Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AÇÕES PEDAGÓGICAS DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: a experiência em uma especialização semipresencial embasada nas metodologias ativas
Fernanda Marques de Souza, Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Bruno Vinicius Dantas Bezerra, Priscílla da Fonsêca Nascimento, Herivânia de Melo Ferreira e Oliveira

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


INTRODUÇÃO: A preocupação em preparar profissionais na área de saúde aparece na Carta Constitucional (1988), no Art. 200, inciso III ao falar em “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde” e na Lei Orgânica de Saúde 8080/1990, Art. 27, inciso I ao tratar sobre a “organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal”. Além dos documentos legais que subsidiaram a produção desse material, recorreu-se a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (EPS), por ser a estratégia utilizada para redimensionar a dinâmica dos serviços de saúde enquanto estratégia de ‘prática de ensino aprendizagem’ (CECCIM; FERLA, 2008) e ser política orientadora de diversos cursos e especializações. O percurso metodológico da utilizado na especialização, assentado na abordagem construtivista, provoca no especializando o continuo processo de reflexão, questionamentos e avanços na elaboração de ações/estratégias, como também dos demais sujeitos políticos envolvidos no processo, como tutores, especialistas e facilitadores. É oportuno destacar que, neste curso de especialização, o uso da abordagem já explicita e o objetivo que se pretende alcançar é discutir junto com os especializandos a necessidade em tomar decisões embasadas em evidências. A conjuntura política, econômica e social é outra, logo os problemas mudam, camuflam-se escondendo o quão são complexificados. Como marco do retrocesso do ponto de vista da qualidade do que é público, destaca-se o período pós- constitucional que se tem o engajamento do governo no tocante a implantação da agenda de cortes sociais. Nessa conjuntura de fragmentação dos ganhos constitucionais se nota a dedicação da mídia, dos capitalistas e governantes em disseminar o quão oneroso é o sistema público. Quanto a essa informação, chama-se atenção para o fato de que um curso que se propõem para a defesa do serviço público e de profissionais bem preparados é uma forma de resistência a tantos desmontes conjunturais, articulado a luta pela manutenção de estratégias de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e de resistência a todo movimento de privatização e sucateamento da saúde pública. É necessário organizar-se e pleitear espaços de controle e participação de profissionais e usuários, sair do campo da prática mecânica e galgar espaços de debate e ações em defesa do SUS, a partir da organização de ações embasadas em estudos referenciados, concomitantemente, a partir da metodologia espiral construtivista provocar mudanças e ampliar o leque de aprendizagem dos sujeitos envolvidos. OBJETIVO: discutir ferramentas pedagógicas de educação permanente em saúde, a partir das metodologias ativas com destaque para a espiral construtivista, na potencialização das ações em saúde em nível da macro e micropolítica de saúde no estado da Paraíba, por meio do curso de especialização apoiado pelo Ministério da Saúde no ano de 2017. DESENVOLVIMENTO: Durante o curso, foram analisadas as principais ferramentas pedagógicas que foram disparadoras da ação multiprofissional na execução das atividades exigidas na especialização, bem como no desenvolvimento de atividades nos cenários profissionais enquanto transformadoras da realidade local. Destacam-se como mecanismos pedagógicos: a formação das equipes de trabalho, onde os primeiros encontros são marcados por acordos coletivos; apresentação da sistemática do curso (atividades, vídeos, discussões e questões de aprendizagem dentre outras) e as intervenções dos especialistas nos produtos de cada encontro. O uso das metodologias ativas, na perspectiva do espiral construtivista em um país demarcado por uma educação bancária, que nesses moldes, limita-se ao repasse de conteúdo de teor conservador atrelado a manutenção da ordem econômica vigente, cuja proposta é formar uma mão de obra mecânica, que não problematize e seja subserviente, é um ato revolucionário por organizar, implantar e implementar uma especialização com esse perfil; outra prática é o CINE-VIAGEM que se compromete com a exposição de um filme, que de modo geral, traga elementos para discussão que estejam em consonância com os princípios norteadores de cada encontro, acontecendo coletivamente e de forma partilhada. Depois de assistir o filme, os especializandos eram incumbidos de refletir em casa e no dia posterior a trazer o registro da análise que acontecia no grupo menor, posterior a esse momento, novamente se debruçavam sobre o material e, a partir do diálogo, uma nova síntese acontecia; outra prática eram as Questões de Aprendizagem que se referiam à entrega de recortes de problemáticas em saúde, leitura e discussão coletiva, seguindo a formulação de hipóteses do problema geral. Formuladas as questões de cada hipótese (caso tivesse mais de uma) que deveriam ser respondidas e/ou problematizadas por meio da pesquisa científica, buscava-se provocar no especializando a relevância em debruçar-se na referência científica como estratégia de resolução dos problemas de saúde. Por fim, havia a Construção do Portfólio e Trabalho de Conclusão de Curso, que diz respeito ao portfólio, onde o material poderia ser construído também de modo lúdico ou nos moldes mais tradicionais (material escrito, seguindo as normas básicas de formatação, mas o material escrito em si deveria de modo “livre” expressar todo o percurso do especializando). É salutar destacar que durante toda especialização havia espaços para construção e orientação de ambas as atividades, porém na elaboração do portfólio se deixava livre o processo do especializando no decurso do curso.  Havia ainda o Projeto Aplicativo, sendo uma atividade complexa tanto pelo número de integrantes representando cidades diferentes, formações e ocupações bem diversas. A proposta era desenvolver uma ação em determinada cidade, cujos sujeitos da especialização eram referência nas articulações entre o grupo e a gestão da região, e disparar ações de educação permanente em saúde com os profissionais de saúde e o nível de assistência delimitado. RESULTADOS: é visível a partir das produções de Projeto Aplicativo, TCC, Portfólio e Questões de Aprendizagem as mudanças na postura política e profissional de cada aluno/a no que diz respeito ao cumprimento das atividades do curso que de modo geral expressaram mudanças na prática profissional. Essa evolução foi acompanhada no decurso de cada etapa vencida, tendo em vista que a cada módulo ocorriam avaliações e registros das sínteses. CONSIDERAÇÕES FINAIS: no que tange a especializações e cursos d extensão, são quantitativamente poucos que se utilizam a Metodologia Ativa na organização pedagógica das atividades, alguns processos de formação se valem dessa metodologia, porém não possuem entendimento do que sejam as Metodologias Ativas, com enfoque para a espiral construtivista e no impacto provocado no cuidado em saúde.  Esse curso possibilitou aos especializandos a aproximação conceitual e prática das Metodologias Ativas e com isso provocou mudanças nos espaços sócio-ocupacionais, onde os participantes se encontram inseridos, oriundos das diversas cidades da primeira macrorregião de saúde da Paraíba, propiciando um novo olhar em saúde e nova forma de exercício profissional, comprometido com a qualidade do atendimento e dos serviços, com vias a ratificação de uma saúde universal, integral e equânime para toda a sociedade, independente de sua condição financeira.


Palavras-chave


Formação em saúde; Ações pedagógicas; Metodologias ativas