Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O HOMEM E A SONDA VESICAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM AMBULATÓRIO DE UROLOGIA DO SUS
GUALTER FERREIRA DE ANDRADE JÚNIOR, FRANCISCO MARCOS DA SILVA BARROSO, ROGER ARTHUR DA CUNHA ALVES, ALANA FERREIRA DE ANDRADE

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO: Infelizmente, muitos homens acabam negligenciando a própria saúde. Os vários casos de problemas prostáticos são os principais exemplos dessa despreocupação. No geral, o paciente só procura atendimento médico após manifestar sintomas urinários e, em meio às complicações, a mais temida é a necessidade de usar sonda vesical de demora. O ambulatório de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), em Manaus-AM, atende diariamente vários pacientes portadores de sonda vesical. Assim, trabalhar por um ano no serviço vem sendo uma experiência muito engrandecedora, pois percebemos que esse dispositivo interfere bastante tanto na saúde mental como na qualidade de vida em geral dos homens. O objetivo, então, é compartilhar a experiência de atender homens que apresentam autoestima baixa provocada pelo uso de sonda vesical de demora devido problemas do trato urinário. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência sobre a vivência no ambulatório de Urologia do HUGV. Os atendimentos são realizados quatro vezes por semana numa média de 30 pacientes por dia. Muitos desses casos são em urologia geral, porém cerca de 60% dos pacientes apresentam alterações prostáticas e, desses, 10% são portadores de sonda vesical de demora com tempo de uso largamente variável (de dias a anos). Por causa da enorme demanda, o tempo médio para conseguir uma consulta é de três meses. Ao atender esses pacientes, as histórias são registradas em prontuários e espera-se o parecer do preceptor urologista quanto à conduta a ser tomada. Durante a espera pelo tratamento definitivo, aproveitamos para questionar sobre e entender melhor a experiência do paciente com a sonda. RESULTADOS: A principal queixa é a de ardor no canal urinário. Além disso, a abstinência sexual, os odores desagradáveis e a vergonha em usar a sonda também foram problemas relatados pelos pacientes. Sobre o aspecto sexual, por exemplo, um deles afirmou que estava há um ano e três meses em abstinência e isso havia gerado uma crise no casamento. Outro referiu que o odor de urina que a sonda exala o fez passar a evitar sair de casa e ir a eventos sociais, pois tinha medo de ser estigmatizado, ainda que a sonda ficasse escondida por baixo das roupas; e, por estar sondado há seis meses aguardando atendimento pelo SUS, desenvolveu síndrome do pânico, sendo necessário fazer acompanhamento psiquiátrico. Diante disso, a vontade de cada paciente em se ver livre da sonda ficava bastante evidente quando, mesmo sabendo das possíveis complicações com a cirurgia, aceitavam, sem hesitar, a realização do procedimento. Dessa forma, as consultas de retorno pós-operatórias eram, sem dúvida, muito esperadas. Após a retirada da sonda, o paciente poderia ir ao banheiro para avaliar se conseguia urinar espontaneamente. Assim, quando finalmente conseguia, voltava-se a nós com muita alegria e gratidão por finalmente retomar sua liberdade. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Após um ano de atendimento a vários casos como os exemplificados, pudemos perceber que empatia pelo paciente é algo imprescindível. Portanto, com muita conversa e com as cirurgias resolutivas, conseguimos reestabelecer a autoestima de muitos homens que passaram pelo nosso serviço.


Palavras-chave


Urologia; Saúde do Homem; Medicina