Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ATIVIDADES EDUCATIVAS PARA PREVENÇAO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE MANAUS
Ingrid dos Santos Araújo, Horlando Junior Santos Lages Alcantra, Priscila Piçanho Horta, David José Conceição Vila, Fábio Lucas Silva Fernandes, João Victor Oliveira de Melo, Reinaldo de Araújo Xavier, Raquel de Santana Pontes

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


APRESENTAÇÃO:

Considerada pela OMS, a adolescência é o intervalo de tempo que vai dos 10 aos 19 anos de idade, é uma fase de mudanças rápidas e profundas no ciclo de vida, sendo considerada uma fase de transição entre a infância e a idade adulta. As inúmeras transformações tanto de cunho físico como psicológico podem se revelar nas mudanças biológicas, de aprendizagem, comportamentais além de inúmeros processos (TABORDA et al., 2014).

Diante disso, tal fase é propensa ao início da vida sexual, que muitas vezes ocorre de maneira desprotegida, resultando não somente em uma gestação indesejada, mas, na disseminação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), tornando-se grande preocupação à Saúde Pública.

Nos últimos anos, a incidência de gravidez na adolescência vem aumentando significativamente. No Brasil observando-se que, apesar do declínio das taxas de fecundidade desde o início dos anos 70, é cada vez maior a proporção de partos entre as adolescentes em relação ao total de partos realizados no País (DADOORIAN et al., 2003). Dados estatísticos de 2011 mostram que o país teve 2.913.160 nascimentos, sendo 533.103 nascidos de meninas com idade entre 15 e 19 anos e 27.785 nascidos de meninas de 10 e 14 anos.  A maioria das adolescentes grávidas pertence às classes populares.

Os elevados índices de gravidez na adolescência provocaram maior interesse de pesquisas que relacionam essa situação às mudanças sociais ocorridas na esfera da sexualidade, as quais provocaram maior liberalização do sexo, sem que, simultaneamente, fossem transmitidas informações sobre métodos contraceptivos para os jovens. Segundo esses profissionais de saúde, a gravidez na adolescência é indesejada, sendo enfocada como um “problema” que deve ser solucionado através da diminuição do número de gravidezes nessa população (DADOORIAN et al., 2003).

Diante dos fatos, a melhor forma de prevenir esse impacto, é intensificar os trabalhos de educação voltados aos métodos contraceptivos e desmistificar os tabus relacionados ao sexo aos jovens, de forma confortável e objetiva.

O trabalho portanto trás como justificativa, contribuir no embasamento de futuros trabalhos relacionados ao tema e objetiva relatar as experiências vividas na condução de um grupo jovens sobre a conscientização da prevenção da gravidez na adolescência em uma escola da rede pública da cidade de Manaus/AM.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado no contexto do PACE- Atividades Educativas para prevenção da Gravidez na adolescência, ocorrido no primeiro período do curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), campus Manaus, que tem por objetivo principal a descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS), através da Atenção primária à saúde (APS) por meio da educação em saúde.

A atividades foram realizadas no período de agosto à dezembro de 2017, nas dependências da Escola Estadual Professora Sebastiana Braga, todas as  quintas-feiras, das 7 às 10 horas da manhã, tendo como grupo enfoque os alunos do terceiro ano do ensino médio.

RESULTADOS

As atividades foram desenvolvidas em quatro encontros, onde para cada um foi desenvolvida uma atividade de acordo com a faixa etária, nível conhecimento e temática. A estratégia buscava instigar a participação ativa do estudante, explorando o conhecimento pré-existente e expandindo-o por meio do intercambio de informações, promovendo maior dinamismo e participação. Esta ação mostrou-se muito positiva, pois, além dos objetivismo esperados, a metodologia permitiu a criação de um vinculo de confiança e conforto entre os estudantes, o que se refletiu na receptividade ao aprendizado.

