Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: RODA DE CONVERSA SOBRE CONHECIMENTO E PRÁTICAS DE PREVENÇÃO DE MULHERES EM RELAÇÃO AO CÂNCER DE MAMA
Paula dos Santos Brito, Vanessa Freitas Amorim, Ellen Kesia Silva dos Santos, Cassia da Silva Fernandes Oliveira, Rocilda Castro Pinho, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Ariadne Araújo Siqueira Gordon, Marcelino Santos Neto

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: O câncer é elencado como uma das principais causas de óbito no mundo e, entre as mulheres destaca-se o câncer de mama. A taxa de mortalidade em razão do câncer de mama no Brasil permanece alta, chegando a ocupar o primeiro lugar em 2012, de óbitos por câncer de mama no país segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), representando 15,2% do total de óbitos e respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Ainda, segundo o INCA, a prevenção do câncer de mama pode ser dividida em prevenção primária e secundária. Na prevenção primária, as medidas são voltadas para os hábitos de vida, controle da obesidade, sedentarismo e excesso de ingestão de bebidas alcoólicas, ainda orientam que as que as mulheres realizem a autopalpação das mamas sempre que sentirem-se confortáveis, sem a utilização de técnicas mais específicas ou em um período especifico. Já na prevenção secundária, as principais ações são por meio do rastreamento e exames de pessoas assintomáticas que pertencem a determinado grupo populacional para investigação diagnóstica, buscando a detecção precoce do câncer de mama. Neste estudo objetivou-se identificar o conhecimento e prática de ações de prevenção de câncer de mama em mulheres de uma Unidade Básica de Saúde no bairro Vila Cafeteira no município de Imperatriz–Maranhão, bem como descrever aspectos relacionados ao acolhimento desta clientela. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência, descritivo, com abordagem quantitativa, realizado por meio de roda de conversa com as usuárias da estratégia da saúde da família do município de Imperatriz. A roda de conversa e coleta dos dados ocorreu na própria UBS em outubro de 2017, com participação de mulheres que aguardavam atendimento para pré-natal, atendimento odontológico, vacinação e atendimento de consultas e realização de exames e contou ainda com a participação de enfermeiros, bolsistas e voluntários acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Maranhão do Projeto de extensão PROEX “Acolhimento nas unidades básicas de saúde: um novo olhar sobre o cuidar”. Foram aplicados formulários com perguntas direcionadas sobre o câncer de mama, realização de exames e percepção do usuário sobre acolhimento para a saúde da mulher na unidade básica. Após a aplicação dos formulários, foram realizadas discussões interativas, sobre o conhecimento de câncer de mama, fatores de riscos modificáveis ou não, realização da autopalpação, importância da conversa aberta durante as consultas com o médico/enfermeiro, sinais e sintomas para a detecção precoce do câncer de mama, simulação da autopalpação das mamas, e demonstração de possíveis achados com objetos lúdicos que representavam a mama, nódulos e aspectos do tecido mamário, que poderiam ser indicativo de uma melhor avaliação pela equipe de saúde. Todas as mulheres participantes foram orientadas conforme a diretriz atual do INCA que não existe uma forma sistematizada para a autopalpação das mamas, o importante é o autoconhecimento da mulher em relação ao seu corpo e da importância de todas se observarem, pois tal prática contribuirá para a detecção precoce de possíveis achados, tratamento e aumento da taxa de cura, resultando em uma maior qualidade de vida. A análise exploratória dos dados foi realizada mediante a estatística descritiva, na qual para variável idade foram expressas medidas de tendência central e para as demais variáveis investigadas foram expressos valores absolutos e relativos. Resultados e/ou impactos: Participaram 21 mulheres, com idade entre 18 e 77 anos, idade média de 38 anos, desvio padrão de 14 anos e mediana de 47 anos. Houve predomínio de escolaridade de ensino fundamental incompleto com destaque para a 5° - 8° série incompleta (10; 47,61%) e a maioria era residente na zona urbana (20; 95,23%). Sobre o conhecimento do que é a autopalpação das mamas, (11; 52,38%) descreveram não saber do que se tratava. Quando questionadas sobre sinais e sintomas que devem ser observados na mama, (13; 61,90%) afirmaram não saber como se realizava essa observação. Quanto a já terem realizado a autopalpação das mamas, ou se já tiveram o exame clínico das mamas realizado por algum profissional de saúde durante suas consultas, (12; 57,14%) disseram que não, destacando-se que mesmo o exame sendo de baixo custo e de eficiência comprovada, ainda não é praticado em sua maioria no atendimento as mulheres da estratégia da saúde da família. Das mulheres que afirmaram já terem realizado a autopalpação ou exame clínico das mamas (09; 42,85%), somente duas mulheres afirmaram que a palpação das mamas foi auto realizada, demonstrando que as mulheres participantes da roda de conversa, ainda não realizam a prática de observarem suas mamas, atentando para sinas do câncer de mama. Sobre qual a idade indicada, mesmo sem apresentação de sinais e sintomas, para início da realização do exame da mamografia de rastreamento, (12; 57,14%) informaram a idade de 40 anos e (09; 42,85%) afirmaram não saberem a idade ideal, sendo que (03; 14,28%) não tinham conhecimento do que se tratava este exame. Vale destacar que, de acordo com as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, publicada em 2015, a mamografia é considerada como mais eficaz no rastreamento de câncer de mama na rotina da atenção integral à saúde da mulher, sendo preconizada pelo ministério da Saúde por meio da portaria nº 1.253/2013 para as mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos. Já os órgãos de referência para o câncer de mama, como o INCA, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), orientam a indicar o rastreamento mamográfico bianual a partir dos 40 anos para mulheres sem risco, anual a partir dos 35 anos para mulheres com risco elevado e bianual a partir dos 50 anos. O câncer de mama quando identificado em estágios iniciais, possui prognóstico mais favorável e elevado percentual de cura, diminuindo o sofrimento humano. O rastreamento por meio dos exames se faz de máxima importância para o diagnostico precoce. Quanto ao acolhimento para buscar orientações e assistência de saúde sobre alterações na mama na UBS (17; 80,95%) afirmaram que se sentem acolhidas (4; 19,04%) que não, justificando que encontram dificuldade para obter informações de coisas mais simples, ou não encontram interesse ou abertura para relatar queixas durantes o atendimento recebido, seja pelos profissionais de saúde ou demais funcionários. Fator este que merece destaque, pois o acolhimento é caracterizado especialmente pela escuta sensível, que considera as preocupações do usuário dos serviços de saúde em qualquer situação tanto na chegada ao serviço de saúde quanto ao longo do seu acompanhamento e que o mesmo deve está voltado para a melhoria da qualidade da assistência e a mudança na relação dos gestores, profissionais e usuários, sendo imprescindível para o diagnóstico precoce de fatores de riscos resultando na diminuição de morbidades e mortalidade. Considerações finais: Constatou-se que apesar de existir uma política pública para o rastreamento e detecção precoce do câncer de mama no Brasil, muitas mulheres ainda encontram dificuldades para realizar as práticas preventivas, demonstrando desconhecimento sobre tais práticas. Ademais, este relato evidenciou aspectos relevantes acerca da assistência à saúde da mulher realizada na Atenção Primária, chamando a atenção para a necessidade de melhorias, de uma sistematização da assistência realizada para o autocuidado e autoconhecimento da referida clientela no contexto da Atenção Primária à Saúde.

Palavras-chave


Acolhimento. Conhecimento. Câncer de mama. Unidade Básica de Saúde.