Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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IMPLANTAÇÃO DE TECNOLOGIAS MÓVEIS DE INFORMAÇÃO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Clécia Pereira da Silva, Gicely Regina Sobral Monteiro, Wellington Bruno Araújo Duarte, Ana Lúcia da Hora e Sá Sá, Renata Cabral, Alberto Luiz Alves de Lima, Talita Helena Monteiro de Moura, Inês Patrícia Ferreira Guedes

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Nos dias atuais, é indiscutível a importância dos Sistemas de Informação no exercício de atuação da Saúde Pública no Brasil, pois o desenvolvimento dessa atividade é uma condição essencial para a análise da situação sanitária de um local, na avaliação dos programas e ações realizadas na área da saúde, indicadores, bem como na tomada de decisões, concebidas a partir de evidências presentes no território vivo, no qual a população está inserida.

Em consequência disso, é importante a propagação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a ampliação da informatização nos serviços públicos. Ao longo dos anos, observou-se que paulatinamente, os serviços de saúde pública, especialmente a atenção primária em saúde, têm vivenciado mudanças significativas nos processos de registro e transmissão de dados e informações. A estratégia e-SUS AB, por exemplo, faz referência a um modelo de informatização no SUS de forma qualificada. O Mistério da Saúde (MS) implementou o e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), com o intuito de modificar a forma de organização das informações na Atenção Primária em nível nacional. Essa inciativa busca qualificar o processo de informatização, no sentido de alcançar um Sistema Único de Saúde eletrônico.

Portanto, essas mudanças têm por objetivo provocar alterações no funcionamento da Atenção Básica, em especial, na organização da Equipe de Saúde da Família, através do processo de informatização dos registros de dados dos usuários. Levando em consideração esses aspectos, nota-se que essas mudanças irão contribuir para a geração de informação que estejam de acordo com a realidade da assistência prestada, bem como, irão auxiliar na confiabilidade dos dados para realização da avaliação e monitoramento dos indicadores de saúde através dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS).

Uma vez que ainda predominam, em grande parte dos municípios do Brasil, a execução da coleta de dados de forma manual, exercida por técnicos de saúde, com subsequente encaminhamento para um profissional do setor administrativo, que os recebe e procede à digitação. Esta prática está susceptível a perda de informações, e consequentemente pode interferir nos resultados indicadores gerados em nível local de saúde.

Mesmo diante da Portaria nº 2.920 de 31 de outubro de 2017 que versa sobre o Programa de Informatização das Unidades Básicas de Saúde (PIUBS), o município do Jaboatão dos Guararapes, de grande porte da região Nordeste do Brasil, localizado no Estado da Pernambuco, iniciou no mês de julho de 2017 o processo de informatização dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), visto que esses profissionais atuam na Atenção Primária como um elo entre a população adstrita e a equipe, fortalecendo as ações de vigilância e promoção da saúde.

Diante do fato de que uma significativa quantidade de dados sobre o cadastramento do domicílio, dos indivíduos que compõem uma família e os provenientes das visitas domiciliares serem preenchidos na maioria das vezes por Agentes Comunitários de Saúde, visto que a realização do cadastramento da população adstrita é uma das suas atribuições e estes dados antes eram preenchidos manualmente por estes profissionais. Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência de implantação de tecnologias móveis de informação para ACS.

É importante destacar que antes do processo de implementação da informatização realizou-se uma análise sobre a melhor forma de introduzir esta tecnologia no município. Posteriormente, chegou-se a conclusão que a ferramenta mobile para o Agente Comunitário de Saúde utilizar na visita domiciliar pode potencializar o trabalho e proporcionar uma visão ampliada do território para subsidiar o planejamento das ações de saúde.

A introdução de dispositivos móveis para a coleta de informação em campo pelo Agente Comunitário de Saúde inclui a distribuição do tablet, um aparelho que possui uma estrutura fina e compacta, uma tela sensível ao toque (touchscreen) que facilita o acesso aos comandos. O sistema contém as informações necessárias para cadastramento da população adscrita ao território da Estratégia de Saúde da Família, por meio das fichas que o Ministério da Saúde preconiza, possibilitando uma coleta de dados rápida e segura. As fichas incluem: cadastro domiciliar e territorial, cadastro individual, visita domiciliar e territorial, além da ficha para registrar atividades coletivas.

A ferramenta mobile também agrega outras funcionalidades fundamentais para o planejamento das ações, dentre elas, a geolocalização que permite a visualização das coordenadas geográficas; o monitoramento da produtividade que consiste no acompanhamento da produção registrada pelo profissional por período, tipo de visita, etc. Além de importante ferramenta de gestão do cuidado, como relevantes marcadores de saúde sócio-demográficos e situação dos imóveis, indivíduos e visitas. Permite também o registro de ocorrências sendo, portanto, uma coleta de dados customizada de marcadores relevantes que afetam a qualidade da saúde pública do município.

No período de 4 de julho a 8 de agosto de 2017 os Agentes Comunitários de Saúde participaram do processo de capacitação profissional com carga horária de 20 horas, e ao final deste período, os 785 profissionais que receberam o equipamento foram capacitados.

O dispositivo tem facilitado o processo de trabalho das Equipes de Saúde da Família, uma vez que oferece agilidade no desempenho das atividades realizadas pelos profissionais, garantindo assim melhor gestão da saúde na cidade, dada a riqueza de informações que serão utilizadas para o planejamento da melhoria da assistência prestada à população.  Outro beneficio apresentado a partir dessa atividade é a reorganização do território no qual esses profissionais atuam, esclarecendo características das famílias atendidas e ajudando a gestão a requalificar e melhorar a atenção primária.

Alguns desafios presentes na execução dessa atividade são: a incipiente informatização das unidades de saúde, existindo um difícil acesso à internet nessas localidades o que exige uma organização dos coordenadores municipais em conduzir os ACSs para locais de acesso à internet para enviar os dados ao sistema. Mas, a gestão municipal está viabilizando melhorias para que todas as unidades tenham pontos de internet. Ressalta-se também que anteriormente existia uma insuficiência de financiamento específico para aplicação desses projetos, visto que portarias referentes a esses procedimentos foram publicadas no final do ano de 2017.

Levando-se em consideração esses aspectos, nota-se que na história da saúde pública sempre esteve presente a dificuldade na organização de dados para a formulação de indicadores devido à problemática no preenchimento manual de uma grande quantidade de formulários que servem de base para a coleta de dados que são inseridos nos diversos Sistemas de Informação em Saúde (SIS).  Dessa forma, a informatização dos ACS se apresenta como avanço muito importante na melhoria do planejamento e gestão no setor público, uma vez que contribui para consolidação de dados reais que demonstram as necessidades vivenciadas no cotidiano dos serviços de saúde.


Palavras-chave


Tecnologia;ACS;tablet