Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Produção de encontros e a formação em saúde: relato de experiência em oficinas sobre preceptoria na graduação.
Valéria Leite Soares, Márcia Queiróz de Carvalho Gomes, Cibele Oliveira da CunhaRêgo, Ludymilla Maria Teixeira Pereira

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Apresentação: o Programa de Educação pelo Trabalho (PET Saúde - GraduaSUS) desenvolve atividades na perspectiva do fortalecimento do ensino-serviço-comunidade e da formação em saúde baseadas nos princípios do Sistema de Único de Saúde (SUS). Participam do Programa (maio 2016 – maio 2018) diversas universidades do país, dentre estas, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a qual desenvolve ações com o intuito de atingir os objetivos propostos em seu projeto. A UFPB conta com a participação de seis cursos de graduação em área da saúde no Programa - Terapia Ocupacional (TO); Odontologia; Enfermagem; Medicina; Fisioterapia; e Farmácia, que juntos e por vezes individualmente, desenvolvem suas atividades em três eixos específicos - Eixo Reformulação Curricular, Eixo Desenvolvimento Docente e Eixo Preceptoria. O Eixo Preceptoria é composto por diversos atores da formação em saúde (discentes, docentes, profissionais do SUS - preceptores e gestores) dos diferentes núcleos profissionais supracitados. Este trabalho tem por objetivo descrever a experiência acerca de duas oficinas desenvolvidas pelo Eixo Preceptoria do Programa PET Saúde - GraduaSUS do Curso de Terapia Ocupacional da UFPB. Cabe ressaltar que o referido curso é o único da Paraíba formando sua primeira turma em 2014 e possui um número restrito de Terapeutas Ocupacionais na rede SUS nos três níveis de assistência, o que dificulta a realização dos estágios Desenvolvimento: trata-se de um estudo descritivo na categoria de relato de experiência sobre duas Oficinas do Eixo Preceptoria. As Oficinas tiveram como objetivo discutir as questões acerca da preceptoria, identificar fragilidades e potencialidades, aumentar o diálogo e dar voz aos diferentes atores envolvidos na preceptoria da Terapia Ocupacional, visando fortalecer o movimento de mudança da formação em saúde no e para o SUS. As oficinas foram elaboradas na perspectiva dos princípios do SUS, da interprofissionalidade e do trabalho colaborativo. A primeira Oficina aconteceu em agosto de 2016 - “Identificando potencialidades e fragilidades”, contou com 35 participantes e a segunda Oficina - “Conhecimento em preceptoria: do técnico ao afeto”, em Julho de 2017, teve 24 participantes. Em ambas as oficinas os atores envolvidos foram - preceptores, docentes, discentes, membros da comissão de estágio, residentes multiprofissionais do núcleo de TO e membros do Eixo preceptoria da TO. Na primeira oficina foram discutidos, em roda de conversa, as situações do dia a dia dos preceptores; ampliação do diálogo entre academia e preceptoria; e sobre o papel e responsabilidades da preceptoria. Na sequência foram formados 3 grupos de trabalho (GTs) que mediante a reflexão sobre o que foi discutido, cada grupo apontaria as potencialidades, fragilidades, nós críticos e resolutividade aos problemas levantados. Ao final, os GTs apresentaram em plenária seus trabalhos. Na segunda Oficina foi realizada roda de conversa tendo como mediadoras a Comissão de Estágio e a Coordenação do curso de TO. As temáticas foram a Prática da Preceptoria no SUS; as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de saúde; as competências da preceptoria no contexto da formação do discente de graduação; as bases teóricas que sustentam a metodologia do curso de TO e como seu currículo é desenvolvido. Em um segundo momento houve a fala dos discentes acerca das   suas percepções em relação a preceptoria, ocasião em que os afetos e emoções foram pontuados. Resultados: a formação em saúde não é algo fácil ou simples, é necessário uma integração e comunicação eficiente entre todos os envolvidos na formação dos futuros profissionais de saúde. Nessa perspectiva, faz-se necessário o encontro para o diálogo entre formandos e formadores. Partindo desse ponto, as oficinas produziram discussões entre seus pares, produzindo questionamentos e reflexões sobre as problemáticas da Preceptoria, buscando resolutividade e propostas na busca de qualidade na formação para e no SUS. Na primeira oficina, o ponto mais preocupante, foi a pouca comunicação entre o ensino e o serviço, ou seja, embora haja diálogo, o mesmo constitui-se como frágil ou insuficiente para a formação em saúde. Os participantes destacaram que a comunicação frágil entre a academia e a preceptoria ocasiona outros problemas ou fragilidades, tais como, falta de adequação das práticas do serviço mediante as inovações da academia, distanciamento entre a teoria e a realidade dos campos de estágio, além disso, os preceptores descaram que há pouco reconhecimento do importante papel do preceptor, os mesmos relataram a dificuldade em relação à metodologias ativas de aprendizagem. Em relação as potencialidades e resolutividades, os participantes destacaram que os projetos de extensão e pesquisa existentes na Universidade proporcionam experiências e fomentam discussões acerca do fazer em saúde e principalmente ampliam a visão de estudantes, professores e profissionais que participam deste tipo de projeto, ainda mencionaram que momentos para discussões entre academia e serviço configuram-se como essenciais para o processo de formação em saúde. Além destes assuntos, os participantes destacaram, na plenária, a importância do trabalho interprofissional, e a necessidade da reformulação da grade curricular do curso e a inserção dos discentes mais cedo nos cenários de prática, que atualmente inicia-se no 5°período. Esta oficina gerou discussões relevantes sobre o processo de formação dos preceptores, o que levou a proposição de um curso para os preceptores participantes do PET Saúde - GraduaSUS, partindo das necessidades destes e do que foi percebido na oficina, além do entendimento da importância deste encontro para a realização de outras oficinas deste caráter. Paralelo a construção do curso para os preceptores, realizou-se a segunda oficina de preceptoria, esta objetivou discutir sobre a formação em saúde no e para o SUS, o papel das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), o Projeto Pedagógico do Curso (PPC), a grade curricular do curso de Terapia Ocupacional da UFPB e suas premissas.  Nesse contexto, os preceptores de estágio tiveram a oportunidade de conhecer os princípios da grade curricular do curso, os referencias e os embasamentos teóricos os quais são utilizados como base do PPC. Nesta ocasião a comissão de Estágio junto a coordenação mediaram uma roda de conversa sobre a preceptoria em saúde e a formação no SUS. Foi um momento de grande valia, pois os participantes puderam discutir tais assuntos e propor mudanças para o PPC do curso, que está em processo de reformulação. Outro momento que causou impacto foi conhecer a percepção dos discentes em relação aos preceptores, reconhecendo que conhecimento técnico, metodologias pedagógicas e afetos são fundamentais e indissociáveis no processo ensino e aprendizagem. Utilizamos as Comunidades de Práticas para dividirmos as experiências de nossas oficinas com outras pessoas que trabalham na formação em saúde, pois acreditamos que compartilha-las é uma forma de contribuir. Considerações Finais: as oficinas desenvolvidas se configuraram como uma estratégia positiva para estreitar os laços entre a academia e o serviço, potencializando o diálogo entre os atores destes espaços, fazendo perceber o quão é importante a produção de rede colaborativa na formação em saúde, em que os esforços mútuos beneficiam o ensino, o serviço e a comunidade para um SUS de qualidade.


Palavras-chave


Programa de Educação pelo Trabalho; Terapia Ocupacional; Preceptoria