Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERCEPÇÕES DISCENTES SOBRE A TUTORIA NA DISCIPLINA SAÚDE E CIDADANIA (SACI)
JOSÉ JAILSON DE ALMEIDA JÚNIOR, FLÁVIA RAYONARA SANTANA DA SILVA, MARTA MARIA CASTANHO ALMEIDA PERNAMBUCO, JÚLIA TEREZA COSTA BARBOSA, JAYARA MIKARLA DE LIRA

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


INTRODUÇÃO A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) na busca por mudanças na formação profissional de seus graduandos nos diversos cursos da área da saúde implantou no ano 2000 o componente curricular Saúde e Cidadania (SACI), possibilitando um primeiro contato com os serviços de atenção primária aos estudantes dos cursos da área da saúde, estimulando o afloramento de senso ético, crítico e sensível da realidade e o protagonismo ativo nas vivências sociais. A SACI tem como proposta pedagógica possibilitar aos discentes a descoberta dos mesmos quanto cidadãos, buscando a formação de um profissional generalista que paute a sua atuação em princípios éticos. Em outras palavras, a construção de um profissional promotor do bem-estar do ser humano como um todo e capaz de atuar nos diferentes níveis de atenção a saúde em equipe multiprofissional. Entender a realidade e refletir sobre o seu papel enquanto ser social e sobre o seu processo de formação acadêmica como futuro profissional da saúde só é realmente possível quando fundamentada pelo contato real com a comunidade na qual está inserido e seus problemas locais. Confrontar a realidade encontrada, a teoria apreendida e as experiências de vida pregressa deve levar o estudante a compreender que o profissional não deve ser formado apenas dentro dos muros universitários, mas sim a partir do conjunto de vivências intra e extramuros acadêmicos, além de compreender que a sua formação deve estar vinculadas as demandas sociais. Para essa compreensão deve ser incutida durante o processo educativo a importância do compromisso com a sociedade.OBJETIVOS Analisar as percepções dos discentes a respeito das experiências vivenciadas através da tutoria da disciplina Saúde e Cidadania.METODOLOGIA A presente pesquisa trata-se de um estudo qualitativo do tipo exploratório-descritivo a partir de levantamento de dados (grupos focais) realizado no município de Santa Cruz, interior do Rio Grande do Norte. Quanto aos aspectos éticos, foi obtido a aprovação do protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, conforme parecer final nº 1439098. Os participantes foram convidados previamente a fim de organizar e esclarecer sobre a pesquisa. Para registro dos participantes, foi elaborado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) onde constavam informações relacionadas à finalidade da pesquisa, cujos participantes assinaram voluntariamente para a sua participação. Como população de estudo escolheu-se os alunos da graduação, devidamente matriculados, que já cursaram a SACI, selecionados de forma aleatória e que aceitaram participar da pesquisa. Para a coleta de dados foi utilizada a estratégia de grupos focais. O material obtido foi analisado através da metodologia de Análise de Conteúdo que é utilizada para a construção de significados extraídos das falas dos sujeitos entrevistados.RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise das falas dos discentes permite obter uma perspectiva a respeito dos impactos da tutoria ao longo da disciplina Saúde e Cidadania -SACI, seus pontos positivos e falhas nessa experiência de primeiro contato com a realidade das comunidades. Desenvolver habilidades no âmbito da saúde envolve compreender a especificidade do trabalho nesta área tanto no âmbito geral, quanto no específico de cada profissão. Quanto ao desenvolvimento de competências diferenciar os tipos de competências a serem desenvolvidas, sejam elas técnicas, sociais, gerenciais etc. Já as atitudes nos levam a possibilitar a reflexão sobre qual o profissional queremos formar. Sendo a educação um instrumento capaz de conduzir a formação de indivíduos que irão compor a “nova” sociedade, se faz necessário que os docentes conheçam a trajetória de vida dos alunos, a fim de estimular o desenvolvimento do pensamento crítico, a reflexão, a autonomia e, consequentemente a capacidade de liderar. O docente ainda é responsável pela missão de constituir junto ao educando uma perspectiva de leitura e interpretação da realidade, fugir das fórmulas prontas dos manuais acadêmicos, mas formular a partir do mundo que se faz presente nas práticas cotidianas do ser humano. Ressalta-se ainda a necessidade de construção de diálogos que rompam com a lógica da transferência de saberes, que sejam pautados pelo encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação de significados. Temos que dialogicizar a formação tecnicista, desenvolver o contato e interação entre o estudante e mundo que o espera. Possibilitando a inserção do estudante nos espaços em que ocorrem o processo-saúde em vários momentos da formação, inclusive nas etapas iniciais, mesmo com docentes que não façam parte dos ciclos profissionais. O ato de dialogar permite compartilhar saberes, histórias e emoções. O diálogo com o outro, muitas vezes frio e técnico, esconde o medo e a incapacidade de transpassar a barreira do conhecimento e do status profissional. Quando se possibilita ao aluno perceber-se enquanto pessoa e mostrar-se não só como profissional, sua participação no processo é intensificada e valorizadas, constituindo-se essas experiências em contribuições significativas para sua formação. É nesse aspecto que a interdisciplinaridade é importante, o docente tem que vencer as barreiras disciplinares e partir para o novo, o desafio da inovação, da experimentação, do descobrimento de novas formas de agir. A superação de um processo de alienação histórico nos traz mais um dos desafios para a inovação, em que as barreiras do tradicional já estão alicerçadas e devidamente delimitadas. Observamos uma educação pautada basicamente em disciplinas que separam e compartimentalizam os saberes, o que acaba por desintegrar a unidade complexa da natureza humana, que é a um só tempo física, biológica, psíquica, cultural, social e histórica. Pode-se observar a existência de um conflito entre o conceito e prática da humanização, que compreende acolher de forma subjetiva. É relevante levantar os seguintes questionamentos: os tutores/professores acolhem de forma humanizada ao estudante? Essa prática é colocada em prática nas atividade dentro e fora da sala de aula? Como se lida com as questões emocionais da formação? Percebemos quão necessário é que o professor enquanto formador de futuros profissionais, tenha em mente não apenas a formação estritamente acadêmica, mas também as necessidades dos alunos enquanto seres humanos. É neste encontro que o estudante passa a estabelecer um diálogo que o capacitará para as bases cognitivas do trabalho em saúde e também os habilitará para o enfrentamento das novas demandas da sociedade. Para isso o docente deve estar disposto a se desafiar no cotidiano do contexto da aprendizagem e estar disposto a aprender permanentemente. Neste caso, o desafio é reconstruir uma práxis na perspectiva de buscar novos aprendizados, conceber um novo modo agir além de constituir vínculos ativos com os atores sociais que fazem parte do cotidiano dos espaços sociais de ensino/aprendizagem.CONSIDERAÇÕES FINAIS Na busca pela formação de futuros profissionais de saúde éticos, sensíveis, com senso crítico aflorado, capazes de exercer liderança e de incorporar a humanização a sua prática cotidiana, observa-se que a educação ‘bancaria’ pautada na verticalização das relações entre docentes e discentes não tem sido suficientemente eficiente em seus objetivos finais. Educar em saúde não deve resumir-se em transmitir conhecimento. Através da breve análise das falas apresentadas ao longo desse artigo, observamos que as relações entre professores/tutores e discentes tornam-se mais eficientes e estimulantes onde as relações se estabelecem de maneira tão horizontalizada quanto possível, tendo-se em mente que em uma relação quem educa é educado e quem aprende também possui muito a compartilhar.


Palavras-chave


Educação Superior; Docentes, Estudantes