Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ERA UMA VEZ... A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO AMBIENTE HOSPITALAR
Andrea Paradelo Ribeiro, Thais Nayara Soares Pereira, Taciane dos Santos Valério, Ana Carla Ferreira Picalho, Josué Souza Gleriano, Lucieli Dias Pedrechi Chaves, Rallini Diani da Silva Rodrigues, Jhenifer Pinheiro Teixeira

Última alteração: 2018-02-19

Resumo


A literatura infantil com enfoque nos princípios da humanização hospitalar objetiva oferecer melhorias no período de internação das crianças hospitalizadas ao contribuir para a qualidade de vida dos pacientes internados podendo ter um maior significado do que no ambiente escolar, tendo em vista que ameniza o sofrimento causado pela hospitalização. O ato de contar histórias nesse ambiente é possível explicar atitudes e posicionamentos importantes para o desenvolvimento da criança. A ação de contação de histórias é um importante ponto para aproximação da equipe de profissionais à criança durante a assistência e o profissional que realiza a contação torna-se um amigo com o qual a criança possa contar. Esse relato de experiência objetiva apresentar a ações desenvolvidas no projeto de extensão Contando histórias no hospital: do lúdico ao espaço real. Criado no ano 2014 o projeto é fruto de uma parceria realizada entre o Escritório de Qualidade para Organizações de Saúde da Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus Tangará da Serra e o Hospital Municipal Arlete Daisy Cichetti de Brito do município de Tangará da Serra – MT, e objetiva levar ao ambiente hospitalar momentos de alegria e descontração, através de um ato de cidadania, cultura, educação e saúde aos pacientes, embasado nas inovações feitas no cenário de novas práticas em ambientes hospitalares principalmente quando se pensa no cuidado à criança hospitalizada, sob a perspectiva da atenção integral, que não se pode ficar limitada às intervenções medicamentosas ou às técnicas de reabilitação. O projeto integra, na equipe atual, um bolsista remunerado por fomento da FAPEMAT e nove acadêmicos voluntários além de possuir apoio de músicos da sociedade externa que colaboram em dias de festividade. A extensão acontece na pediatria de um hospital, porém alguns momentos ela estende-se os outros setores. Para a prática de contação de história os contadores passaram por treinamentos em oficinas de comunicação verbal e não verbal, dramatização e literatura. O projeto acontece de segunda a sábado e pauta-se no planejamento do local, posição, apresentação e motivação sendo que todos os dias dois integrantes vão ao hospital. O ato de contação requer um preparo da imagem visual diferenciada para cada história, percebemos que conforme a vestimenta dos contadores a entonações de voz, instrumentos musicais ou objetos que compõe a história as crianças e seus responsáveis interagem e participam. Notou-se que a vestimenta e a comunicação têm influenciado na atenção não só dos pacientes, mas também dos acompanhantes e funcionários do hospital. A história é contada tanto na forma de apresentação dramatizada quanto na beira do leito, a escolha da forma é direcionada pelo número de internações. Na perspectiva de que a leitura e o contato com o lúdico propõem espaços que fazem das histórias parte da vida do ser humano desde o processo de infância e perpassa durante o processo de ciclo do crescimento, onde homens e mulheres começaram a se comunicar e interagir, além de acreditar que uma história bem contada deixa marcas profundas em quem a ouve, mudando seu estado de espírito. A indissociabilidade com o calendário de datas comemorativas criou um ambiente de integração com os projetos de extensão Ambiência na Saúde e o Brincando no Hospital no intuito de resgatar o ambiente externo da sociedade ao do hospital. Como produto já foi contada mais de mil histórias que alcançou cerca de cinco mil usuários entre as crianças e seus responsáveis, no período de 2014 a 2017. O projeto estendeu sua experiência para uma organização privada que assumiu a característica de voluntariado da sociedade, sendo monitorada a ação por um bolsista do projeto. Além da atuação no ambiente hospitalar o projeto recebeu três convites no período de 2016 e 2017 para participar de eventos externos na sociedade. Desenvolvido na reflexão para a formação técnica e cidadã do acadêmico de enfermagem, no ano de 2016, o projeto integrou acadêmicos do curso de letras que têm colaborado na produção e difusão de novos conhecimentos e metodologias, de modo que a participação configurou um aprofundamento do que é a universidade e de como ela contribui para o serviço. No caso dos acadêmicos de enfermagem privilegia-se a entrada de voluntários dos primeiros semestres, justificativa de se inserirem em atividades acadêmicas e aproximarem dos campos práticos que usarão no decorrer do curso, além da sensibilização do cuidar que tem provocado através da natureza extensionista um ambiente de integração e aprofundamento de referenciais despontando a função também do ensino autodirigido e de desenvolvimento de novas habilidades a partir das suas descobertas de potenciais. Essas ações foram percebidas nas atividades do projeto e na participação de acadêmicos nos eventos científicos e na confecção de seus trabalhos e relatórios. Percebe-se que a integração com as experiências exitosas de outras instituições que abordam a mesma temática motivou os acadêmicos a desenvolveram diferentes métodos de trabalho no intuito de transformar a contação sempre em um novo ato de surpreender e aprimorar o trabalho. Tem sido realizado anualmente no carnaval, dia das crianças e natal um ambiente de festividade. Especialmente no dia da criança o ambiente da pediatria transforma-se em um parque temático com atrações, cinemas e brincadeiras e no natal realiza-se em todos os setores a cantata de natal, com vozes dos acadêmicos e da sociedade acompanhada por músicos e seus instrumentos.  Em relação ao impacto na formação do acadêmico as atividades de extensão têm constituído aportes para a formação, sensibilização e reflexão das práticas. A vivência e a participação cotidiana no projeto a partir da pertinência da proposta facilitou a flexibilização e a integralização curricular do acadêmico sem o prejudicar nas ações de ensino e otimizou a possibilidade para a atribuição de créditos acadêmicos, sob orientação docente. Em relação à avaliação de sua inserção, os feedbacks e reuniões possibilitam aos acadêmicos experiências de como conduzir atividades e superação das dificuldades encontradas em algum dos momentos da ação, além de troca de experiência das estratégias usadas na contação. Dessa forma as atividades que os acadêmicos se inseriram proporcionaram enriquecimento da experiência discente em termos teóricos e metodológicos. Têm evidenciado possibilidades de desenvolver novas competências para o cuidado em saúde, capazes de re-significar a prática futura do acadêmico de enfermagem, aliando competência técnicocientífica e humana com vistas à humanização de um processo de cuidar que contemple o usuário e o trabalhador de saúde em uma integração de reflexão.

Palavras-chave


Interação; ensino; serviço de saúde.