Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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INCIDÊNCIA DE CURETAGEM UTERINA EM PACIENTES DE 20 A 29 ANOS EM UM HOSPITAL MUNICIPAL DE SANTARÉM NO PERÍODO ENTRE 2013 À 2015.
Martha Nunes Freitas, Lane Souza Da silva, Ellen Caroline Santos Navarro, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Antonia Regiane Pereira Duarte

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


A curetagem uterina é um dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes em obstetrícia, este consiste em retirar os restos do concepto, produto do aborto. O aborto caracteriza-se pela interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação, com concepto pesando menos de 500 gramas. Ele pode ser precoce quando ocorre até a 13ª semana e tardio, quando entre 13ª e 22ª semanas, em que o produto eliminado é de chamado aborto. Por vezes o tratamento é necessário, quando existem complicações após o abortamento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no mundo, aproximadamente 500 mil mulheres morrem a cada ano de causas relacionadas à gestação. No Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), em 2011, foram registrados 77 óbitos por aborto, o que corresponde a 4,8% do total de óbitos maternos em decorrência de aborto por cem mil nascimentos vivos. Os perfis sociodemográficos de mulheres podem se relacionar à tomada de decisão pela prática abortiva entre mulheres de diferentes classes sociais, níveis econômicos, cultura e faixas etárias. A falta de acesso a contraceptivos ou falha destes; preocupações socioeconômicas, como situação de pobreza, baixa escolaridade e desemprego; necessidade de planejar o tamanho da família, como o espaçamento entre filho; falta de apoio do parceiro são algumas das razões para a interrupção da gravidez. Diante desta problemática, questiona-se a incidência de curetagem uterina em pacientes entre 20 a 29 anos em um hospital público no município de Santarém no período de 2013 à 2015. E tem como objetivo identificar a incidência de curetagem uterina realizadas no Hospital Municipal de Santarém, demonstrar as principais causas do aborto, conhecer as principais complicações da curetagem uterina. Trata-se de um estudo de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados por meio da análise dos prontuários das pacientes na faixa etária em estudo submetidas à curetagem uterina, no período de 2013 à 2015, em que se utilizou como instrumento de pesquisa um questionário contendo 11 perguntas fechadas para alcance dos objetivos do estudo. A amostragem utilizada nesta pesquisa foi o total de 574 prontuários de pacientes de 20 à 29 anos submetidas à curetagem uterina. A análise dos dados ocorreu através de recursos estatísticos por meio de números absolutos e porcentagens e, posteriormente, transformados em gráficos e tabelas estruturados a partir do programa Microsoft Excel 2010. O estudo foi executado conforme os preceitos éticos da Resolução 466/2012 (Brasil, 2012), que trata de pesquisa e testes em seres humanos.  Em relação aos resultados encontrados, a pesquisa evidenciou que a incidência de curetagem uterina no Hospital Municipal de Santarém na faixa etária de 20 à 29 anos é 574 (46%) pacientes. No que diz respeito à definição de cor/raça 555 (97%) das pacientes informaram ser pardas. Os abortos são mais comuns no 1º trimestre de gestação com 329 (57%), ou seja, nas primeiras semanas (1 à 12º semana). Em relação ao histórico de aborto, a pesquisa revela que 271 (47%) das pacientes nunca abortaram, 78 (13%) abortaram de 1 à 2 vezes, 2 (1%) de 3 à 4 abortamentos, porém, 223 (39%) não informaram sobre a ocorrência de abortos. Já nas patologias nas pacientes submetidas ao procedimento, 524 (87%) das pacientes não informaram sobre quaisquer patologias, porém, cerca de 27 (5%) apresentaram gestação anembrionária como causa do aborto, seguida de mola hidatiforme 12 (2%). Nos sintomas do aborto em pacientes submetidas ao procedimento de curetagem uterina verificou-se que 551 (96%) tiveram metrorragia, 432 (72%) das pacientes apresentaram dor pélvica como principal sintoma do aborto, seguido de colo aberto com 92 (15%), restos ovulares 36 (6%) e febre 30 (5%).  O tipo de aborto das pacientes submetidas ao procedimento mais frequente é o retido com 242 (42%), posteriormente, espontâneo/incompleto com 189 (33%) e outros com 41 (7%). No que concerne as complicações pós procedimento, 554 (97%) das pacientes submetidas à curetagem uterina não apresentaram complicações, 10 (2%) cursaram com hemorragia, 3 (1%). No tocante ao tempo de internação das pacientes submetidas ao procedimento, 252 (42%) das pacientes permaneceram 1 dia internadas no hospital após o procedimento cirúrgico, seguido de 2 dias com 179 (29%), 3 dias 68 (12%) e posteriormente os demais dias. Após apreciação multivariada conclui-se que a incidência de curetagem uterina é relativamente expressiva no município de Santarém, que o aborto é comum na população parda, sendo que, a gravidez prévia concentra-se em pacientes que não tiveram filhos anteriormente, que na maioria das vezes o abortamento ocorreu no primeiro trimestre de gestação, em mulheres que nunca abortaram, cujo, sinais e sintomas apresentados foram dor pélvica e metrorragia. A grande maioria não informou ter feito uso de abortivo, o tipo de aborto predominante, foi o retido, seguido de espontâneo e incompleto, as complicações identificadas são hemorragia e infecção, o tempo máximo de internação é de 1 dia. Diante dos dados supracitados, esse estudo evidencia a necessidade de análise de outras variáveis que não estavam disponíveis nos prontuários das pacientes, como: renda familiar, escolaridade, condições de moradia, tais eixos contribuiriam significativamente para identificar os possíveis fatores de risco e caracterização do perfil da população que sofre aborto no Município. O aborto causa na mulher sensações variadas de dor física e psicológica, o medo da morte faz-se presente, e a enfermagem ao acolher as pacientes com suspeita ou confirmação de aborto, deve dispor de cuidados necessários para amenizar este sofrimento. O planejamento familiar é de fundamental importância na prevenção de possíveis gravidezes e que portanto, diminuem o número de aborto provocado, o uso de métodos contraceptivos também possui papel na manutenção da fecundidade. Inúmeros fatores estão interligados a prática do abortamento, porém estudos relacionados ao tema ainda são escassos. Seria determinante para a redução dos casos de aborto se houvessem significativas medidas para prevenção de gravidez indesejadas. O munícipio de Santarém em conjunto com profissionais de saúde devem sensibilizar a população quanto a necessidade de planejamento familiar. Sabe-se que é importante também a conscientização das mulheres quanto a assistência hospitalar imediata para prevenir qualquer complicação após o aborto, diminuindo o risco de possíveis infecções, portanto a equipe multiprofissional, onde o enfermeiro está inserido, deve ser capacitada para executar uma assistência de qualidade contribuindo para maior sobrevida da paciente.


Palavras-chave


Aborto; Assistência de Enfermagem; Curetagem Uterina