Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-02-28
Resumo
O envelhecimento populacional é algo vivenciado em âmbito mundial, até 2050 serão mais de 2 bilhões de idosos no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2016), em 40 anos a população de idosos brasileira deve triplicar, passando de 19,6 milhões, em 2010, para 66,5 milhões de idosos em 2050, o que corresponde a 29,3% da população. No Amazonas a taxa de envelhecimento em 2016 foi de 12,91% e em 2030 deve chegar a 31,46% de idosos para cada 100 crianças menores de 15 anos. Sendo assim, a enfermagem pode desempenhar um papel fundamental na avaliação do suporte familiar, identificando disfuncionalidades familiares e agravos que acometem a pessoa idosa em âmbito familiar, através do acolhimento e da assistência, incluindo diferentes estratégias e esquemas assistenciais mais efetivos e dinâmicos, que sejam capazes de atender as necessidades dessa população. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho é avaliar a funcionalidade familiar dos idosos, cadastrados nos Grupos de Convivência de Idosos coordenados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação- SEMASTH do município de Parintins. Este trabalho trata-se de um estudo descritivo de abordagem quantitativa, desenvolvido no Município de Parintins. A população do estudo foi composta por idosos de 60 anos e mais, participantes dos grupos de convivência da SEMASTH. Participaram do estudo, 11 grupos, com um total de 1.286 idosos cadastrados e uma amostra de 296 idosos, com capacidade cognitiva preservada, com erro amostral de 5% e nível de confiança de 95%. O procedimento de coleta deu-se em três fases: I fase consistiu em uma reunião com as monitoras dos grupos de idosos e sua coordenação para apresentação do projeto; II fase consistiu na realização da primeira entrevista com aplicação do Mine exame do estado mental- MEM, com objetivo de identificar a capacidade cognitiva dos idosos e estarem aptos para participar do projeto, por tratar-se de um projeto macro, tal instrumento não foi incluso neste trabalho; e, III fase consistiu na aplicação do instrumento para coletar dados sócio econômicos e de saúde juntamente com o Instrumento APGAR de família. Na análise dos dados, se calculou as frequências absolutas simples para os dados categóricos. Na análise dos dados quantitativos foi calculada a média e o desvio-padrão para os dados que apresentavam distribuição normal por meio do teste de Shapiro-Wilk ao nível 5% de significância. Na rejeição da hipótese de normalidade foram calculados a mediana e os quartis (Qi). O software utilizado na análise foi o programa Epi-Info 7 para windows, que é desenvolvido e distribuído gratuitamente pelo CDC. Foram entrevistados 269 idosos, dentre os quais, 39,5% eram do sexo masculino e 60,5% eram do sexo feminino. Com relação a faixa etária, podemos observar que a maioria dos idosos tem entre 70 e 75 anos, correspondente a 24,3% do total de idosos. Observamos ainda que com relação a situação conjugal, 46% desses idosos são casados. Dos 296 entrevistados, 285 idosos (95,6%) alegaram ter no mínimo 1 filho e no máximo 22 filhos. O número máximo de pessoas que residem com esses idosos é de 19 ou nenhuma. Relacionado aos dados de escolaridade a grande 74,7% alegou saber ler e escrever e 56,4% dos idosos alegaram ter estudado até o primário. Com relação a renda mensal, 72,3% dos idosos alegam ter uma renda entre 1 e 2 salários mínimos. Após a avaliação dos dados, obtivemos a seguinte classificação das famílias: 7,1% com elevada disfunção familiar; 12,8% com moderada disfunção familiar e 80,1% com boa funcionalidade familiar. Entre os idosos entrevistados, ouve predominância do sexo feminino, onde dos 296 idosos, 39,5% eram do sexo masculino e 60,5% eram do sexo feminino, o que nos leva a concluir que a mulher é a maioria da população idosa do município, a essa predominância dá-se o nome de feminização da velhice, que se associa a maior longevidade das mulheres em comparação aos homens. Segundo os dados, a maioria dos idosos, correspondentes a 95,6%, tem pelo menos 1 filho e no máximo 22, e são casados ou viúvos. Ainda que esses dados mostrem que a maioria constituiu família, isso não significa que esses idosos tem o apoio da família ou que possam dispor de demonstrações de afeto e companhia dos mesmos, o que acaba causando no idoso a sensação de abandono por parte dos familiares e falta de apoio. Em relação ao estado conjugal, a maioria declarou-se casados destacando melhor funcionalidade familiar nesse grupo. Destacamos aqui que a pesquisa mostrou idosos que residem sozinho, e idosos que coabitam com 19 pessoas na mesma casa. No caso do idoso que só pode trazer complicações por não ter com quem se comunicar, e o autocuidado fica prejudicado, assim como nas atividades do dia a dia como preparar seu próprio alimento. Por outro lado, fato de ter uma família numerosa também afeta a funcionalidade da família, uma vez que o idoso perde seu espaço, não tem privacidade, complicada situação financeira da família, assim como os relacionamentos intrafamiliares. Na população estudada a renda mensal individual dos idosos estava ente 1 e 2 salários mínimos. Com esse panorama, podemos inferir que a renda pode ser um dos fatores que contribuem com a disfuncionalidade familiar, pois há diversos fatores que podem contribuir para o declínio da saúde idoso, como os fatores socioeconômicos, que quando escassos, pode levar a situações de maus-tratos e outros tipos de violência. Durante a experiência com as entrevistas, pude observar que em sua maioria, é o idoso que detêm o maior poder aquisitivo, é quem sustenta a família, embora, ao relacionar esses dados com o resultado do APGAR de família, não houve significância estatística neste estudo. O APGAR de família é um instrumento utilizado para medir a satisfação do idoso com os restantes membros da família. Este estudo revelou que 80,1% das famílias possuem boa funcionalidade, o que significa que a maioria dos idosos está satisfeita com a relação que tem com a família e com o suporte que a mesma oferece. A disfuncionalidade nos grupos de idosos de Parintins foi considerada baixa (7,1%), no entanto, para atender a legislação que amparo o idoso, não é aceitável que nenhum idoso passe por problemas familiares, como falta de alimento, falta de espaço para a privacidade, violência ou falta de cuidados. Os resultados obtidos indicam que os idosos avaliaram positivamente a funcionalidade de suas famílias em relação aos domínios do APGAR de Família, o que pode-se concluir que a família está buscando recursos internos ou externos para acolher as demandas no relacionamento e promover o bem-estar de seus membros. Reconhecendo a importância da família para o idoso, o presente estudo tem o intuito de fornecer informações que possibilitam planejar intervenções para estabelecer o equilíbrio da unidade familiar quando a disfunção for detectada. Além de permitir uma melhor caracterização dos idosos quanto à funcionalidade familiar e contribuir com o profissional enfermeiro, que poderá realizar ações direcionadas ao contexto familiar, no sentido de estabelecer esquemas assistenciais mais efetivos e dinâmicos, o que contribuirá significativamente para a qualidade da assistência aos idosos e das demandas dessas famílias, permitindo que ambos encontrem a melhor solução terapêutica, em que a meta seja o equilíbrio da família, melhorando a assistência a essas pessoas e reduzindo os custos emocionais da própria família.