Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Educação Permanente em Saúde como ferramenta de fortalecimento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família em Santa Catarina
Michelle Kuntz Durand, Carine Vendrusculo, Denise Antunes de Azambuja Zocche, André Lucas Maffissoni, Kátia Jamile Silva, Leticia Lima Trindade, Edlamar Kátia Adamy, Fernanda Karla Metelski

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados pelo Ministério da Saúde em 2008 no intuito de apoiar a consolidação da Atenção Primária à Saúde no Brasil e expandir a resolubilidade e abrangência de ações tanto na assistência como na educação. Por meio do apoio matricial às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), os NASF fortalecem o Sistema Único de Saúde (SUS) e promovem ações interdisciplinares, a partir de discussões de caso realizadas periodicamente e discussões frente as abordagens e atuação. São formados profissionais com diferentes especialidades que contribuem para a atenção às necessidades dos usuários, promovendo, sobretudo, atividades de educação, prevenção e promoção à saúde dos diversos grupos populacionais.  Neste contexto, a política de educação permanente do Ministério da Saúde postula que trabalhadores e gestores partilhem das discussões sobre as necessidades sociais do processo de trabalho, desde diagnóstico situacional, de demandas, educacionais, até a construção coletiva de propostas para gestão e organização dos mesmos.  Objetivo: conhecer as ações/estratégias de Educação Permanente em Saúde (EPS) ofertadas às equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família no Estado de Santa Catarina (SC). Desenvolvimento do trabalho: pesquisa de métodos mistos, com delineamento descritivo-exploratório e de abrangência multicêntrica. Pertencem ao estudo cinco Instituições de Ensino Superior (IES) e representantes da Secretaria de Estado da Saúde, ambas do estado de Santa Catarina. A primeira etapa foi desenvolvida por meio da abordagem quantitativa e teve os dados coletados junto a oito macrorregiões de saúde deste estado, envolvendo 267 equipes de NASF. Os resultados revelados neste estudo correspondem a esta etapa, na qual contou com a participação de aproximadamente 450 profissionais do NASF, sendo que destes 353 responderam a um questionário tipo survey, enviado via e-mail pela Secretaria de Estado. O procedimento analítico utilizou um software de análise estatística descritiva. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina mediante parecer n. 1.812.835/2016. Resultados e/ou impactos: embora todos os 353 profissionais que responderam ao questionário atuem nas equipes de NASF há mais de um ano, apenas 176 profissionais (49,7 %) referem ter recebido alguma qualificação para atuar junto ao programa. Destes que realizaram algum tipo de capacitação, 103 (58,1%) a tiveram por meio do Telessaúde, 42 (23,7%) via iniciativa do município e os demais mediante outras estratégias. Os resultados sugerem incipiência nos movimentos de Educação Permanente em Saúde para os profissionais do NASF, dado que um número significativo deles atua no serviço sem ter participado de processos dessa natureza.  É importante destacar que o trabalho em saúde está fortemente atrelado ao uso de tecnologias leves as quais são aquelas vinculadas ao campo das relações interpessoais e que se revelam por meio de diferentes experiências de comunicação com o usuário, na produção de vínculo e na efetivação do acolhimento. Os Núcleos foram criados pelo Ministério da Saúde para superar fragilidades da Atenção Primária à Saúde assim como potencializar a assistência e o cuidado nesse âmbito e consequentemente fortalecer as práticas assistências e reduzir intervenções desnecessárias. Dessa forma, julga-se de mister relevância o investimento em habilidades técnicas e relacionais capazes de sensibilizar e qualificar as ações desempenhadas pelos profissionais que atuam nas equipes de Estratégia Saúde da Família, equipes de Atenção Básicas (AB) assim como nas equipes de NASF. Levando em consideração a complexidade desse processo, entende-se que ele pode se estabelecer como um desafio no cotidiano de trabalho dos NASF. Dessa forma, sugere-se o repensar dos gestores municipais e estaduais frente ao apoio e alavancar de movimentos favoráveis a Educação Permanente em Saúde, oferecendo elementos para o aperfeiçoamento constante dos profissionais e da assistência realizada nos Núcleos. Destaca-se ainda que a EPS segue pressupostos pedagógicos fomentados pela Organização Pan-Americana de Saúde e Organização Mundial da Saúde (OPAS/ OMS), de aprendizagem reflexiva, horizontal e dialógica mediante elementos que apresentem significância para os sujeitos e os coloquem em posição de agentes de mudança e reais protagonistas na gestão e reordenação do processo de trabalho, aptos a promover diferentes práticas, estimulando mudanças no seu processo de trabalho, e por consequência, no trabalho das equipes de ESF/AB. O Telessaúde se apresentou como dispositivo importante de qualificação das equipes de NASF em Santa Catarina, entretanto, chamou atenção a escassez de oportunidades educativas oriundas do próprio Estado ou Município em que o NASF situa-se. Esse dado é preocupante quando se considera a lógica da Política de EPS que prioriza a troca de saberes e experiências a partir do cotidiano de trabalho. Deste modo, é fundamental que novas oportunidades de qualificação, na ótica da EPS, sejam oferecidas para os profissionais dos NASF, a fim de facilitar o reconhecimento das particularidades do território adscrito e de suas próprias atribuições, para que desenvolvam suas atividades de forma efetiva e com concordância às necessidades e demandas comunitárias. Considerações Finais: as possibilidades de atuação do NASF são diversificadas, pois há singularidades de competências a serem consideradas entre os profissionais, bem como quanto às necessidades nos diferentes territórios. Isso auxilia a organizar a atenção a saúde de forma a considerar também as especificidades e as diferenças e a não homogeneizar a atuação dos membros da equipe. Mudanças tanto na formação como nas práticas são desafios a serem superados em várias instâncias, pois implica transformações de paradigmas já estruturados nos serviços, nas instituições de ensino, na gestão e nas relações interpessoais. Percebe-se com isso a importância do diálogo nos processos de trabalho como ferramenta de aproximação das práticas e das concepções vigentes de atenção à saúde, podendo sim minimizar o descompasso entre políticas e a realidade concreta dos serviços. Como recomendação, o Telessaúde apresentou-se como dispositivo importante de qualificação das equipes de NASF de SC, no entanto, observou-se fragilidades no incentivo de oportunidades aos profissionais e ainda carência de espaços dialógicos de trocas e educação permanente, na lógica da Política de EPS. Sugere-se um fortalecimento das equipes por meio do repensar de propostas de atuação bem como de espaços de crescimento e amadurecimento das práticas cotidianas e consequentemente mecanismo potencializador do cuidado na Atenção Primária à Saúde.

 

 

 

 


Palavras-chave


Núcleo de Apoio à Saúde da Família; Educação Permanente em Saúde; Processo de Trabalho