Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
193º/AL ESCOTEIROS DO FOGO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ESPAÇO DE VIVÊNCIA E DE FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES
Rômulo Silva Guedes de Araújo, Audrey Moura Mota Gerônimo, Giordan Magno da Silva Gerônimo, Heubert de Lima Guimarães, Aubert Kristhian Santos Alves, Bruna Paesano Grellmann

Última alteração: 2018-05-01

Resumo


O Escotismo é um movimento educacional de jovens de abrangência mundial, sem vínculo a partidos políticos, baseado no voluntariado, que conta com a colaboração de adultos. Presente em 216 países e territórios, abrangendo um total de 28 milhões de filiados distribuídos em todos os continentes do mundo no ano de 2005, apenas seis países não possuem grupos escoteiros. Valoriza a participação de pessoas de todas as origens sociais, etnias e credos, de acordo com seu Propósito, seus Princípios e o Método Escoteiro. Foi concebido pelo seu Fundador, Baden-Powell (B-P), em 1907 e adotado pela União dos Escoteiros do Brasil, a partir de 1910 na cidade do Rio de Janeiro. No país já são mais de 100 mil escoteiros em 2017, com mais de 20 mil famílias envolvidas com o escotismo somente no estado de São Paulo. Trata-se de um movimento que segue os mesmos princípios e método proposto por B-P em todas as regiões do planeta, mesmo com pequenas alterações. O propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que as crianças e os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter. Assim, ajuda-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu Projeto Educativo. Caracterizando o maior movimento organizado de educação não-formal, o Movimento Escoteiro tem como base a Promessa e a Lei Escoteira. Seus fundamentos se dão por meio da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, conduzindo o jovem para que assuma o seu próprio crescimento, tornando-se um exemplo de fraternidade, altruísmo, responsabilidade, lealdade, respeito e disciplina. Regulamentado no território nacional através do Decreto-Lei nº 8.828, de 24 de Janeiro de 1946, o Escotismo foi reconhecido no país como uma instituição extra-escolar. Pela sua natureza, enquadra-se entre as instituições escolares que visam complementar a educação formal nas unidades de ensino formal, o que se configurava como um procedimento comum no Brasil a partir da redemocratização de 1946, após o Estado Novo de 1937. As crianças e os jovens de um Grupo Escoteiro são separados em grupos (Alcateia, Tropa Escoteira, Tropa Sênior ou Clã Pioneiro), com atividades adaptadas à idade e à mentalidade de acordo com o objetivo educacional que se pretende alcançar (como socialização e independência). O Grupo Escoteiro do Fogo Charlie Bravo Zero iniciou suas atividades em Julho de 2017, compondo um dos projetos sociais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas, buscando como objetivo principal a junção do método escoteiro de ensino com a educação prevencionista. Falar em prevenção envolve reconhecer a importância do conceito de resiliência, que tem relação com a capacidade de enfrentamento de crises, traumas, perdas, graves adversidades, transformações, rupturas e desafios, elaborando as situações e desenvolvendo a capacidade de se recuperar dela. Ações como reformular estratégias, ajustar-se às novas oportunidades e tendências, buscar a construção de um futuro melhor e não se limitar a se defender com situações relacionadas com o passado, a busca por trilhar passos evolucionários e ritmados nas mudanças necessárias evitando ações abruptas e sem controle contribuem para aumentar o grau de resiliência e, por conseguinte, reduzir a sua vulnerabilidade ao risco. Caracterizar uma comunidade como resiliente requer considerá-la possuidora de um alto poder de recuperação. Desta forma, assumiu-se como missão a formação de multiplicadores neste ramo do conhecimento, que busca a prevenção contínua e proativa, por parte de toda comunidade envolvida. O grupo atende crianças e jovens, abrangendo as faixas etárias dos 6 anos e meio aos 15 anos, distribuídos nos Ramos Lobinho (6 anos e meio à 10 anos) e Escoteiro (10 anos à 15 anos). Trata-se de relato de experiência de adultos voluntários que integram o grupo de escotistas, durante o período de atuação no ano de 2017, na cidade de Maceió, Estado de Alagoas. O grupo é composto por uma Tropa Escoteira completa, atendendo a 4 patrulhas com 8 jovens em cada uma delas, totalizando 32 jovens. No Ramo Lobinho estamos atualmente com uma alcateia, tendo iniciado as atividades com duas alcateias, com 4 matilhas cada, atendendo um total de 48 crianças e encerrando o ano com apenas 28 crianças. O projeto educativo do Movimento Escoteiro visa contribuir na formação de cidadãos responsáveis que compreendam a dimensão política da vida em sociedade, capazes de desempenhar um papel construtivo na comunidade e que tomam suas decisões guiados pelos princípios escoteiros. Dessa forma, nesse primeiro ciclo de planejamento, foram desenvolvidas ações direcionadas a primeiros socorros, prevenção de incêndios, segurança no trânsito, resgate aéreo, salvamento no mar, além das questões específicas relacionadas ao escotismo, como oficina de nós, trilha e pista, acampamento, construção de fogão de barro para culinária mateira, canoagem, pioneirias, dentre outras ações. Como norte das ações desenvolvidas, busca-se a formação de cidadãos responsáveis, participantes e úteis em sua comunidade, que sejam capazes de transmitir as informações aprendidas e que intercedam na busca por uma sociedade mais equitativa, solidária e fraterna, base do próprio Movimento Escoteiro. Revela-se como um método de ensino que se fundamenta em educar para a liberdade, procurando desenvolver a capacidade de pensar criativamente, mais do que a aquisição de conhecimentos ou de habilidades específicas, que se baseiam em princípios técnicos. Vai além ao partir da convicção de que todos são capazes, de que os indivíduos desenvolvam diferentes capacidades e mesmo de que as pessoas oprimidas têm interesse em superar o seu status de grupo menos favorecido. Ademais, os multiplicadores assumem a responsabilidade de transferir o conhecimento recebido por meio de uma linguagem de fácil entendimento, tornando a aprendizagem concreta e acessível, uma vez que fazem parte da realidade ao qual pretendem interceder. Como expressão dos princípios sociais do Movimento, o Método Escoteiro é propício na contribuição de que as crianças e os jovens assumam uma atitude solidária e fraterna, vindo a realizar ações concretas de serviço, que se integram progressivamente ao desenvolvimento de suas comunidades e concentrando uma força motriz transformadora de uma realidade. É uma proposta de aprendizagem que parte de uma base teórica processualmente confrontada com a ação prática, dando significado e possibilitando que a verdadeira aprendizagem se estabeleça. Em todas as ações realizadas o eixo norteador partiu de uma metodologia que busca capacitar os participantes a multiplicar o conhecimento adquirido dentro de suas relações cotidianas, seja na convivência familiar, seja no ambiente escolar ou em sociedade, o que reflete positivamente na comunidade ao qual estão inseridos. O processo de formação de agente multiplicador otimiza diretamente o universo impactado, potencializado pelo conhecimento prevencionista agregado às ações, resultando em comunidades mais resilientes e fortalecendo ainda mais a proposta metodológica que integra o Movimento Escoteiro. Enfim, é inquestionável o poder de transformação social, individual e cultural dos envolvidos com o Movimento Escoteiro, ressaltando o impacto a longo prazo, quando se considera que as crianças e os jovens representam a sociedade do amanhã, já que o Escotismo educa para a vida.

Palavras-chave


Escoteiros; Formação de multiplicadores; Educação prevencionista