Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A horticultura como recurso de reabilitação psicossocial dos pacientes do CAPSad de Ponta Grossa
Patricia Pereira Valenga

Última alteração: 2017-10-18

Resumo


O presente trabalho visa demonstrar a implementação da horticultura como um novo recurso de oficina terapêutica destinado a reabilitação psicossocial dos usuários do serviço do CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas) de Ponta Grossa. 
É possível compreender através de Arruda (1962) que a atividade em horta para fins terapêuticos favorece diversas competências aos participantes, dentre elas a de se expressar, a espontaneidade e o autoconhecimento, onde é possível distinguir potencialidades de limitações. A horticultura também pode auxiliar no desenvolvimento de algumas concepções que se apresentam fragilizadas quando o paciente chega ao serviço, possibilitando o desenvolvimento dos aspectos físico, emocional e social, assim como proporcionando o desenvolvimento da autonomia nas atividades propostas.  
Pagassini et al. (2015), afirmam também que a horta como oficina terapêutica pode ser considerada como um significativo recurso para tratamento em saúde mental, visto que estimula a capacidade de autoria da própria produção, ao mesmo tempo que incita habilidades sociais, integração entre os pacientes e a troca de informações e saberes.  
Diante disso, iniciou-se o processo de construção da horta do CAPSad. Inicialmente para uma melhor organização, elaborou-se um cronograma de corresponsáveis pela horta, onde diariamente existe um encarregado por cuidar da mesma. Dentre algumas de suas funções estão: confeccionar canteiros, adubar, regar, realizar o plantio e a colheita. As mudas para plantio são trazidas pelos próprios usuários e funcionários do serviço e o grupo se reúne semanalmente nas terças-feiras no período matutino para discussão do andamento da horta e novos combinados para as próximas semanas.  
Ressalta-se que os principais protagonistas da atividade são os freqüentadores do caps ad, o grupo é formado de maneira heterogênea, atualmente composto por um número de 8 a 10 pessoas, acompanhadas por uma equipe de 3 terapeutas.  
Através desta estratégia de intervenção, analisou-se como resultado principal o estimulo ao trabalho em grupo e cooperação mútua, a troca de informações, bemcomo a descoberta de muitos pacientes de sentirem-se capazes de ensinar, de compartilhar saberes e de respeitar o saber do outro, desenvolvendo desta forma o senso crítico e a valorização da diversidade, bem como a criatividade diante de novas concepções. Outro aspecto importante observado foi a autonomia dos participantes em se dividirem nas funções diante da aptidão de cada um, onde um "entende de virar a terra", outro "entende de plantar", "de cultivar e colher", mostrando-se mais seguros em realizar as atividades que mais possuem afinidade.Têm-se ainda como objetivos e perspectivas futuras, trabalhar com assertividade o processo de reinserção social, o qual pode ser viabilizado através da vivência em grupo, possibilitando o estimulo de habilidades sociais, integração, a possibilidade de sentir-se dono de um saber, porém conseguir transmitir esse conhecimento, assim como estar aberto a novos aprendizados.  
É possível concluir, que a horta "permite que a pessoa tenha um contato direto com a terra e o prazer de se sentir útil a si mesmo e às pessoas de seu convívio"(MARUYAMA, 2005). O envolvimento com a horticultura aproxima o sujeito do ambiente natural, resgata o conhecimento popular, contribui no processo de construção crítica do saber, e como observado, pode estimular e aguçar a imaginação, trazendo benefícios psicológicos, físicos e sociais. Além disso é concebível correlacionar, sem estudos aprofundados, a prática de horticultura na diminuição da ansiedade e aumento da autoestima, da mesma maneira que caracterizá-la como um espaço de relaxamento, onde o participante mostra-se ativo na melhoria da sua qualidade de vida. 

Referências 

ARRUDA, E. Terapêutica ocupacional psiquiátrica. Rio de Janeiro, 1962. 

PAGASSINI, et al. Horta terapêutica na reabilitação psicossocial dos pacientes do CAPS Registro. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Disponivel em: http://200.145.6.205/index.php/congressoextensao/8congressoextensao/paper/viewFile/161 4/1054

MARUYAMA, W. I. Principais Produtos Hortícolas. In: Produção de Hortaliças Irrigadas: em Pequenas Propriedades Rurais. Uni-Graf – Cassilândia, MS. 2005. p 7-15.  


Palavras-chave


Horticultura; reabilitação psicossocial; dependência química