Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Capacitação para profissionais que atuam nos serviços de transporte de pacientes no âmbito intra-hospitalar: desafios e possibilidades
Milene Arlinda de Lima Mendes, Patrícia de Cássia da Silva Bezerra

Última alteração: 2017-12-12

Resumo


Apresentação: do que trata o trabalho e o objetivo

Os serviços desenvolvidos pelas unidades de saúde requerem cada vez mais um número maior de servidores qualificados que atendam este exigente mercado. Nesta perspectiva, verifica a falta de qualificação técnica específica para um profissional de suma importância nos serviços de saúde: o maqueiro (MAYOR; OLIVEIRA, 2003).

A denominação “maqueiro” é um tanto reducionista, logo que as atribuições desse profissional da área de saúde exige muito mais habilidade do que simplesmente carregar uma maca. A concepção de que o maqueiro serve apenas para desenvolver funções exclusivamente de carga, trabalho de peso, só para homens, já devia ter findado. O termo mais adequado para esta profissão seria assistente operacional (CRAVEN; HIRNLE, 2006).

Para que esse profissional possa exercer sua função com eficácia, efetividade e segurança, resguardando sua saúde e a do paciente que ele transporta, o maqueiro deve seguir as regras da boa mecânica corporal – a Ergonomia, e laborar em consonância com os princípios básicos da anatomia corporal. Um maqueiro despreparado pode acarretar danos tanto na sua saúde quanto na do paciente, especialmente àqueles politraumatizados (KNOBEL, 2006).

O servidor em foco realiza transporte de pacientes com segurança, dentro e fora das unidades de saúde, podendo transferir o paciente da cadeira de rodas para a maca, da maca para a cama ou da maca para a mesa de exames, atendendo a contento todas as solicitações da equipe de saúde (PORTO, VIANA, 2011).

A Secretaria de Estado de Alagoas (SESAU) possui unidades de saúde referência no atendimento de urgência e emergência, portanto, é primordial a capacitação para os servidores responsáveis pelo transporte de pacientes no âmbito intra-hospitalar para o atendimento adequado aos pacientes e seus familiares.

A Gerência Executiva de Valorização de Pessoas (GEVP) está vinculada a Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Alagoas e trabalha com a sociedade em geral desde profissionais estatutários da própria instituição como o cidadão comum.

De acordo com os dados do Setor de Cadastro da GEVP, têm-se hoje 134 trabalhadores que exercem a função de Padioleiro/Maqueiro na SESAU. Sendo destes, 70 de cargo e função e outros 64, apenas de função de Padioleiro/Maqueiro.

Entendendo a importância destes profissionais em suas atribuições, o Setor de Qualificação do Servidor da GEVP resolveu efetivar uma ação com vistas à qualificação desses trabalhadores. O disparador para equipe pensar em uma ação para esses trabalhadores se ancorou no fato de um profissional ter amargado sérios problemas relativos a sua coluna, por conta de ter transportado um paciente obeso sem os devidos cuidados, forçando o mesmo a se afastar das suas atividades laborais, situação que perdura até os dias atuais. Aliado a esse fato, entendemos que esses profissionais se revelam como cartão de visita, uma vez que são os primeiros a acolher os nossos pacientes. E, se os usuários não forem acolhidos de forma eficiente e eficaz, logo na porta de entrada, isso vai refletir em todo o atendimento, uma vez eles procuram as nossas unidades nos momentos mais delicados de suas vidas, quando estão em sofrimento físico e/ou mental.

Contudo, por se tratar de uma demanda extremamente específica, encontramos incialmente algumas dificuldades, uma vez que não se encontra ações educativas com essa temática no mercado, além disso, não tínhamos recursos para viabilizar tal evento educativo. Era preciso arregaçar as mangas e trabalhar com as ferramentas que estavam disponíveis!

