Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Características maternas e do nascimento em um Município da Amazônia legal
Sabrina Macely Souza dos Santos, Siloni Pinheiro do Nascimento, Daiane Nascimento de Castro, Cléber Araújo Gomes

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO

O Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos (SINASC) é uma ferramenta do Sistema único de Saúde iniciativa do (SUS) que visa coletar e reunir informações perinatais sobre a gestação, o parto, o recém-nascido e a mãe. Este sistema permite que medidas de gestão sejam planejadas, pois mostra a realidade da população e, dessa forma, contribui para que haja melhorias nas condições de saúde.

A idade ideal para engravidar é dos 20 aos 29 anos, porque nessa fase são observados os melhores resultados perinatais e maternos. Segundo o Ministério da Saúde, considera-se gravidez de risco aquela que ocorre com mulheres maiores que 34 anos, mas, para alguns autores, essa idade é de 35 anos. Estudos revelam que é cada vez maior o número de mulheres acima dessa faixa etária que engravidam. Esse crescimento também pode ser observado em adolescentes, o que tem despertado o interesse em comparar os efeitos da idade materna sobre a saúde do recém-nascido, as condições gestacionais e o perfil sociodemográfico dessas mães.

Considerando o fato de que, tanto a gravidez na adolescência quanto na fase adulta tardia podem ser fatores de risco à saúde materna e do recém-nascido, o presente estudo tem por objetivo descrever as características maternas e do nascimento, por faixa etária, no município de Coari, Amazonas, nos anos de 2012 e 2013.

 

DESENVOLVIMENTO

Trata-se de estudo ecológico e descritivo, cujos dados foram extraídos do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (SINASC), disponível no DATASUS, nos anos de 2012 e 2013, no município de Coari, Amazonas. As características da mãe foram analisadas considerando situação conjugal e anos de estudo. As características do recém-nascido foram descritas através do sexo, raça/cor, apgar no 1º e 5º minuto, presença de anomalia congênita e peso ao nascer. Por fim, as variáveis que compuseram as condições gestacionais foram local de ocorrência do parto, tipo de gravidez, consultas pré-natal, tipo de parto e duração da gestação.

 

RESULTADOS

Nos anos de 2012 e 2013 foram realizados 3418 partos no município de Coari. Destes, 1130 (33,1%) foram de mulheres na faixa etária de 10 a 19 anos, 2066 (60,4%) nas de 20 a 34 anos e 188 (5,5%) em idade entre 35 a 54 anos. A maioria das mães, tanto na faixa etária de 10 a 19 (61,3%), quanto na de 20 a 34 (77,2%) e 35 a 54 (84,7%) anos eram casadas ou viviam em união consensual. Ao analisar o grau de instrução da mãe, percebe-se que a maior parte das adolescentes (52,9%) e mães em idade tardia (50,9%) tinham de 1 a 7 anos de estudo, enquanto as mães com idades entre 20 a 34 anos (51,7%) tinham um grau de instrução maior, cerca de 8 anos ou mais, e cerca de 18,6% do total das mães pesquisadas não tiveram nenhum grau de instrução.

Em relação às características do recém-nascido, nas três faixas etárias maternas prevaleceram as cores preta e parda. No apgar no 1º minuto, o índice mais inadequado (≤7), se deu entre as mães com faixa etária entre 35 e 54 anos (11,5%); enquanto no apgar no 5º minuto, o pior resultado foi visto nas mães de 20 a 34 anos (1,8%).Observou-se também que grande parte dos recém-nascidos em todas as faixas etárias não possuía nenhum tipo de anomalia congênita (97,2%), porém, o maior número de casos de anomalias se deu entre as mães de 20 a 34 anos de idade (0,9%). Quanto ao peso ao nascer, viu-se que a maior proporção de baixo peso foi entre as mães adolescentes (8,6%) enquanto as mães de 20 a 34 anos tiveram cerca de 6,2% e as mães de 35 a 54 obtiveram um resultado de 8,1%. As mães adolescentes e adultas apresentaram as melhores proporções de crianças com peso ideal ao nascimento (87,7%).

Em relação às características da gestação, o local da ocorrência do parto mais prevalente em todas as faixas etárias foi o hospital (97,8%). No que se refere ao tipo de parto, foram verificadas diferenças entre as faixas etárias, no qual o maior número de partos vaginais se deu entre as adolescentes de 10 a 19 anos, com cerca de 72,8%, enquanto as mães de 20 a 34 e as de 35 a 54 obtiveram uma frequência de 68,9%. Em relação à frequência de partos cesáreos, foi observada maior prevalência entre as mães adultas, que totalizaram 62% dos partos, enquanto as adolescentes obtiveram um percentual de 27,1%. A maioria das mães teve gravidez única, totalizando 99% do total.

Os resultados relacionados ao número de consultas pré-natal mostraram que a realização de 1 a 3 consultas foi evidenciada em 41,3% as adolescentes, 12,6% das adultas e 35,5 % das adultas tardias. Por outro lado, a realização de 4 a 6 consultas foi verificada em 33,9% das mães entre 10 e 19 anos, 73,7% daquelas com 20 a 34 anos e em 30,5% das mães com 35 a 54 anos.  Ao analisar a realização de sete ou mais consultas, como preconizado pelo Ministério da Saúde, observa-se que nas três faixas etárias essa rotina perde em comparação às outras categorias: ela foi observada em 17,3% das mães adolescentes, 10,2% das adultas e em 30,5% das adultas tardias. Aproximadamente 8,0% das mães não realizaram nenhuma consulta pré-natal, o que foi observado em 7,1%, 3,3% e 8,2% das mães adolescentes, adultas e adultas tardias, respectivamente.

Quanto à duração da gestação, o índice de prematuridade prevaleceu nas mães adolescentes (13,4%), enquanto as mães com faixa etária de 20 a 34 e 35 a 54 anos obtiveram um valor de 11,0% e 5,0%, respectivamente. Já os partos pós-termo tiveram um maior índice entre as mães de 20 a 34 anos, com cerca de 6,2%.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre as mães que tiveram filhos nos anos de 2012 e 2013, cerca de 33% eram adolescentes e 5,5% tinham idade entre 35 e 54 anos. A maioria eram casadas ou viviam em união consensual e as mães de 20 a 34 anos possuem mais anos de estudo quando comparadas as demais. Em relação às características dos recém-nascidos, nasceram mais bebês da cor preta e parda, e quanto ao sexo, praticamente não houve diferença entre as faixas etárias. A maioria dos recém-nascidos não possuíam anomalias congênitas, e filhos das adolescentes tiveram um apgar mais adequado quando comparados com os de mães adultas, porém, com uma porcentagem maior de baixo peso ao nascer. Grande parte dos partos ocorreu nos hospitais, e mais de 98% das mães tiveram gravidez única. Quanto ao número de consultas pré-natal foram observados números adequados e inadequados em todas as faixas etárias, porém com maiores valores entre as mães adolescentes e mães de 35 a 54 anos. O maior número de partos vaginais e prematuridade ocorreram com as mães adolescentes e quanto aos partos cesáreos, houve uma maior ocorrência com as mães adultas.

Os resultados apresentados permitem realizar uma melhor comparação entre as características maternas segundo a sua faixa etária, relacionando quesitos sociodemográficos da mãe, gestacionais e dos recém-nascidos, para que assim ocorra uma melhor avaliação das condições dessas mães no período puerperal e gravídico e sejam direcionadas ações para melhoria na saúde das mães e de seus filhos.



Palavras-chave


SINASC; recém-nascido; gestação; parto