Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O DECLÍNIO DA FUNÇÃO COGNITIVA NO ENVELHECIMENTO DA MULHER
Elaine Santos da Silva, Cinoélia Leal de Souza, Vanda Santana Gomes, Roberta Lopes da Silva, Núbia Rêgo Santos, Ane Carolline Donato Vianna, Leandro da Silva Paudarco, Daniela Teixeira de Souza Moreira

Última alteração: 2017-10-18

Resumo


Apresentação: o crescimento da população idosa mundial vem sendo observado ao longo dos últimos anos. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo, e, em 1998, quase cinco décadas depois, esse número avançou para 579 milhões, um aumento de quase oito milhões por ano. As projeções indicam que em 2050 a população idosa será de 1,9 bilhão de pessoas. As mulheres idosas estão em maior número na população de os idosos de todas as regiões do mundo, e as estimativas são que as mulheres vivam, em média, de cinco a sete anos a mais do que os homens.  No entanto, observando esses dados sob outro ponto de vista, entende-se que viver mais não é sinônimo de viver melhor, pois as mulheres ainda possuem diferenças e desvantagens historicamente construídas em relação aos homens, como salários inferiores, dupla jornada de trabalho, discriminação, violência, solidão pela viuvez, níveis mais baixos de escolaridade. É importante considerar que o envelhecimento da população traz a necessidade de reorientação das políticas públicas, tanto nas questões sociais quanto previdenciárias, e, sobretudo de saúde, pois o envelhecimento vem acompanhado de alterações físicas, sociais e mentais. Nesta perspectiva, este estudo objetivou avaliar a função cognitiva e suas implicações na qualidade de vida de mulheres idosas de uma população geral. Desenvolvimento: pesquisa quantitativa, descritiva transversal, realizada com 550 mulheres, em Guanambi-Bahia-Brasil, no ano 2016, com uso dos intrumentos de levamento de dados: Mini-exame do estado Mental (MEEM), atraves dele é possível avaliar as funções cognitivas, o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref), que é constituído por 26 perguntas que considera como a pessoa avalia sua qualidade de vida e o quão satisfeito está com a saúde, e também um Diagnóstico Situacional, elaborado pelos pesquisadores para levantamento de características sociodemográficas. A análise foi univariada, bivariada, com o teste de qui quadrado de Pearson, e regressão logística múltipla, com o software Stata versão 10. A pesquisa foi realizada de acordo com a resolução n. 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, aprovada pelo Comitê de ética e Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), sob o protocolo CAAE: 50695415.5.0000.5578, e todas as participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: O envelhecimento populacional traz preocupações para o setor saúde principalmente no que se refere a melhor qualidade de atendimento aos idosos. Têm-se muitas vezes situações de vulnerabilidade do idoso, o que implica num olhar diferenciado dos serviços de saúde para este público. Participaram do estudo 550 idosas residentes do município de Guanambi – Bahia no ano de 2016. Sabe-se que, o avançar da idade acarreta alterações importantes para a saúde do idoso, tanto sociais, quanto fisiológicas, e no que se refere às características sóciodemográficas se observou uma maior concentração na faixa etária de 66 a 70 anos (30,5%,) seguidos das que estavam entre 71 a 80 anos (26,0%). Segundo a escolaridade, 78,4% das idosas possuíam baixa escolaridade, ou seja, menos de oito anos de estudos, 59,1% se autodeclararam da raça/cor da pele negra (união de pretas e pardas) e 53,8% vivia sem companheiro, e 98,0% não era profissionalmente ativa. As correlações entre o estado metal e a escolaridade foram mais significativas do que com a idade. A baixa escolaridade influência de forma negativa o desempenho cognitivo, a pontuação média dos idosos mais escolarizados (4 anos e mais) foi significativamente maior em comparação aqueles que não frequentaram a escola, o que também aponta o estudo em questão. Considera-se que as mulheres com nível de instrução mais elevado têm melhor acesso aos serviços de saúde, e que as negras mais velhas se tornam ainda mais vulneráveis socialmente, pois a discriminação impacta o acesso a uma atenção à saúde adequada. Dessa forma, as mulheres negras experimentam diferentes tipos de discriminação de raça e gênero, na qual as desigualdades impostas pelo racismo e sexismo às diferenciam no acesso aos serviços de saúde assim como no processo de envelhecimento e adoecimento. Notou-se que a percepção das mulheres idosas sobre sua qualidade de vida é afetada pelo declínio da função cognitiva, nesse sentido não apenas o avanço da idade predispõe o declínio da cognição, pois fatores como a escolaridade e o acesso a melhores condições de vida e saúde, tanto ao longo da vida quando na terceira idade, foram significativas. Nesse contexto, al­gumas explicações para esse fato se baseiam nas diferenças hormonais e genéticas especificas da mulher em suas diferentes fases, considerando estritamente o ponto de vista biológico, psicológico e social desse público. É patente também que, muitas das alterações cognitivas costumam ter evolução lenta e crônica, sendo possível planejar a assistência à saúde das mulheres idosas, para que o envelhecimento ocorra com o mínimo de dependência e com menos agravos. Considerações finais: avaliar o estado cognitivo é importante para rastrear estágios de deterioração da função cognitiva, contudo muitos idosos não costumam realizar avaliações cognitivas clínicas, fato que pode está associado ao pouco uso dos instrumentos e métodos que possibilitam essa avaliação na prática cotidiana dos serviços de saúde. O presente estudo reafirmou que a qualidade de vida das idosas está intimamente relacionada com a percepção que elas têm de si mesma, e que quando possuem alguma incapacidade funcional, tendem a avaliar o seu bem-estar como ruim. Ressalta-se que, o Mini-Exame do Estado Mental tem um conteúdo simples, capaz de fornecer informações sobre diferentes parâmetros cognitivos do indivíduo avaliado, e que é um instrumento difundido mundialmente, todavia é pouco utilizado pelos profissionais de saúde, sobretudo na atenção básica, uma vez que, os estudos realizados na área são predominantemente clínicos e hospitalares.

REFERENCIAS

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Palavras-chave


Envelhecimento cognitivo; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Idosa.