Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Extensão universitária em atenção primária à saúde e o direito à moradia: a experiência da Liga de Atenção Primária à Saúde (LAPS - USP) em uma ocupação urbana
Luiza Maria Parise Morales, Yago Matos Alves, Marina Caravaggio, Augusto Ribeiro Silva

Última alteração: 2018-05-30

Resumo


É notável e incômoda a insuficiência da discussão sobre Atenção Primária nos cursos de graduação da saúde. Diante deste cenário, alunos de graduação de diversos cursos da área da saúde da Universidade de São Paulo (USP) decidiram criar a Liga de Atenção Primária à Saúde (LAPS), uma extensão universitária de caráter multiprofissional com o intuito de aprofundar a discussão e propor atuações no âmbito da atenção primária à saúde. O projeto é ligado ao Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.

Por entender que saúde compreende muito além dos fatores biológicos e que sua produção não se dá exclusivamente dentro dos espaços dos serviços de saúde, o grupo firmou um laço com uma ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) da zona leste do município de São Paulo, a fim de entender como se dava a produção de saúde no contexto de uma ocupação urbana, e por entender que saúde também passa pelo direito à moradia, acesso à cidade e condições de vida adequadas. O objetivo não era atuar como profissionais ou propor atividades prontas, mas sim estabelecer uma troca de saberes e construir conjuntamente atividades de acordo com as necessidade e potencialidades daquele território.

Para isso, ocorreram diversas visitas à ocupação no período de 1 ano, em 2016, de forma que os grupos pudessem se conhecer e delimitar formas de atuação. As visitas objetivavam compreender o modo de vida das pessoas e a dinâmica daquele território, procurando levantar possíveis áreas de atuação para a Liga. Estes encontros culminaram na realização de algumas rodas de discussão sobre violência de gênero, realizadas separadamente com homens e mulheres. Paralelamente, ao longo de todo o processo, o grupo da Liga se reuniu para discutir as experiências vividas e planejar novos passos, contando com o valioso apoio de docentes e profissionais da rede de saúde do município de São Paulo. Além disso, foram organizadas aulas e debates sobre diversos temas relacionados à atenção primária ao longo do percurso. Porém, é interessante observar a autonomia e o engajamento da Liga, imprescindíveis para que o trabalho pudesse ser tão impactante quanto foi.

Mais do que a experiência de conhecer o cotidiano de uma comunidade distante dos moldes da universidade, esses encontros proporcionaram visões de como diferentes pessoas em diferentes contextos enxergam e produzem saúde. Ademais, foi relatado um impacto positivo decorrente das rodas de conversa, marcado pela continuidade dos processos iniciados pela Liga.

A atuação da Liga de Atenção Primária à Saúde, para além de ter sido uma experiência enriquecedora, veio no sentido de somar-se às propostas de pensar saúde para fora dos muros da universidade e dos serviços de saúde, caminhando para um ensino em saúde cada vez mais próximo dos princípios preconizados pelo Sistema Único de Saúde.


Palavras-chave


Atenção Primária à Saúde; Liga Acadêmica; Extensão Universitária