Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A Rede de Urgência e Emergência a partir do Serviço Móvel de Urgência/SAMU como serviço-sentinela em Rede Viva
Emmanuela Amorim

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Introdução

O estudo está relacionado à pesquisal nacional: Observatório Nacional da Produção de Cuidado em diferentes modalidades à luz do processo de implantação das Redes Temáticas de Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde: Avalia quem pede, quem faz e quem usa, que objetivou compreender a produção do cuidado nas diferentes redes de atenção à saúde em diversos municípios do país. Em Recife/PE, a pesquisa se voltou para a Rede de Saúde Mental e sua relação com a Atenção Básica e Rede de Urgênvia e Emergência-RUE.

Na RAC Recife, partiu-se da compreensão do SAMU como um serviço-sentinela, conceito originalmente relacionado ao conceito de evento-sentinela da epidemiologia, e que no caso da RAC RUE Recife da RUE, o SAMU como um serviço de destaque na rede de urgência. Apostou numa antropofagia do conceito “SAMU serviço-sentinela” para avaliar rede partiu da percepção de o mesmo circula em diferentes serviços da Rede RUE no intuito de dar o prosseguimento ao cuidado em urgência de uma vida em risco de morte eminente. A pessoa na situação de “vida por um fio” que dá entrada (ou não) na Rede RUE por meio do SAMU teria um primeiro momento de atendimento em uma linha de cuidado em urgência, mas necessitaria de outros pontos da rede para dar continuidade ao cuidado. Partindo-se desse cenário da RUE e do papel de serviço sentinela que representa o SAMU nessa Rede, foi se desenvolvendo a pesquisa.

O objetivo desse trabalho foi contextualizar a construção desse modo de produção da RAC RUE em Recife, tomando-se como importância as interlocuções da equipe de pesquisadores RAC RUE Recife para a aprovação e execução da pesquisa no município e algumas análises preliminares sobre elementos de potência e dificuldades dessa rede na articulação do cuidado em urgência.

 

A RUE-Recife a partir do SAMU: (re)desenhando do método no pesquisar

O SAMU foi criado no Brasil em 2003 a partir da Portaria Nº 2.048/GM de 5 de novembro de 2002, sendo um serviço que implementa a Assistência Pré-hospitalar (APH) na rede de urgência e emergência do SUS. A APH é prestada aos indivíduos com quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar, podendo acarretar sofrimento, sequelas ou morte. Para tanto, deve coordenar meios, processos e fluxos que visem garantir a sobrevivência do paciente, interagindo com todos os componentes da rede de assistência local à saúde.

O SAMU Recife/PE foi implantado em 21 de dezembro de 2001, um dos pioneiros no Brasil, sendo o serviço aeromédico o componente implantado em julho de 2011. Em 2016, o SAMU Recife contava com uma frota de 6 Unidades de Suporte Avançado (USA), 18 Unidades de Suporte Básico (USB), 4 Motolâncias e também com 2 helicópteros que fazem parte de convênios firmados com a Polícia Rodoviária Federal (PRF/PE) e o Grupamento Tático Aéreo (GTA/SDS/PE), vinculado à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS/PE).

Composição da equipe: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores, treinados pelo Núcleo de Educação Permanente (NEP) do SAMU Recife/PE. A USA tem equipe composta por 01 médico, 01 enfermeiro, 01 técnico de enfermagem e 01 condutor; a USB é composta por 01 técnico de enfermagem e um condutor.  A aeronave tem equipe composta por 01 médico e 01 enfermeiro, além do piloto e 01 tripulante operacional.

Na equipe de pesquisadores locais contava-se com as narrativas de pesquisadores trabalhadores do SAMU. Apostou-se em outros métodos como o grupo focal e o diário de campo do pesquisador-trabalhador SAMU da RAC RUE Recife, arranjo que aponta uma lógica da atuação do próprio serviço: princípio da não maleficência, de não causar prejuízo à prestacao do atendimento.

Foram três caminhos metodológicos: Primeiramente, recorreu-se a fontes documentais e diários de campo. Em seguida, realizou-se 2 grupos focais com trabalhadores SAMU, objetivando trazer diferentes narrativas em grupo sobre o atendimento em urgência em rede, sendo um grupo focal com profissionais do serviço aeromédico e outro com equipe SAMU suporte básico. A partir dos grupos focais, pretendeu-se identificar pessoas que usaram o serviço do SAMU, o que seria o terceiro caminho rumo ao usuário-guia. Contudo, mesmo após a realização dos grupos focais, não se conseguiu identificar usuário que vinhessem a participar da pesquisa.

Os critérios de escolha participantes dos grupos focais foram o tempo de experiência/vivência no serviço e o local de lotação/atuação, com o intuito de enriquecer a discussão e dar complementariedade aos relatos.

 

SAMU: Quando quem cuida está numa fronteira da linha vida-morte na via pública

O trabalho no SAMU está nas mãos do socorrista atuando direto com a vítima, seguindo o protocolo de atendimento, decidindo de forma imediata sobre qual a melhor condução para o suporte à vida naquele momento urgente. E neste cenário limítrofe, trabalha-se com três prioridades: a avaliação da cena, com garantia de segurança para a equipe e da vítima; a avaliação da vítima e a classificação de prioridade de atendimento, em caso de múltiplas vítimas.

Esse sentimento de enfrentamento do risco entre a vida e morte, mas de heroísmo pelo salvamento de vidas quando são salvas, mas de demônios pelo não salvamento. Assim alguns relatos de incapacidade de se salvar por situações em que não era possível agir, por conta de impedimentos técnicos, os olhares do entorno eram de revolta. Os socorristas, em sua atuação de salvamento em situações extremas, ora são deuses ou demônios.

No que se refere à articulação do SAMU na RUE, foram tratadas as limitações na comunicação entre o SAMU e unidades hospitalares ao qual se encaminham os usuários e as afetações geradas nestes trabalhadores, comprometidos com a viabilidade da condição de vida dos usuários por eles assistidos. Se por um lado, se afirmava o reconhecimento do trabalho do SAMU em que, mesmo em situações extremas, é possível realizar o trabalho de salvamento.

No caso dos trabalhadores de unidades básicas, no grupo focal até se indicou algumas chamadas de pessoas que acionavam o SAMU192 de forma recorrente. Algumas pessoas com doença que não era tão grave, mas em estado de agudização, por falta de retaguarda de serviços de saúde em seus territórios para realizar atendimento a pequenas urgências, acabavam acionando o SAMU para a remoção.

 

Considerações finais

O SAMU se mostra um potente observatório da rede de urgências e emergências. Contudo, analisar o cuidado prestado ao usuário pelo serviço SAMU não é tarefa simples, pela própria situação aguda ao qual o mesmo se encontra, além da natureza do atendimento que pode incluir situações de risco e necessidade de rápida intervenção, o que em determinadas ocorrências não dá condições do usuário avaliar o cuidado a ele prestado.


Palavras-chave


Rede de Saúde;Rede Urgência Emergência; Serviço de Urgência e Emergência