trabalho descritivo da experiência em construção do Clube do Jardim - Comunidade de Práticas Agroecológicas e Sustentáveis. Para a realização dos objetivos propostos foi feita uma análise dos e-mails trocados entre as integrantes do Clube do Jardim entre si e com a Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, fotografias tiradas pelo coletivo e co-escrita deste trabalho pelas integrantes do coletivo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Seu nome inicialmente foi pensado como Clube do (nosso) Jardim – para que as pessoas se sintam co-criadoras, colaboradoras e ocupantes deste território. Apesar do espaço estar caracterizado com um primeiro núcleo de ocupação, que fica no lado esquerdo da entrada da Escola Fiocruz de Governo, a ideia é que o território de atuação se constitua em todo a extensão do jardim da Fiocruz Brasília, e não apenas ao primeiro canteiro, podendo se constituir em um jardim não apenas estético, mas colaborativo, funcional, agroecológico, sustentável, que valoriza a diversidade, os conhecimentos populares e tradicionais.

O primeiro canteiro foi batizado de Jardim comestível, no lugar de horta, como estratégia para não romper o contrato de jardinagem, e se constituir em uma atividade a mais para a empresa terceirizada.

A Fiocruz Brasília está caminhando para uma Transição Agroecológica - O manejo do jardim da Fiocruz Brasília é tradicional com uso de agrotóxicos organofosforados, que ficam no solo por 20 anos, e com uso de herbicidas e fungicidas com aplicação a cada seis meses. Após esta detecção, contraditória dentro do contexto institucional, foi suspenso o uso de agrotóxicos, visto que os jardineiros tinham livre acesso ao uso, e está sendo reavaliado o Termo de Referência de manejo do jardim, com uso de adubo 100% orgânico e sem o uso de agrotóxicos.

CONCLUSÕES

O Clube do Jardim vem contando com estratégias de enraizamento e disseminação da ideia com o fortalecimento das parcerias internas, com aumento da cooperação entre as áreas, e com parceiros externos à Fiocruz, como a CSA Brasília, FS-UnB, CET, CDS, GT de AU, entre outros. Apesar de ser uma experiência recente, alguns frutos já estão sendo colhidos, como começo de um processo de transição agroecológica e conexão com outras experiências do território. E várias possibilidades de frutos, como possibilidades de pesquisa e construção de conhecimento acerca do tema. Assim, o Clube do Jardim, além de ser uma comunidade de práticas, se consolida como um laboratório vivo, pleno de possibilidades, diversidade e educação popular. Esta Comunidade de Práticas aparece como oportunidade de promover uma outra forma de governança, visto que para ter acesso ao território é, também, ter acesso ao poder, promovendo, ainda, uma nova possibilidade de Ecologia dos Saberes, no sentido do diálogo de saberes distintos encarnados em distintas práticas sociais, com diálogo entre o conhecimento científico,  com outros conhecimentos que estão presentes nas práticas sociais, construindo uma nova relação entre conhecimento científico, popular, artístico e dos cidadãos (SOUSA SANTOS, 2009).

SOUSA SANTOS, Boaventura de. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Epistemologias do Sul, p. 23, 2009.


Palavras-chave


Transição Agroecológica; Agricultura Urbana; Comunidade de Práticas.