Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERCEPÇÃO DE GESTORES DE SAÚDE NA TROCA DE MÉDICOS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS
Andrea Paradelo Ribeiro, Thais Nayara Soares Pereira, Taciane dos Santos Valério, Josué Souza Gleriano, Ana Carla Ferreira Picalho, Alexandre Pereira de Andrade, Amélia Cohn, Lucieli Dias Pedrechi Chaves

Última alteração: 2018-02-19

Resumo


O governo federal, instituído pela Medida Provisória n.621, de 08 de julho de 2013, implantou o Programa Mais Médicos (PMM) com o objetivo de fortalecer a atenção primária e reduzir o déficit de médicos em diversas áreas a partir da chamada de médicos para atuar em regiões mais necessitadas. O contrato com o médico é realizado por um período de três anos, podendo ser renovado uma vez, por igual período. As vagas do PMM podem ser preenchidas tanto por médicos formados em universidades brasileiras ou com diploma revalidado no país, quanto médicos formados em instituições de Educação Superior estrangeira. É importante destacar que ocorre uma sequência de prioridades em relação à seleção dos médicos. O presente trabalho tem por objetivo identificar, na perspectiva de gestores de atenção à saúde, as dificuldades na fixação de médicos do PMM. Realizou-se estudo de caráter qualitativo em um município no estado de Mato Grosso, referência na alocação de médicos do PMM e crescimento de 68% da cobertura de atenção primária por essa alocação. Foram realizadas cinco entrevistas semiestruturadas com gestores envolvidos diretamente na coordenação das ações de atenção básica, como: coordenador da atenção básica, secretário de saúde e assessores. A escolha foi por conveniência. Adotou-se a técnica de análise de conteúdo, resultando nas categorias: I) A fixação dos médicos do PMM e II) As dificuldades na percepção dos gestores na troca de médicos. Na primeira categoria explora-se a historicidade da adesão do município, no ano de 2013. Identifica-se que o município antes da adesão ao PMM possuía apenas 4 médicos, a recepção de médicos do PMM ocorreu no primeiro semestre de 2014. No primeiro ano totalizou 21 médicos sendo 18 de origem cubana. No ano de 2017 foram trocados 5 médicos, todos cubanos, em solicitação de cumprimento de missão e realocado 2 médicos que deixaram suas atividades durante a missão. Destaca-se que a expansão da atenção primária foi por conta da adesão do município ao PMM que também contribuiu no investimento em infraestrutura e equipamentos nas Unidades de Saúde. As principais dificuldades na troca dos médicos, resultado exposto na segunda categoria, aponta para a formação sobre o sistema de saúde brasileiro, já que os novos médicos não passaram por capacitação como os da primeira missão. Dificuldade de compreensão e reconhecimento, de profissionais e gestores, do trabalho desenvolvido por eles na atenção básica. Falhas na atenção relacionadas à prescrição de medicamentos e dificuldades na compressão dos protocolos de solicitação de exames e especialidades. Percebe-se que os gestores reconhecerem a importância do PMM para aumentar a assistência e qualidade da atenção à saúde no município, e que há intenção de renovação da adesão ao PMM, porém sinalizaram que a perda de recursos financeiros ocasionados pelas equipes compostas por médicos do PMM, torna-se uma variável de discussão com o poder público municipal. A troca fragiliza o vínculo e o trabalho em equipe, ainda um gargalo na construção da saúde da família no Brasil.

Palavras-chave


Atenção Primária à Saúde; Saúde da Família; Recursos Humanos.