Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
OCA DA SAÚDE COMUNITÁRIA DO SÃO CRISTÓVÃO: UMA INTERFACE ENTRE A EDUCAÇÃO POPULAR E A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE
eliziane Oliveira lima, Roberta Duarte Maia Barakat, Liana de Oliveira Barros, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


INTRODUÇÃO - Nas últimas décadas o debate sobre a integralidade e as práticas de cuidado na saúde tem sido uma constante no cenário de discussão sobre política pública do Sistema Único de Saúde (SUS). O princípio da integralidade relaciona-se tanto à atenção integral em todos os níveis do sistema, como também à totalidade referente aos saberes, práticas, vivências e espaços de cuidado. Nesse sentido tais práticas devem ser valorizadas e qualificadas a fim de que contribuam cada vez mais para a afirmação do SUS como a política pública que tem proporcionado maior inclusão social, não somente por promover a apropriação do significado de saúde enquanto direito por parte da população, como também pela promoção da cidadania. O desenvolvimento de ações de educação em saúde numa perspectiva dialógica, emancipadora, participativa, criativa e contributiva para a autonomia do usuário, apresenta-se como uma necessidade que toca a sua condição de sujeito de direitos e autor de sua trajetória (de saúde e de doença), bem como proporciona a autonomia dos profissionais diante da possibilidade de ressignificar práticas de cuidado, no sentido da humanização, compartilhamento e integralidade. Depreende-se que a educação em saúde como prática resulta da participação ativa dos sujeitos da comunidade, onde proporciona além de informação, educação sanitária e aperfeiçoa as ações essenciais para a vida. A Educação Popular apresenta princípios político-pedagógicos quesão tomados como ferramentasque proporcionam a participação popular em defesa davida, com estratégias para a mobilização socialpelo direito à saúde que incentivam atitudes de participação no sentido demudar realidades, tornando-as vivas, criativas. O objetivo deste relato de experiência é promover a reflexão das práticas de participação realizadas na Oca da Saúde Comunitária, identificando a interface destas com a Educação Popular e a obra Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: descrição da experiência ou método do estudo. Este trabalho é um relato de experiência que versa sobre uma visita institucional realizada em novembro de 2017 à Oca da Saúde Comunitária. Esta atividade foi proposta pela disciplina de Educação Popular do curso de Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará como requisito para avaliação final.Respaldada pelos movimentos populares, a Oca da Saúde Comunitária é um espaço destinado à realização de atividades terapêuticas em que pretende integrar práticas e saberes populares de cuidado e/ao atendimento de saúde tradicional.Foi construída em área estratégica,está localizada ao lado do Centro de Saúde da Família Francisco de Melo Jaborandi com funcionamento permanente e suas atividades são desenvolvidas por terapeutas da comunidade e profissionais contratados pela Secretaria Municipal de Saúde.Os serviços oferecidos são: Massoterapia, Grupos de Terapia do Resgate da Autoestima, Terapia Comunitária, Spa de massagens antistress (com argila), Banho ofurô, Massagem redutora de medidas, Limpeza de pele e Reiki. Este espaço é destinado às atividades integrativas terapêuticas em que pretende a integrar práticas populares de cuidado e promoção à saúde. As atividades desenvolvidas na Oca da Saúde Comunitária, por meio da Educação Popular em Saúde, mobilizam autonomias individuais e coletivas. Estendem o diálogo entre indivíduos, movimentos populares e profissionais de saúde na luta por seus direitos, contribuindo para a ampliação do significado de cidadania e instituindoo crescimento e a mudança na vida cotidiana das pessoas. A visita se deu após o contato prévio com o responsável da instituição. Ao chegarmos na Oca Comunitária fomos recebidas por duas massoterapeutas, que após nos identificarmos elas nos mostraram as dependências deste espaço de saúde e as atividades desenvolvidas, bem como, a forma de acesso pela população.  O primeiro momento foi de admiração pelo espaço e principalmente pelas atividades que são destinadas aosusuários daquele território. A sensação de paz e bem-estar tomou conta ao adentrar a Oca Comunitária. De acordo com a política de acesso – todos os usuários podem ser atendidos neste espaço, pois os serviços são gratuitos. Por exemplo, para receber uma massagem relaxante é solicitado ao usuário que traga somente seu hidratante ou óleo de sua preferência. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: ao fazer a interface da obra de Paulo Freire com as atividades desenvolvidas na Oca comunitária tem se que: educador e educando, ou seja, profissional e usuário, lado a lado, vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber. Induz durante as terapias comunitárias respeito aos saberes do educando (usuário), no momento que se discute os problemas por eles vividos, ao mesmo tempo em que se discutem as implicações políticas e ideológicas, e a ética de classes relacionada a descasos. Visualiza-se no profissional uma reflexão crítica sobre a prática, pois este deve reconhecer o valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, ao conduzir a terapia de resgate da autoestima. Por meio dessa atividade infere a consciência do inacabamento do ser humano, uma vez que, a inconclusão é própria da experiência vital. O homem e a mulher são seres consciente que usa sua capacidade de aprender não apenas para se adaptar, mas, sobretudo para transformar a realidade. Retrata-se na pedagogia da autonomia que aprendemos a escutar escutando. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele, e sem precisar se impor. Denotando que ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo. CONSIDERAÇÕES FINAIS - A visita à Oca conseguiu mostrar que se faz necessário apoiar a Educação em Saúde na perspectiva da participação social, compreendendo a importância de práticas educativas onde a comunidade é composta por sujeitos sociais e, desse modo, deve estar presente nos processos de educação permanente para o controle social e de mobilização em defesa do SUS. Todavia, a Educação em Saúde é inerente a todas as práticas desenvolvidas no âmbito do SUS. Como prática transversal proporciona a articulação entre todos os níveis de gestão do sistema, representando dispositivo essencial tanto para formulação da política de saúde de forma compartilhada, como àsações que acontecem na relação direta dos serviços com os usuários.As ações pedagógicas constroem cenários de comunicação em linguagens diversas, transformando as informações em dispositivos para o movimento de construção, criação e autonomia.Permite a produção de sentidos para a vidae engendra a vontade de agir em direções às mudanças que se julguem necessárias. A Educação Popular na Saúde implica atos pedagógicos que fazem com que as informações sobre a saúde dos grupos sociais contribuam para aumentar a visibilidade sobre sua inserção histórica, social e política, elevar suas enunciações e reivindicações, conhecer territórios de subjetivação e projetar caminhos inventivos, prazerosos e inclusivos.


Palavras-chave


Educação Popular em Saúde. Educação em Saúde. Saúde Comunitária