O primeiro encontro foi utilizado sob múltiplas vertentes. O objetivo inicial foi a criação de um vinculo entre os acadêmicos os estudantes. Este foi fundamental para conhecer as necessidades iniciais, suas expectativas, duvidadas e temores. Estas informações foram crucias para nortear o conhecimento que deveria ser transferido ao estudante e aplicado à realidade daquela comunidade.

Para dinâmica foi elaborado um instrumento didático para questionar e problematizar o tema. A turma foi dividia em pequenos grupos, com o intuito de proporcionar maior participação e para estes foram designado acadêmicos responsáveis pela condução dos trabalhos.

O dispositivo utilizado, uma carta presente individual e secreta, dada a cada um dos estudantes, informava que a partir daquele momento eles haviam recebido, um bebe, e estes deveriam trazer ao grupo  sentimentos em relação aquela nova realidade. Inicialmente, ao ler a carta, muitos se surpreenderam e questionaram como se posicionar. Este sentimento foi significativo pois mostrou que muitos não esperavam a paternidade naquele momento.

A partir dai foi dado inicio as rodas de conversa, onde cada um dos estudantes explorava a temática da gravidez no contexto juvenil, trazendo conhecimentos prévios que foram utilizados para guiar o intercambio de informações. No decorrer da exposição de ideias foram abordados temas como a gravidez na adolescência, suas implicações no contexto social, educacional e familiar, questões como a utilização dos métodos contraceptivos, doença sexualmente transmissíveis, e HIV. Para cada uma destas forma trazidos conhecimentos acadêmicos de forma clara e sem preconceitos à comunidade estudantil.

Para o segundo encontro foi elaborado uma palestra que norteava as principais dúvidas dos estudantes, e que trouxe novas perspectiva ao direcionamento do projeto, posto que notou-se a presença de tabus relacionados a sexualidade, meios contraceptivos e prevenção de doenças.

Em falas juvenis, sexualidade se entrelaça com afetividade e  relações sociais de distintas ordens. Tanto provoca risos, ênfase em discursos sobre prazer e amorosidade, quantos receios, preocupações e cuidados, ainda que tal tônica esteja mais presente em discursos de pais e professores, o que se relaciona aos tempos de Aids e aumento da gravidez juvenil (SILVA, 2015).

A palestra foi ministrada por um grupo de acadêmicos de forma clara, objetiva, utilizando uma linguagem jovem, fluida e que permitiu compreensão e interação os estudantes, acadêmicos das informações ali compartilhada.

Ao final da palestra foi realizado um game onde eram levantadas questões relativas à discursão. Para instigar a participação foram ofertados pequenos prêmios. Isto trouxe grande satisfação, pois se percebeu a integração da turma, além da certeza de grande parte do conteúdo foi recebido de forma produtiva pelos estudantes.

O terceiro encontro seguiu à exploração de conteúdos de maior complexidade, como  a PreP e a PeP. Além disso, foi realizado um debate onde a metodologia aplicada voltava-se ao conteúdo ministrado. Questões desenvolvidas pelos acadêmicos eram levadas ao estudante e estes  buscavam informações aplicáveis a esta temática.

Este modelo permitiu compreender, sob a ótica da comunidade, as implicações dos conhecimentos repassados e como, valendo-se do conhecimento adquirido, o estudante se posicionava a cerca da temática.

No quarto e ultimo encontro foi realizada uma mesa redonda, com foco nas perspectivas a cerca da temática. Quais os desafios para o jovem contemporâneo no que tange o meio social,  escolar, suas expiações e temores. Foram discutidos ideais acadêmicos, planejamento familiar, acesso a educação,fecundidade e natalidade. Outro tema discutido foi a presença da mulher do mercado de trabalho, e os novos significados para o conceito de família.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que os temas abordados, inesperada e felizmente, transcenderam a temática proposta inicialmente, tanto no que se refere à profundidade dos questionamentos levantados quando ao grau de compreensão, envolvimento e participação das turmas com o projeto acadêmico. Fato extremamente satisfatório e animador pois reflete a importância e o poder de mudança dos projetos acadêmicos atuantes na comunidade. 


Palavras-chave


Educação em Saúde; Gravidez na Adolescência; Descentralização do SUS