Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Cartografia de um cotidiano de trabalho e atenção à crise no CAPS ad III
Leiliana Maria Rodrigues dos Santos, Maria Paula Cerqueira Gomes, Marcelo Santos Cruz, Leila Vianna dos Reis

Última alteração: 2018-05-06

Resumo


Reconhece-se que a construção de uma rede substitutiva de dispositivos comunitários para a saúde mental no país tem ocorrido de maneira significativa desde a década de 90. Sendo o CAPS III e o Acolhimento Noturno propostas organizacionais estratégicos para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Nesse sentido o Caps ad é um serviço de saúde que tem a função de operacionalizar uma política construída tanto para aqueles que desejam parar de usar drogas como para os que não desejam, cuja ênfase da atenção recai sobre as relações estabelecidas entre sujeito, droga e contexto sócio-político que produz e condiciona tais relações. Norteada pela Redução de Danos. Esse estudo tem como objativo identificar e analisar as ações estratégicas da equipe de um CAPS ad III para atenção à crise no cuidado em saúde mental, álcool e outras drogas e a micropolítica do trabalho vivo. Foi realizado utilizando a cartografia e a observação participativa, com suporte do diário de campo, assim como entrevistas aos principais gestores do serviço desde a implatação. Ao olhar sobre a organização do trabalho encontramos um processo que possui movimentos e dinâmicas próprios, onde estão em ação atores que se aliam, mas que também se confrontam. A porta de entrada da unidade, ou seja, o acolhimento de primeira vez, é fundamental para todo o cuidado da pessoa que está chegando no serviço. Esse encontro pode acontecer a qualquer hora. A implantação de um serviço com Acolhimento Noturno representa mais um recurso no arsenal terapêutico e por permitir a continuidade do cuidado. Identificamos também que a valorização do vínculo entre profissionais e pacientes, e a escuta e a troca de práticas que contemplam a compreensão do contexto em que as pessoas estão inseridas, além do reconhecimento do papel do CAPS ad III para acolhimento e apoio para as situações de maior gravidade. A importância de os profissionais conhecerem pessoalmente os demais atores da rede, para que no momento da crise o risco da interrupção do fluxo de trabalho seja menor. É frequente o acolhimento em leito-noite para usuários novos, sem contato prévio com a unidade, e o estabelecimento de parcerias com outros serviços, principalmente encaminhados pela emergência psiquiátrica. O cuidado intensivo realizado pelos CAPS III, antes da utilização do pernoite. Essa estratégia inclui a participação em várias das atividades e garante a administração da medicação durante o dia, visitas domiciliares, contando com a rede de apoio do usuário. Os CAPS ad III no município do Rio de Janeiro apresentaram realidades distintas, conforme suas histórias de implantação, localização e gestão. Apesar do município ter porte populacional para implantação de CAPS III deparamos com uma rede “híbrida’, ou seja, com a presença de todas as modalidades de CAPS em sua composição. A presença dos CAPS III motiva a construção de uma “clínica antimanicomial”, pois propõem a utilização de recursos terapêuticos como estratégia de desinstitucionalização das práticas para os novos serviços, com ênfase no cuidado individualizado e no contexto da cidade. Assim vimos que o acolhimento noturno como dispositivo importante, porém não único, para acolher esse momento de crise. Podendo ser retaguarda de outros serviços da rede de saúde.


Palavras-chave


Acolhimento Noturno;Crise; CAPS ad, Redução de Danos, Saúde Mental; Reforma Psiquiatrica