Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-26
Resumo
Apresentação
Estudo realizado com o objetivo de identificar a situação de saúde da população indígena que reside em centros urbanos no estado do Amazonas, condições de acesso à saúde e os impactos da mudança de hábitos de vida na saúde indígena.
Desenvolvimento do Trabalho
Estudo realizado através de consultas a dados oficiais governamentais e entrevistas a representantes de órgãos públicos responsáveis por auxílios e medidas que abragem a saúde indígena.
Resultados
A população indígena no Brasil é de cerca de 896,9 mil habitantes, dentre os quais 183.514 se localizam no estado do Amazonas, garantindo-lhe o título de estado com mais habitantes indígenas do país. Uma parcela de 53.985 dos habitantes indígenas do estado residem fora de suas terras de origem nativa, também o maior número dentre todos os outros estados brasileiros. A mortalidade infantil da população indígena no estado supera a média nacional. A cada mil nascidos no país, a taxa de mortalidade é de 13,82. Na população indígena, a cada mil nascidos, 31,28 crianças morrem. As principais causas se devem às condições de saúde e nutrição da criança, que recebe influência direta dos hábitos de vida e do padrão de alimentação. Na vida urbana, o acesso à alimentos industrializados por um baixo custo, com baixo valor nutricional e altos teores de sódio e gordura contribuem para o déficit nutritivo que compromete a saúde de seus consumidores. A mudança radical da dieta tradicional a que muitos indivíduos indígenas estão sujeitos ao se mudarem para centros urbanos é um fator agravante das taxas de mortalidade infantil e também da expectativa de vida. Na população adulta, as principais causas dos óbitos são as externas (Violência e acidentes), seguidas das doenças cardiovasculares, respiratórias e as doenças infecciosas. O consumo de álcool, principalmente pelo fácil acesso à bebidas destiladas nos centros urbanos, apresenta-se como coadjuvante nas taxas de mortalidade que envolvem fatores externos, bem como cirrose, diabetes e depressão. Políticas públicas assistenciais de saúde ao indígena são marjoritariamente direcionadas para os habitantes em aldeias, os indígenas residentes nas cidades enfrentam as mesmas dificuldades para o acesso à saúde que o restante da população. Ao serem identificados como indígenas, muitos são direcionados à Casai (Casa de Saúde Indígena) de seus municípios, que não apresenta a infraestrutura necessária para o atendimento ou cuidados necessários. A dificuldade de acesso à informação e empregos facilita o aumento dos casos de problemas de saúde e comorbidades do grupo em questão.
Considerações Finais:
A alta taxa de mortalidade infantil nesse grupo mostra que o atendimento a índias gestantes e recém-nascidos ainda é muito deficiente. O aumento do número de casos de doenças cardiovasculares e de casos como diabetes e depressão demonstra o impacto negativo que pode surgir devido à mudança de hábitos de vida com a vida urbana. O acesso à saúde é precário e necessita de fortalecimento quanto a assistência integral, vigilância em saúde e inserção social.