Fomentamos rodas de conversa com alguns trabalhadores com expertise na área em tela e em educação em saúde, Enfermeiros, Técnicos em Segurança do Trabalho, Gestores de Pessoas, Psicólogos, Coordenadores da área e logicamente, com profissionais com a função de “Padioleiro/Maqueiro/”, afinal de contas, se a ação iria ser direcionada para esses trabalhadores, precisávamos ouvi-los. Após dialogarmos bastante sobre as necessidades da categoria, sobre as questões pedagógicas e administrativas (liberação dos profissionais e ajustes de escalas de serviço para atender a demanda) edificamos os seguintes objetivos:

 

Objetivos

Geral

 

Capacitar profissionais que atuam nos serviços de transporte de pacientes no âmbito intra-hospitalar, contribuindo para a promoção e manutenção da saúde dos pacientes atendidos, evitando também doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.

2.2 Específicos

 

Atender as necessidades dos pacientes e seus familiares;

Transferir adequadamente os pacientes entre os equipamentos;

Realizar a higienização e desinfecção dos seus instrumentos de trabalho (macas, cadeiras de rodas, etc.) corretamente.

 

Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência

A capacitação foi orientada a capacitar os 134 (cento e trinta e quatro) profissionais que atuam nos serviços de transporte de pacientes no âmbito intra-hospitalar, nas unidades de urgência e emergência pertencentes a SESAU.

A capacitação apresentou carga horária de 40 horas, distribuídas em módulos sequenciais, distribuídos da seguinte forma: 1. Princípios e Diretrizes do SUS, Política Nacional de Humanização em Saúde e Educação Permanente em Saúde, 2.Ética Profissional, 3.Suporte Básico á Vida (SBV), 5. Biossegurança em Serviços de Saúde, 6. Ergonomia e Prevenção de Acidentes e 7.Mobilização e Transporte.

Os instrutores da capacitação são os profissionais do próprio serviço, logo valorizamos a prata da casa. Afinal de contas, nobres avaliadores do concurso, quem melhor para entender os nossos desafios, possibilidades e necessidades senão a nossa própria força de trabalho?

Cabe ressaltar que, na mediação dessas atividades o instrutor atua no sentido de possibilitar a identificação de problemas diversificados e desafiadores, orientando na busca de informações, estimulando o uso do raciocínio lógico e da criatividade, incentivando respostas inovadoras, criando estratégias que propiciem avanços, tendo sempre em vista que a competência é formada pela prática e que esta se dá em situações concretas.

Até o momento foram realizadas duas turmas, a primeira no período de 15/10 a 09/12/2015 e a segunda de 13.04 a 01.06. 2016, estamos a organizar a terceira turma.

 

Resultados e/ou impactos: os efeitos percebidos decorrentes da experiência

Com a capacitação em tela, esses trabalhadores puderam adquirir conhecimentos a partir de aportes teóricos facilitados pelos instrutores, foi possível ainda, discutir sobre o cotidiano de trabalho, trocar experiências com colegas de profissão, sugerir melhorias para os serviços, podendo estas integrar a agenda de gestão, ou seja, foi dada voz e vez a estes servidores.

No desenvolvimento do curso um episódio tocou a equipe, achamos pertinente apresentar neste espaço. Durante a execução do módulo de Biossegurança a instrutora explicou sobre os riscos de contaminação, de repente um servidor menciona que sempre fez questão de usar sua aliança, pois a considera um símbolo de fidelidade e amor por sua família, mas que a partir daquele momento não iria carregá-la durante os seus plantões, para proteger os seus entes queridos e os pacientes de uma possível contaminação. Sempre contamos essa história com um sorriso nos lábios e orgulho de podermos fazer a diferença na vida das pessoas.

Os coordenadores de áreas, em reuniões de avaliação dessa atividade educativa, sempre mencionam o impacto da mesma para os serviços desenvolvidos pelos trabalhadores em foco.

Considerações finais

Acredita-se que o ambiente laboral deve constituir um espaço de aprendizagem, uma educação voltada para o mundo do trabalho e que considera o trabalhador como alguém que traz sua experiência e precisa trabalhar essa experiência, alinhada a um processo metodológico que possa potencializar e ampliar tais conhecimentos, partindo da identificação das necessidades de aprendizagem.


Palavras-chave


Educação Permanente, Transporte de Pacientes