Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PARTO VAGINAL CONDUZIDO POR ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM BASEADO NA TEORIA DO CONFORTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Aviner Muniz de Queiroz, Débora Pena Batista e Silva, Alyne Nogueira Paz, Raquel de Maria Carvalho Oliveira, Sarah Vieira Figueiredo, Leticia Alexandre Lima, Ilvana Lima Verde Gomes, Macedônia Pinto dos Santos

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


A disciplina Enfermagem em Saúde da Mulher no 6º semestre da Universidade Estadual do Ceará (UECE) possibilita aos alunos interligar a realidade observada nos estágios acadêmicos com o que aprenderam em sala de aula. No estágio acadêmico, os alunos desenvolvem suas habilidades teórico-práticas realizando assistência de enfermagem às pacientes e como avaliação final da disciplina foi estabelecido que esses elaborassem um estudo de caso. Dentre os conteúdos abordados no semestre, o de parto vaginal foi uma das temáticas de destaque da disciplina, diante disso optou-se por esse assunto para a elaboração do estudo de caso. As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacam as boas práticas para o parto normal e nascimento, estabelecendo que o parto é natural e que precisa apenas de cuidados. Apesar de evidências científicas que demonstram os benefícios do parto vaginal, muitas mulheres optam pela cesariana por medo, insegurança, falta de conhecimento e pela dor. A OMS recomenda que a taxa de cesáreas não deve ultrapassar 15%, no entanto no Brasil a taxa de prevalência é alta e estar relacionada com fatores socioeconômicos e culturais e não à riscos obstétricos. É essencial a mudança dessa realidade, e a assistência de enfermagem voltada para as boas práticas do parto normal pode ajudar nessa mudança, possibilitando o empoeiramento e autonomia da gestante. A gravidez e o parto para a mulher são momentos de ansiedade, dúvidas e de medo, principalmente para as primíparas. Sendo preciso que o profissional promova um cuidado direcionado para amenizar esses sentimentos que podem interferir no trabalho de parto. Os profissionais de saúde devem aumentar a autoestima e encorajar a participação da mulher no seu planejamento de cuidado, além de promover o conforto. As visões e desejos da parturiente são importantes e tem que ser respeitados. A participação do acompanhante durante a gravidez e trabalho de parto é fundamental. Para assistir com qualidade, a enfermeira necessitar embasar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) a uma teoria de enfermagem, visto que a teoria organiza o cuidado. A Teoria do Conforto de Katharine Kolcaba, aborda que o conforto é uma experiência imediata, caracterizada por sensação de alívio e tranquilidade, considerando os contextos. Sendo então a satisfação das necessidades humanas básicas, oriunda do cuidado de enfermagem, atribuída pela prática de intervenções denominadas “medidas de conforto”. A Teoria de Katharine Kolcaba propicia a assistência de enfermagem da parturiente de acordo com suas necessidades básicas, respeitando suas opiniões e desejos, desde que estes não interfiram na sua saúde e na do feto. Diante disso, o trabalho teve como objetivo relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem durante a condução do parto vaginal em um banheiro do Centro de Parto Normal de um hospital no Município de Maracanaú-CE. O estudo é caráter descritivo, constituído em um relato de experiência de uma vivência de acadêmicas de enfermagem, no 6° semestre da UECE, na disciplina de Enfermagem em Saúde da Mulher, durante o estágio no Centro de Parto Normal (CPN) de um hospital de referência do município de Maracanaú-CE, que ocorreu no dia 14 de dezembro de 2017. A amostra é composta por uma parturiente. As informações foram obtidas por meio da experiência de conduzir o parto vaginal. Buscou-se durante o trabalho de parto realizar uma assistência baseada na teoria do conforto de Katharine Kolcaba. Para a realização de um cuidado de enfermagem de qualidade, primeiramente, foram observados o histórico da parturiente, realizado anamnese e exames físicos, e desenvolvidos diagnósticos de enfermagem de acordo com a Classificação Internacional de Enfermagem (NANDA) que representassem as necessidades da parturiente no trabalho de parto. Na avaliação foram apontados os resultados esperados para que a cliente alcançasse um maior conforto. No planejamento foram determinadas as intervenções. Ao final, foi observado se todos os resultados esperados foram alcançados atendendo as necessidades da paciente. O Estudo respeitou a dignidade e autonomia humana, conforme as normas da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Durante o segundo dia das acadêmicas de enfermagem, em um dos campo de obstetrícia, nos foi solicitado que acompanhássemos uma Parturiente de 20 anos, primigesta, encaminhada para o Centro de Parto Normal (CPN) com 9 cm de dilatação, bolsa rota, orientada, mas agitada e não cooperativa, queixava-se do ambiente hospitalar pelo número de profissionais na sala de parto (SP) e da posição em decúbito, pois relatava fortes dores lombares. Paciente mostrava-se ansiosa, com medo e também foi observado que a acompanhante (mãe) deixava a parturiente insegura, pois solicitava constantemente a cesárea argumentando que a filha não iria conseguir progredir com o parto vaginal. Foi realizada a coleta de dados e elencados os diagnósticos de enfermagem, tornando possível o emprego correto da escuta e massagem terapêuticas para o relaxamento da parturiente para o alívio da dor aguda, além do emprego de palavras de encorajamento e suporte visto que se tratava da sua primeira gestação, conseguindo transmitir confiança reduzindo a ansiedade, medo e a insegurança. Foi solicitada a redução da equipe e também que a mãe se ausentasse por instantes da SP, para acalmar a parturiente. Após a saída da acompanhante e de parte da equipe, a parturiente sentiu-se mais confortável para solicitar um banho e relatou vontade de defecar, foi levada ao banheiro e oferecida a posição semi-sentada ao chuveiro, e neste momento deu início aos puxos sem que o profissional precisasse induzir, observou-se o polo cefálico do RN e prosseguiu o parto em decúbito dorsal com as pernas semi-fletidas em um colchão no local. RN nascido vivo, do sexo masculino, colocado em contato pele-a-pele. Delivramento e desprendimento da placenta na modalidade Baudelocque Schultze; placenta integra. O 4º período clínico evoluiu fisiologicamente, formação de globo de pinard, sangramento transvaginal fisiológico. Apresentou-se orientada, deambulando sem apoio, sem queixas e orientada acerca dos cuidados perineais. Assim, é visto que assistência de enfermagem que foi prestada a mulher em trabalho de parto foi um desafio para as acadêmicas de enfermagem mas uma experiência bastante enriquecedora, que possibilitou um olhar mais humanístico, sem deixar de lado o uso de teorias e da qualidade da assistência de enfermagem, tendo em vista que cada personagem exerceu seu papel, onde a paciente é a protagonista do seu parto e a enfermagem pode fazer avaliação, prestar as medidas de conforto, o apoio emocional, as informações e instruções. Quanto a utilização da teoria do conforto pode facilitar e favorecer o parto vaginal com a redução do medo e o alívio da dor e das queixas da parturiente. A condução do parto dentro do banheiro evidenciou o empoderamento da mulher e também dos profissionais, demonstrando que o cuidado é mais profundo do que o procedimento exclusivamente tecnicista, mas nos desafia a experimentar as individualidades e a lidar de maneira profissional e não menos excelente.

 


Palavras-chave


Parto Humanizado; Teoria de Enfermagem; Saúde da Mulher