Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E A INTERPROFISSIONALIDADE: A DISCUSSÃO DE CASOS DA APS COMO ESTRATÉGIA SENSIBILIZADORA PARA O CUIDADO CENTRADO NA PESSOA
Ana Claudia Camargo Gonsalves Germani, Nara Maria Holanda de Medeiros, Nara Maria Holanda de Medeiros, Amy Tanaami, Amy Tanaami, Gabriela Junqueira Calazans, Gabriela Junqueira Calazans, Rosana Machin, Rosana Machin, Patrícia Coelho de Soarez, Patrícia Coelho de Soarez

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Apresentamos um relato de experiência do programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva e Atenção Primária da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na perspectiva da Educação Interprofissional e a tradução da experiência vivida por uma egressa do programa com o objetivo de apoiar a reflexão sobre políticas de indução do caráter interprofissional da formação voltado para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).        A Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva e Atenção Primária (RMSC&AP) é estabelecida em 2013, no Departamento de Medicina Preventiva. A iniciativa era denominada Programa de Aprimoramento e Especialização em Saúde Coletiva – Hospital das Clínicas/Faculdade de Medicina da USP, articulada a partir da então Coordenadoria de Aprimoramento de Pessoal do HC-FMUSP, atualmente Escola de Educação Permanente. Esse programa fazia parte do Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) concebido pela Secretaria do Estado da Saúde em parceria com a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP) da Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo do Governo do Estado de São Paulo, visando estimular a formação de recursos humanos para complementar e aprimorar a formação universitária de profissionais recém graduados em saúde. O Programa visava formar profissionais com visão crítica e abrangente do sistema de saúde, da integralidade das ações, aptos para desenvolver atividades de organização, planejamento, controle, avaliação em atenção primária e serviços de saúde e do trabalho em equipes multiprofissionais. É a partir desse contexto de formação e aperfeiçoamento dos profissionais para responder às necessidades de saúde da população, considerando as diretrizes e princípios do SUS e de modo a desenvolver uma compreensão ampla e integrada das diferentes ações e processos envolvidos, que se realiza a organização da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva e Atenção Primária. Com a aprovação do Ministério da Educação e Comissão Nacional de Residências Multiprofissionais em Saúde, a residência passou a oferecer oito (8) vagas com bolsas contemplando as áreas de enfermagem, psicologia, odontologia, serviço social e terapia ocupacional. Em 2014, passa a operar com dez (10) vagas nas mesmas áreas. A residência tem como cenário principal o Centro de Saúde-Escola Samuel Barnsley Pessoa. Atividades também são realizadas em espaços comunitários, equipamentos de saúde e equipamentos sociais da região Oeste da cidade de São Paulo. No ano de 2014, foi integrado ao Programa uma nova disciplina intitulada Educação Interprofissional e aparece como oportunidade inicial de apresentar/trabalhar/ promover o aprendizado sobre os outros, com os outros e entre si entre os residentes do programa RMSC&AP, contando também com os residentes oriundos do Programa de Residência Médica em Medicina Preventiva, em que se propõe que os residentes, ao final das 24 horas de discussão, estejam preparados para: a) descrever os conceitos de EIP e PC; b) reconhecer as competências específicas de sua formação profissional; c) reconhecer as competências comuns do campo da saúde coletiva e desenvolver competências colaborativas. Para tanto, utiliza como metodologia chave a discussão de casos clínicos, vividos pelos residentes, anteriormente ou durante o momento inicial da residência em práticas vividas no Centro de Saúde Escola Butantã, que incluem observações e análise de registros em prontuários.  A avaliação dos residentes acontece na forma da construção de uma narrativa, produto de reflexão individual. Espera-se que os objetivos trabalhados neste momento inicial, sejam estendidos às demais disciplinas e estágios que compõem o programa da residência, isto é, que a percepção e o desenvolvimento das competências comuns, específicas e colaborativas avancem entre o grupo de residentes ao longo das atividades de todo o programa. O último semestre do programa, chamado estágio profissionalizante, traz a oportunidade da interação com outros profissionais e serviços e resulta na produção de uma monografia.  O objetivo do período de realização da profissionalização e da monografia é que o residente se concentre em uma área identificada como interessante para sua atuação após o final da residência, tomada como um período de formação em serviço e especialização lato senso em atenção primária e saúde coletiva, considerando suas aspirações profissionais e acadêmicas. Na perspectiva da egressa, a experiência proporcionada pelos espaços educativos relacionados com a disciplina de EIP possibilitou o reconhecimento das competências comuns do campo da saúde coletiva e o desenvolvimento de competências colaborativas para o aprimoramento desse campo. A busca por tais competências se estendeu por cada atividade proposta e exigida na formação da residência. Considerando a mudança dos cenários: UBS com modelos assistenciais diversos, ONG, Núcleo de Vigilância, Centros de Referência, Redes de Apoio, entre tantos outros acompanhou-se o desafio de se reconhecer, de reavaliar as relações e ações, de continuar: a aprendizagem interprofissional. O exercício esteve em entender o seu fazer junto ao fazer do outro e entender o fazer junto ao outro. No caminho de adquirir a interação desejada, realizou-se o reconhecimento das conexões entre as ações realizadas por um ou, dois ou todos membros da equipe, buscou-se estabelecer interlocuções, comunicação efetiva, integralidade da assistência e a abordagem ampliada em saúde com cuidado centrado na pessoa. Nesse sentido, o período do estágio profissionalizante, possibilitou uma rica vivência: a exploração de campos variados com visitas técnicas a quatro municípios de regiões e realidades diferentes, nas quais a residente observou diversas atividades em serviços distintos. Nesse contexto, o processo da construção do comum, permitiu reconhecer a potência dos aprendizados e as mudanças geradas a partir do encontro e do fazer com o outro. As relações construídas, as experiências vividas e o trabalho resultante desse desafio trazem a conquista da autonomia técnica, da liberdade das ações e do sentido, no fazer profissional junto ao outro, pois estão alinhadas nas competências da prática interprofissional.


Palavras-chave


Educação Interprofissional; Experiências inovadoras nos projetos pedagógicos dos cursos de graduação em saúde; Residências.