Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A CONFORMAÇÃO HISTÓRICA DAS CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE DAS COMUNIDADES INDÍGENAS EXPRESSAS NO SEU TERRITÓRIO
Alisson Maurício Monteiro, Junir Antonio Lutinski, Vanessa da Silva Corralo, Carla Rosane Paz Arruda Téo

Última alteração: 2018-02-06

Resumo


Apresentação

O enfoque ecossistêmico de saúde contribui significativamente no processo de compreensão das relações entre saúde e ambiente, congregando teoria e prática em uma abordagem crítica e reflexiva de ambos os componentes. O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre a saúde e o ambiente em um território indígena situado no município de Chapecó, Santa Catarina, na perspectiva da Abordagem Ecossistêmica em Saúde (AES).

 

Método

A partir de uma proposta pedagógica da disciplina “Saúde, território e ambiente”, do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó-UNOCHAPECÓ, foi realizada visita à uma aldeia indígena, com o intuito de conhecer o território, a história, os recursos, carências, políticas e demandas da população indígena local. Foram utilizados como recursos para coleta de dados entrevistas, observações e fotografias. Na análise das informações, definiu-se a situação/problema a ser narrada a seguir: a conformação histórica das condições de vida e saúde dos indígenas expressas no seu território. A atividade contou com a autorização prévia das lideranças da comunidade e todos os preceitos éticos foram respeitados.

 

Resultados

A população indígena e suas condições de vida e saúde estão intimamente ligadas com os sistemas ambientais, sociais, culturais e, também, econômicos. Claro que isso também condiz com a realidade das outras populações, contudo, no contexto histórico de desenvolvimento do Brasil, os indígenas foram inteiramente impactados pelas transformações socioambientais vinculadas aos modelos culturais e econômicos introduzidos pelos colonizadores. O deslocamento de princípios que embasavam a vida do indígena – a exemplo da sinergia com o ambiente e o vínculo com a terra e a subsistência – para um modelo societário “estrangeiro”, produziram rupturas que ressoam nas condições de vida e saúde dessa população ainda hoje. Embora que o Estado brasileiro tem sido responsabilizado pela formulação e implementação de políticas indigenistas, ainda se percebe a incipiência e fragilidade do processo de atenção às populações indígenas. Na etapa de análise das questões socioecológicas, atores sociais e governança, se destacam os relatos de marginalização do índio, seja na expressão do preconceito com o seu modo de vida (que passa por um processo de aculturação, cabe salientar), ou na privação do acesso às condições básicas de saúde, a exemplo de água potável e saneamento básico, como expressam os registros fotográficos do território. Relatos apontam para interesses conflitivos entre os diferentes atores sociais envolvidos na gestão do território indígena, que acabam por desvaler os interesses e necessidades da população. Ambos os aspectos se refletem nas vulnerabilidades em saúde percebidas no território: degradação do ambiente, restrição ao acesso aos bens e serviços essenciais, além da questão de precariedade no saneamento básico.

 

Considerações finais

Por ser uma abordagem orientada para a ação, a AES propõe que, conhecido o problema por meio da descrição e narrativa dos sistemas, este conhecimento precisa ser implicado na transformação da realidade. Nesse sentido, é importante considerar o papel da universidade em desenvolver ações com a comunidade, prospectando o conhecimento para além das fronteiras do saber, situando-o como instrumento compartilhado de transformação social e, também, ambiental.


Palavras-chave


Saúde; Território; Ambiente