Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ATIVIDADE FÍSICA EM ADOLESCENTES RIBEIRINHOS DA AMAZÔNIA
Felipe Saul da Costa Wanzeler, Júlia Aparecida Devidé Nogueira, Júlia Aparecida Devidé Nogueira

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


A Atividade Física (AF) é um fenômeno que recebe destaque no âmbito acadêmico e em políticas públicas contemporâneas em função de seus benefícios diretos e indiretos relacionados à promoção da saúde e prevenção de doenças. No entanto, a prevalência de AF vem, consistentemente, diminuindo em diversas partes mundo, sendo essencial monitorar indicadores de AF e seus fatores associados em diferentes grupos populacionais. Pouco se sabe sobre a AF em populações tradicionais ou rurais, como as que habitam no interior da floresta Amazônica. Desvelar aspectos relacionados a esse comportamento em populações historicamente relegadas ao anonimato científico é fundamental para que ações e políticas públicas possam ser desenvolvidas de forma adequada às necessidades locais. Nesse sentido, a presente pesquisa estimou a AF e investigou suas potenciais associações com variáveis sociodemográficas e de saúde em uma população de adolescentes escolares ribeirinhos do Distrito do Bailique, Macapá, Brasil. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e de delineamento transversal, com uma amostra composta por 87 estudantes adolescentes entre 14 e 19 anos de idade. A AF habitual foi estimada por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão longa. Variáveis sociodemográficas, estado nutricional e percepção de saúde autorrelatadas foram sistematizadas e analisadas. A tabulação de dados e as análises estatísticas de qui-quadrado foram realizadas com o auxílio dos programas EpiInfo e SPSS, considerando o nível de significância em p<0,05. As frequências de adolescentes suficientemente ativos em uma semana habitual foram: 67% no domínio deslocamento; 50,5% no domínio domicílio e 49% no domínio lazer. Ao agrupados todos os domínios da AF, 70% dos participantes foram classificados como suficientemente ativos. Diferenças significativas e proporcionalmente expressivas foram identificadas na análise dos domínios da AF por gênero, os rapazes ribeirinhos foram mais ativos nos domínios da AF no lazer (77,6%); enquanto a maioria das moças só atinge aos critérios de AF relacionados à saúde pela frequência e pelo dispêndio elevado de esforço em atividades realizadas nas tarefas domesticas (60%) e no deslocamento (71%); e claramente são excluídas do lazer ativo e/ou ao brincar. Associações entre a AF e outras variáveis independentes foram semelhantes às evidenciadas em estudos sobre o tema, destacando-se a associação entre AF total e classe econômica. A presente pesquisa fornece informações relevantes para a compreensão de algumas variáveis associadas aos padrões de AF dos ribeirinhos adolescentes. Ademais é importante refletir o fenômeno da AF para além dos impactos fisiológicos atrelados ao gasto energético total, e se questionar se a AF no deslocamento e domicílio, muitas vezes realizada em condições adversas, também promove saúde. Para tal, é necessário incorporar outros referenciais teóricos aos estudos, como o da epidemiologia crítica, delineamentos mais robustos e metodologias qualitativas. Sugerimos a realização de mais estudos a partir da realidade dessas populações, com métodos e instrumentos que possibilitem ampliar a compreensão de outros determinantes sociais e também da subjetividade dos seus participantes, uma vez que o contexto em que vivem se difere dos contextos rurais e urbanos evidenciados na maioria dos estudos.


Palavras-chave


Práticas corporais; saúde; população do campo e da floresta, Região Norte