Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-02-09
Resumo
A epidemia de AIDS no país se revelou, nos últimos anos, extremamente dinâmica e vem mudando seu perfil de indivíduos mais afetados, que outrora ficavam em sua maioria restritos as grandes cidades e a grupos de risco (hemofílicos, homossexuais, usuários de drogas injetáveis, etc.), passando a partir em direção a cidades mais interioranas, com menos condições e estruturas para lidar com a mesma, e grupos de pessoas outrora não tão afetadas, mas que hoje são altamente vulneráveis ao vírus. A cidade de Santarém, no interior da Amazônia, se encaixa nesse novo perfil e, portanto, foi escolhida para ser avaliada neste estudo, com o objetivo de traçar um perfil social e demográfico dos portadores de HIV/AIDS no período de 2003 a 2014. Tomando por base dados disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), este trabalho é de caráter exploratório, quantitativo, documental, longitudinal e retrospectivo. Ao longo do estudo, observou-se a taxa média de 20.6 detecções de casos de HIV para 100 mil habitantes, sob o mesmo parâmetro a taxa entre homens é de 25,3 e de 15,6 entre mulheres, ambos dados se sobrepõem a media nacional. Quanto a incidência de casos entre menores de 5 anos o município também se destaca negativamente se comparada a incidência nacional, mantendo uma taxa média de 4,5 casos para 100 mil habitantes, revelando uma transmissão vertical da doença ainda presente e preocupante. Contraditoriamente, a taxa de detecção em gestantes está muito abaixo da media nacional, com uma media de 6,5 casos absolutos no município. No tocante a mortalidade, Santarém também revela números positivos com média de aproximadamente 10 óbitos por ano. Como disposto acima em alguns aspectos o município de Santarém se destaca positivamente em relação ao restante do país de modo geral, revelando que políticas públicas voltadas para a região (como a instalação de CTA próprio) são capazes de mostrar bons resultados ao longo dos anos. Porém, muitos dados ainda permanecem negativos e preocupantes o que revela que ainda há certa carência nas políticas publicas implantadas, tanto quanto a estruturas (falta de material, de profissionais adequados), quanto na divulgação de informações, um serviço tão importante na prevenção dessa doença e que muitas vezes é ignorado pelo Estado. Ora, mais proveitoso do que tratar aqueles já afetados pela doença, prolongando e melhorando sua qualidade de vida, é evitar que novos casos ocorram, principalmente nesse novo grupo de risco que tem se formado na região (homens e mulheres heterossexuais, pardos e de maior escolaridade). Para tanto, é necessário também manter a presença de profissionais que vão prestar esse auxilio, desde a prevenção até a eventual necessidade de apresentar o diagnostico e ajudar os pacientes a conviverem com ele da melhor maneira possível. Nesse contexto, além da participação do Estado, trabalhos como este são de fundamental relevância, pois ajudam a traçar um perfil vulnerável para o qual se deve voltar maior atenção e cuidado para que, futuramente, esse quadro se revele mais positivo do que o atual.