Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NO ENSINO: PERSPECTIVAS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
ADRIANE DAS NEVES SILVA, CYNTHIA DAS NEVES SILVA, REGINA COELI SOUZA E SILVA, SOLANGE DAS NEVES SILVA

Última alteração: 2017-10-28

Resumo


Apresentação: Nos últimos anos a saúde da população LGBT tem sido muito discutida, passando a ter mais visibilidade e provocando mudanças significativas nos espaços de trabalho, exigindo dos profissionais atualização constante de saberes, que possibilite o desenvolvimento de atitude crítico-reflexiva, diminuindo as práticas de enfermagem impregnadas de estereótipos, mudando a visão de binarismos, e efetivando práticas humanizadoras. A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) é uma iniciativa para a construção de mais equidade no SUS. O compromisso do Ministério da Saúde com a redução das desigualdades constitui uma das bases do Programa Mais Saúde – Direito de Todos – (BRASIL, 2008). Em seus nove artigos, indica as responsabilidades de cada esfera de gestão (federal, estadual e municipal) para execução de ações que tenham por finalidade a garantia do direito constitucional à saúde pela população LGBT com qualidade, acolhimento e humanização (BRASIL, 2013). Esta política está embasada nos princípios assegurados na Constituição Federal de 1988 (CF/88), que garantem a cidadania e dignidade da pessoa humana (Brasil, 1988, art. 1.º, inc. II e III), reforçados no objetivo fundamental da República Federativa do Brasil de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (Brasil, 1988, art. 3.º, inc. IV). Porém, no cotidiano das unidades de saúde esse direito tem sido negado a essa população seja por preconceito, falta de conhecimento e abordagem insuficiente do tema, mantendo modelos fragmentados no atendimento à população LGBT e demonstrando o distanciamento dos princípios de integralidade e equidade no SUS.  Objetivo: investigar as representações de profissionais de enfermagem sobre o conhecimento da saúde da população de Lésbicas, Gays, 

Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) durante sua formação e reflexão da atual conjuntura da saúde LGBT. Método: refere-se a um estudo descritivo exploratório, no sentido de buscar informações sobre a pesquisa, análise e interpretação do material coletado, com abordagem qualitativa, onde as realidades construídas pelos participantes serão retratadas, com base em suas experiências, relações sociais e culturais. A pesquisa utilizou 63 profissionais de enfermagem, sendo aplicado a estes um questionário, com questões abertas e fechadas, a serem respondidas pelos participantes. Sendo realizado a análise de conteúdo por categorização, que segundo Bardin (2009 p. 33) é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Da análise feita das respostas nos questionários, emergiram duas categorias: ausência da abordagem no currículo de enfermagem e/ou a abordagem superficial de sexualidade, gênero e diversidade e; inclusão da Política LGBT no ensino das Políticas de Saúde nos cursos de enfermagem. Resultados: sobre a abordagem e/ou abordagem superficial no ensino 84,1% dos profissionais ressaltam não ter sido abordado, e não se consideram preparados para lidar com as demandas apresentadas pela população. Quanto a inclusão da política no ensino, 79,4% consideram importante a inserção na grade da disciplina de saúde coletiva, no que diz respeito ao tema políticas de saúde, 12,7% não consideram necessária e 7,9% colocam que talvez seja importante. Discussão: A demanda da população LGBT vêm crescente no cotidiano das unidades de saúde, sendo necessário o preparo das equipes de saúde para o acolhimento desse grupo específico. O atendimento a essa população ainda é inviabilizado, sendo a política LGBT uma política transversal, ela perpassa pelas marcas de discriminação e exclusão, e essas questões precisam ser superadas nos serviços de saúde, efetivando os processos relacionados à saúde e doença. Ao reconhecer as diferenças existentes nessa população, precisamos pensar nas particularidades existentes em cada grupo na discussão e implementação da política LGBT. Do ponto de vista da superação dos preconceitos sociais enfrentadas, percebe-se que as políticas públicas direcionadas a população LGBT, perpassa por disputas políticas, entre os conservadores e ativistas dos direitos sexuais. E no campo da produção de conhecimentos, é incipiente ainda a construção, apesar da grande preocupação de muitos pesquisadores com as questões que permeiam esse campo. Quanto as escolas que formam profissionais de enfermagem, é emergente a necessidade de incluir temas de saúde da população LGBT, diversidade e gênero na perspectiva de práticas de ensino na perspectiva dos direitos humanos, para desconstruir o racismo existente e desenvolva uma visão multicultural de saúde. Considerações finais: é visível a necessidade da inserção no currículo escolar, em especial nos cursos da saúde de temas como direitos humanos, sexualidade e diversidade. Além de reestruturação de serviços, rotinas e procedimentos na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de superar o preconceito e a discriminação, que requer mudanças individuais e coletivas, que se baseiam no respeito às diferenças e que proporcione um atendimento integral nos serviços de saúde.

Bibliográficas

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 5ª ed. Portugal: Edições 70, Ltda, 2009.

BRASIL. I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Direitos Humanos e Políticas Públicas: o caminho para garantir a cidadania GLBT. Brasília 2008.

___________. Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. CONASS. Nota técnica. 2011

___________. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. 1ª Edição. Brasília, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf.  Acesso: 22 de setembro de 2017.

___________. Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. CONASS. Nota técnica. 2011

___________. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. 1ª Edição. Brasília, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf.  Acesso: 22 de setembro de 2017.


Palavras-chave


gênero, saúde LGBT, política LGBT, ensino de enfermagem