Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A EDUCAÇÃO SEXUAL COMO FORMA DE PREVENÇÃO DE IST’S NA GESTAÇÃO
Alisson Salatiek Ferreira de Freitas, Maria Simone da Costa Freitas, Lueyna Silva Cavalcante, Rafaelle Barboza Marques, Maria Iara de Sousa Rodrigues

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Apresentação: A sexualidade é uma necessidade básica do ser humano, e ao mesmo tempo, um fenômeno complexo motivado por diversos fatores que interferem na saúde e na vida dos indivíduos.  Com isso, a atuação dos profissionais da saúde mediante ao processo do cuidado e na orientação para a vivência da sexualidade na gestação torna-se imprescindível. Vale ressaltar que a gestação é um momento delicado para a saúde dos envolvidos, apesar de fazer parte do processo normal do desenvolvimento humano. Ao longo da gravidez, a mulher passa por modificações em seu corpo influenciado por fatores psicológicos, fisiológicos, hormonais. Elas sofrem estímulos externos como mitos, tabus culturais e crenças construídas ao longo do tempo que afetam o emocional e exercem marcante influência na sexualidade do casal. Essas alterações hormonais e a imunossupressão favorecem o surgimento das infecções, do mesmo modo, a prática de comportamentos de risco, como a não utilização de preservativos, possibilitando o surgimento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) que acometem a população em geral. Assim, muitas complicações nas gestantes surgem a partir das infecções do trato genital, podendo estar relacionadas com a presença de IST’s. Essas complicações afetam a saúde materna e fetal e podem trazer consequências como aborto, parto prematuro, doenças congênitas, entre outras complicações. Nesse sentido, a orientação quanto a intimidade sexual durante a gestação, deve ser debatida, a fim de se evitar agravos a saúde da família, bem como a redução de IST’s. Nessa perspectiva o pré-natal torna-se uma ferramenta fundamental na minimização dos agravos que permeiam o binômio pais-filho. Para tanto, o desenvolvimento de atividades educativas durante as consultas de pré-natal é um fator primordial para promover e assegurar a saúde da família. Associado a essa necessidade, os futuros profissionais precisam ser sensibilizados e conduzidos na sua formação para o desenvolvimento de ações educativas que envolvam todo o contexto familiar dessa gestante, incluindo os aspectos sexuais, assunto que para muitos acadêmicos é mediado por sentimento de insegurança e receio, precisando ser superado para que os mesmos possam desenvolver suas ações profissionais de maneira segura, holística e significativa. Assim, o presente trabalho tem como objetivo descrever as ações educativas realizadas durante a consulta de pré-natal com o intuito de prevenir IST’s. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência baseado em atividades educativas realizadas por acadêmicos de enfermagem do supervisionado I de um Centro Universitário localizado na regional VI de Fortaleza-CE, sobre a sexualidade e prevenção de IST’s no período gestacional, desenvolvido em Unidade Básica de Saúde localizada na cidade supracitada. Os temas abordados durante as consultas foram: atividade sexual durante a gestação; uso de preservativo; o que são IST’s e quais as consequências destas infecções na gestação. Os temas eram debatidos no decorrer das consultas de acordo com o conhecimento prévio da gestante ou do casal sobre o assunto. Foram beneficiados com as atividades um total de dez casais e dezoito gestantes que eram regularmente acompanhados na unidade de saúde durante o primeiro e segundo semestre de 2017. A educação em saúde foi desenvolvida por vinte acadêmicos de enfermagem do último ano de formação. Essa intervenção ocorreu após uma análise situacional de saúde, onde foi identificado altos índices de sífilis nas gestantes. Resultados e/ou impactos: As principais dúvidas foram relacionadas à continuidade das relações sexuais durante a gestação, onde a maioria dos casais referiu abster-se do ato sexual por medo deste oferecer alguma consequência para o bebê ou para a mãe. Em contrapartida os casais que mantinham as relações sexuais relataram não fazer uso do preservativo, pois acreditavam que durante o período da gestação o ato sexual não ofereceria nenhum risco.  Outro ponto importante foi à falta de conhecimento dos casais acerca das IST’s e de como uma possível infecção poderia influenciar negativamente no processo de gestação. O desenvolvimento das estratégias educacionais e das rodas de conversas reduziram a dúvidas existentes entre as práticas sexuais e fortaleceram o elo entre os casais, ficou evidente a redução de registros de novas notificações de IST’s nos últimos dois meses da intervenção, além de ter resgatado o papel do enfermeiro como educador, buscando trabalhar a atividade sexual no período gestacional. O acompanhamento de perto tanto das gestantes como dos casais, favoreceu para uma construção de um ambiente de troca de informações e o esclarecimento dos riscos de uma prática sexual não segura, contribuindo assim, para a identificação e o diagnóstico precoce das IST. Esse fato conduz para uma melhor qualidade de vida das gestantes e seus familiares, pois viabiliza a interrupção da cadeia de transmissão vertical e as complicações decorrentes das infecções e o tratamento imediato, diminuindo o tempo de espera e oportunizando a realização de ações educativas em saúde.  Além desse aspecto, é importante evidenciar que o conhecimento do corpo coopera no planejamento reprodutivo facilitando a compreensão da ação dos anticoncepcionais e a prevenção de IST refletindo na qualidade de vida do casal. Todos, independentemente da classe social, cor, raça, sexo, têm direito a uma sexualidade livre de constrangimento, discriminação, privacidade e sigilo no atendimento de saúde. Nesse sentido, cabe aos profissionais de saúde assistir o pré-natal proporcionando uma assistência de forma integral e humanizada à gestante, por meio da orientação a respeito das mudanças que ocorrem em seu corpo durante o ciclo gravídico e das alterações na sexualidade, desmistificando os mitos que são impostos pela sociedade com o objetivo de que esse período seja visto da maneira mais aceitável para o casal, sanando as dúvidas e minimizando a ansiedade e seus medos, sabendo que a compreensão do casal sobre a sexualidade e suas alterações na gestação proporciona um vivenciar da sexualidade na gestação de maneira saudável. Considerações finais: Observou-se que a realização de educação em saúde, orientações e rodas de conversas são estratégias eficazes e de baixo custo para redução de agravos a saúde como as IST’s na gestação, bem como o fortalecimento do vínculo familiar e a responsabilidade compartilhada entre o casal, além da promoção do autocuidado estimulado pelo enfermeiro. Para os acadêmicos as ações mostraram que a utilização de tecnologias leves é uma forte ferramenta do enfermeiro para promoção da saúde.

Palavras-chave


Cuidado Pré-Natal; Promoção da Saúde; Enfermeiro.