Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE E SUAS INFLEXÕES PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Herivânia de Melo Ferreira e Oliveira, Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Fernanda Marques de Souza, Priscílla da Fonsêca Nascimento

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO: O presente artigo tem por objetivo discutir como o atual cenário de crise no capitalismo contemporâneo e suas formas de reestruturação têm atingido incisivamente o exercício profissional dos profissionais de saúde no Brasil. Para tanto, parte-se da hipótese que a ofensiva do capitalismo na contemporaneidade precariza e intensifica o trabalho em saúde já que a inovação tecnológica neste ramo de atividade não suprimiu o uso da força de trabalho acarretando à desvalorização do trabalho e do trabalhador. DESENVOLVIMENTO: Metodologicamente, realizou-se uma breve análise de conjuntura a partir de uma revisão de literatura acerca do tema exposto. A partir dos anos de 1970, inicia-se a crise estrutural do capital, cujas respostas principais no que tange à produção foram à acumulação flexível e o toyotismo, enfatizando novas formas de organização e gestão do trabalho, e no plano econômico-social a globalização e flexibilização como mecanismos para a reversão da queda nas taxas de lucro do capital e redução dos custos da força de trabalho. As mudanças oriundas da acumulação flexível trouxeram alterações trágicas e regressivas aos que vivem do trabalho com desmonte de políticas e direitos sociais, impactos sobre os contratos de trabalho (com ênfase na contratação de temporários, terceirizados, dentre outros), maior rotatividade de trabalhadores, intensificação do trabalho e precarização do emprego. No que concerne ao trabalho em saúde, o Estado, para responder ao capital mundializado, flexibilizou as relações de trabalho incorporando-o a lógica lucrativa com o enxugamento da máquina estatal, expondo os trabalhadores em saúde a desproteção social, polivalência, acúmulo e variabilidade de tarefas.  RESULTADOS: A partir dessa análise, infere-se que tais mudanças ocorridas no cenário nacional a partir da década de 1990 com o avanço da contrarreforma do Estado a partir do Plano Diretor do Estado gerido pelo Ministro Bresser Pereira, implantado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e estendido pelos dias atuais com o intuito de atender a lógica mercantil estabelecida pelas agências internacionais (Banco Mundial, FMI, dentre outros) para a política de saúde dos países periféricos, precarizaram e intensificaram o trabalho em saúde levando ao seu aviltamento, alicerçando-se na desregulamentação do trabalho, representada pela segregação da proteção social do trabalho através da imposição de uma lógica mercantil e produtivista que desvalorizou o trabalho nesse setor de serviço através da intensificação do uso da força de trabalho, como pela captura de sua subjetividade e pela sempre presente ameaça de desemprego e desproteção social. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Desta feita, considera-se que mesmo mediante uma conjuntura que preza pela substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto através da incorporação de novas tecnologias e uso das antigas, onde flexibilizar tem se tornado como pedra de toque para os trabalhadores em saúde, o que de fato se tem é a instauração de um processo de agudização da precarização do trabalho em saúde, já que este não pode ser totalmente substituído pelas novas tecnologias, sendo o lugar especifico onde o trabalho humano mantém a sua centralidade, utilizado de forma intensiva e insubstituível.

 

 

 


Palavras-chave


Trabalho em saúde; Profissionais de saúde; Precarização do Trabalho