Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA NO CONTEXTO DA INTERDISCIPLINARIDADE ACADÊMICA: ATUAÇÃO DA EQUIPE DE
Jessica Miranda da Silva, Liliane Silva Do Nascimento, Kelly Lene Lopes Calderaro Elclides, Glória Beatriz Dos Santos Larêdo

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: A violência apresenta-se como problema de grande relevância para a saúde pública, de aspecto multifatorial e complexo. Presente em todos os países, atinge homens e mulheres de diferentes faixas etárias e todas as classes sociais. A violência doméstica que acontece com a mulher, por ser de maior incidência de casos, é o foco do atendimento do referido projeto. Atualmente a violência doméstica contra mulher é considerada um problema social e de saúde pública. A mulher que passa por um episódio de trauma de ordem tanto física quanto psicológica, tem direito ao acolhimento humanizado e diferenciado, para que haja uma diminuição dos danos e possíveis sequelas causadas à saúde. A Clínica de Atenção a Violência (CAV) é um projeto interdisciplinar iniciado em junho de 2016, que está vinculado à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA) e tem como sede de funcionamento o Núcleo de Prática Jurídica da mesma universidade. Desenvolvimento: O projeto da CAV trabalha em parceria com outras frentes de trabalho atuantes na área de extensão e pesquisa que estão vinculados principalmente com a temática da violência. Um tema abrangente e de abordagem complexa como a violência mostra a necessidade de uma atuação multiprofissional na análise a atendimento adequado aos usuários. Dessa forma, foram incluídos no projeto alunos de diversos cursos da universidade como odontologia, psicologia, enfermagem pedagogia, ciências sociais, serviço social e direito O atendimento às pessoas em situação de violência que buscam apoio jurídico e social, é prestado pela equipe formada por alunos dos cursos de direito, serviço social, pedagogia e ciências sociais. Os cuidados relacionados à saúde são prestados pelos alunos de psicologia, serviço social, enfermagem e odontologia. Se configura em uma oportunidade prática de ensino e extensão. O papel da extensão universitária é possibilitar ao aluno a realização de atividades de integração do meio acadêmico junto à comunidade onde está inserida; onde por meio das atividades, vários setores da sociedade mantêm vínculo com a academia firmando ações conjuntas com o objetivo de transformar a sociedade que anseia por melhores condições de vida. A complexa relação entre universidade e sociedade revela-se na integração das diferentes áreas do saber ofertadas pela mesma; considerando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão torna-se possível uma prática interdisciplinar a partir da extensão universitária. Resultados e /ou Impactos: A experiência vivenciada na Clínica e a atuação da equipe de saúde no atendimento interdisciplinar a vítimas de violência, sob o ponto de vista de estudantes de odontologia vem se mostrando bastante enriquecedora e possibilita uma prática multidisciplinar ainda na faculdade capacitando o aluno para atuação no mercado de trabalho. São realizados atendimentos com escuta qualificada, acolhimento inicial pela equipe de saúde, onde a equipe de enfermagem realiza exames de aferição de pressão arterial e faz perguntas relacionadas a doenças preexistentes. A equipe de odontologia realiza exame intra -oral com aferição do índice CPO-D e outros agravos bucais. As atividades do projeto em questão são desenvolvidas na Clínica de Atendimento a Violência (CAV) com horário de funcionamento de 8 às 12 horas somente às sextas feiras. A CAV se configura em um espaço interdisciplinar que visa o enfrentamento de diversas formas de violência que se manifestam na Amazônia, envolvendo os alunos em uma modalidade prática de ensino. A CAV realiza ações diversas como realização de palestras e seminários com a temática da violência, atendimento jurídico e atendimento em saúde. É realizado acolhimento, por meio da escuta ativa e qualificada, orientações de enfermagem e encaminhamento quando necessário. São utilizados impressos elaborados pela equipe de saúde, onde destacamos a situações de saúde, histórico de Enfermagem, exame físico e a situação da violência ocorrida. A Odontologia tem importante papel nesse contexto, pois a visibilidade da violência, bem como o aumento da demanda de casos desta natureza nos serviços de saúde, exige, de forma crescente, conhecimento e preparo dos profis­sionais. Para os acadêmicos de odontologia a experiência vem se mostrando muito importante pois a violência manifesta-se causando agravos a saúde bucal e geral que requerem maior atenção e assistência. Estima-se que vítimas de violência têm mais problemas de saúde e mais sintomas físicos e psicológicos do que pessoas que nunca sofreram violência. Desta forma, os profissionais de saúde são geralmente os primeiros a entrarem em contato com essas vítimas. Muitas vezes, a materialização da violência pode ser observada através da análise da cavidade bucal, mediante a formação de corpos de prova do delito. Atualmente então em atendimento 74assistidos, sendo apenas dois homens, e 72 mulheres. A maioria em situação de violência doméstica. Dentre os agravos bucais, 80% apresentam queixas relacionadas a DTM (Disfunção Temporomandibular) e DOF (Dor Orofacial), possivelmente decorrentes dos traumas e estresses causados pela situação de violência. Devido à violência, vítimas tendem a desenvolver baixa estima, baixo autocuidado e com isso, a cavidade bucal é atingida imediatamente. É possível identificar altos índices de placa, tártaro e sangramento, bem como vítimas de violência tendem a esconder o rosto e não sorrir, o que é superestimado na percepção de sinais visíveis de baixo nível de higiene, halitose entre outros agravos bucais.  Este projeto propõe promover além de atendimento jurídico, proporcionar condições favoráveis de saúde a pessoas em situação de violência e assim promover uma qualidade de saúde bucal e promovendo o cuidado integral.  Na percepção das mulheres em situação de violência com relação ao atendimento dos serviços de saúde, os estudos apontaram que a maioria delas não procura algum serviço de saúde por entender que não podem resolver estes casos, ou que a violência que passam não é um problema de saúde, ou ainda por não se sentirem acolhidas nestes serviços. Considerações Finais: Diante do exposto temos a importância da atuação da equipe de saúde na clínica que formará profissionais com olhar crítico, reflexivo e holístico em atenção a vítima para trabalhar com as situações de violência encontradas em sua prática diária. Necessita-se, portanto, de um olhar por parte dos profissionais de saúde especialmente dos futuros odontólogos, de modo a identificar a violência enquanto agravo, o que requer transformação no modelo de formação, incorporando a violência como objeto da saúde.


Palavras-chave


ODONTOLGIA ; VIOLÊNCIA ; INTERDISCIPLINARIDADE