Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O RECONHECIMENTO DA IDENTIDADE RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ALINE APARECIDA ARANTES, HELLEN ARAUJO QUEIROZ, JADY BEATRIZ SIQUEIRA ALVARENGA, Sônia Helena Carneiro Pinto, Iel Marciano de Moraes Filho, Keila Cristina Félis, Rodrigo Marques da Silva, Osmar Pereira dos Santos

Última alteração: 2018-05-09

Resumo


Apresentação: O Brasil é um país com riquíssimos conteúdos culturais devido às inúmeras etnias que compõem sua sociedade. Porém mesmo diante dessa pluralidade cultural, o país possui inúmeras desigualdades étnicas. Essa desigualdade se faz presente em diversos aspectos da sociedade: no âmbito educacional, quando, por meio de pesquisas, é mostrado que negros ainda possuem o menor índice de escolaridade; no âmbito social, ocupando assim os empregos com remunerações baixas e moradias precárias que perfazem a realidade dos mesmos neste pais. Essa desigualdade é resultado de sentimentos como o preconceito e racismo, que acompanham uma identidade negra marcada por estereótipos, construída por uma etnia branca, que se julga melhor e superior. Objetivo: Avaliar o transcorrer da construção da identidade de uma criança afrodescendente nas Escolas Brasileiras. Método: Trata-se de uma revisão da literatura científica realizada em abril de 2017 na Biblioteca Virtual em Educação (BVE), Periódicos Capes e o Google Acadêmico por meio dos descritores: Identidade, criança, educação infantil, racista, professor. Desenvolvimento: O estudo fora dividido em três vertentes: 1. A identidade do afrodescendente: O conceito de identidade tem sido bastante discutido pelas ciências sociais devido a uma maior conscientização das pessoas que integram os grupos dos considerados marginalizados: mulheres, homossexuais e negros. Esses grupos vêm buscando cada vez mais serem vistos, e reconhecidos, e tratados com igualdade de direitos. A identidade de um afrodescendente, busca compreender o processo indenitário em constante mudança, caracterizando- o por expressões de grupos sociais, étnicos, mas que toma traços individuais. Essa identidade está sujeita a sofrer influências positivas e negativas de agentes exteriores formando assim o indivíduo;2. DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA: Mesmo ainda no útero a identidade da criança já está sendo formada, pois sua alma vem de vidas passadas, experiências vividas por seus antepassados. E aqui não se trata de espiritismo ou algo místico, mas sim da ligação que a criança, ainda quando embrião, possui com a mãe e com o mundo que aguarda o seu nascimento. Posteriormente a mesma se dá nas vivências com a família e a escola como agentes influenciadores. A escola como instituição educadora tem como dever assegurar o respeito e o reconhecimento das diferenças de cada aluno, e o professor, protagonizando assim o modelo para as crianças e também se pauta como mediador do processo educacional e da formação da identidade dos alunos, que deve estar sempre preparado para os obstáculos e desafios que surgem em sala de aula acerca do assunto da diversidade;3. O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA AFRODESCENDENTE: Tratar a identidade de um indivíduo é complicado por si só, devido à pluralidade de sua construção, estando sempre propensa a mudanças e adaptações. A construção da identidade de uma criança, em que muito ainda está em processo de conhecimento é, sem dúvida, ainda mais complicado. O fato de a identidade ser construída e moldada nas relações sociais faz-se necessário que essas relações sejam vistas com muito cuidado, sempre levando em conta as influências e marcas que a criança poderá interiorizar por meio delas. Por esse motivo, o papel do professor nessa fase é de extrema importância, pois caberá a ele mediar o processo da construção de identidade e saber lidar com os obstáculos que surgirão. O educador atuante nessa fase deve promover situações em que a criança reconheça suas particularidades, mas que saiba conviver com as particularidades das outras crianças. Este desenvolvimento poderá ser ineficiente e acarretando as crianças grande prejuízo educacional irreversíveis quando os educadores apresentam despreparo e muitas vezes devido à má formação inicial no âmbito da licenciatura ou bacharelado. Considerações finais: A identidade da criança afrodescendente é construída nas séries iniciais da educação básica, ressaltando assim o papel fundamental em que a escola e os fatores que a compõem, como professores, livros didáticos, e quaisquer outros materiais didáticos desempenham nesse processo. Uma educação igualitária, que respeite e reconheça as diferenças das crianças e para as crianças, por menores que sejam, é de inestimável importância, assim como o dever dos profissionais da educação, da escola e do governo. Quanto mais novas, mais as crianças são abertas ao aprendizado e a influências, sejam negativas ou positivas, portanto, é também dever do professor educar ensinando o respeito ao diferente, mostrando que as diferenças não fazem um sujeito melhor ou superior que o outro, e essas diferenças é que nos fazem tão especiais e únicos. O silêncio perante as situações de violência, preconceito, injuria racial e descriminação devido às diferenças étnicas só reforça esse sentimento de superioridade da etnia branca, criando uma falsa ilusão de um relacionamento étnico saudável em sala de aula. Ignorar o preconceito, o racismo e as discriminações não é a solução, não vai fazer com que as atitudes desapareçam ou deixem de acontecer. O contrário, só fará com que aumente, e deixe o indivíduo que sofre a agressão com sentimento de inferioridade e insegurança, sentido que não tem nem mesmo o direito de lutar contra essas atitudes, provocando aí outro silêncio. A educação é o primeiro passo para criar uma geração de pessoas livres de preconceitos, que reconheçam na diferença do outro, não algo para ser temido ou odiado, mas sim uma história de ancestralidade tão rica em cultura e importância quanto a sua, que reconheça as diferenças e a respeitem. Não será de um dia para o outro que esse respeito irá nascer, por isso é preciso que os professores estejam sempre atentos à forma com que educam, busquem diariamente mostrar a importância das diferenças, do reconhecimento da diversidade étnica e do quanto essa discriminação pode acarretar males na sociedade e na consciência das crianças que interiorizam esses sentimentos que podem causar marcas e feridas profundas até a vida adulta. Para que o professor esteja realmente preparado para lidar com esses assuntos em sala de aula, e não apenas propagar estereótipos sobre a identidade da criança afrodescendente, é importante que tenha uma formação adequada e de qualidade, que não se limite apenas à educação inicial que muitas vezes propicia apenas conhecimentos específicos de uma área. Essa formação inicial e continuada para o professor precisa estar contextualizada com a realidade do país, pois a educação não acontece apenas na sala de aula. A escola é peça importante na sociedade, portanto, ela precisa estar relacionada com tudo o que acontece nela. A diversidade é um assunto polêmico da nossa geração, pois ela vem sendo a causadora de muitas atitudes violentas, que terminam até mesmo em mortes, tornando então a diversidade e o preconceito que anda lado a lado com ela um problema que precisa ser trabalhado nas escolas. Pensando nessa sociedade onde a intolerância, o desrespeito, preconceitos, racismos e discriminações têm estado tão presentes, as escolas e seus professores, são agentes com função mediadora pautam a capacidade de influenciar os cidadãos em processo de formação, assim devem lutar e buscar uma educação igualitária, que seja democrática e cidadã e valorize as identidades das crianças negras. Que essas crianças possam falar, mostrar e “vestir” sua identidade, sem medo e com orgulho.


Palavras-chave


Identidade; criança; educação infantil; racista; professor