Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
CONTRIBUIÇÃO DA ENFERMAGEM EM SAÚDE PÚBLICA QUANTO A ABORDAGEM GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Rosiane Luz Cavalcante, Ana Carolina de Gusmão, Wanderson Luis Teixeira, Karine Ximendes Vericio, Ana Carla Marques de Gusmão

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Introdução: O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90, circunscreve a adolescência como o período de vida que vai dos 12 aos 18 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) delimita a adolescência como a segunda década de vida (10 aos 19 anos) e a juventude como o período que vai dos 15 aos 24 anos (B). As sociedades passaram a enxergar a gravidez como um problema de saúde pública, sobretudo no século XX, quando o intercurso sexual e o número de gravidez entre jovens sofreram um enorme aumento no pós Guerra. Nos países desenvolvidos, embora a atividade sexual comece em uma idade precoce como na Europa, a adequada contracepção é muitas vezes disponível para os adolescentes, assim como as clínicas de aborto em vários países. Apesar das diferenças entre regiões, o número de gestações e partos em adolescentes é relativamente baixo em comparação com as outras regiões do mundo. A gravidez na adolescência no Brasil e nos países em desenvolvimento é considerada um risco social e um grave problema de saúde pública, devido principalmente a sua magnitude e amplitude, como também aos problemas que dela derivam. Dentre estes se destacam: o abandono escolar, o risco durante a gravidez, este derivado muitas vezes pela não realização de um pré-natal de qualidade, pelo fato da adolescente esconder a gravidez ou os serviços de saúde não estarem qualificados para tal assistência. Nesse contexto, No abito da enfermagem quais as abordagens são utilizada, a biomédica ou a psicossocial? Objetivo: Apresentar como os estudos no âmbito da enfermagem em saúde pública estão abordando a gravidez na adolescência. Para em segunda instância, averiguar se estes estudos conseguem conduzir uma abordagem diferente da biomédica, enfocando em caracteres sociais e psicológicos destes jovens e em quais conclusões chegaram. Metodologia: Trata-se de revisão bibliográfica. A pesquisa ocorreu na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), foram definidas as bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Coleciona SUS. Na pesquisa empregaram-se os descritores conforme o Descritores em Saúde (DECs): gravidez na adolescência, enfermagem em saúde pública e planejamento familiar combinados com o termo booliano “and”. Os critérios de inclusão: estudos (dissertações, relatórios e artigos) em português numa linha temporal de 2005 a 2014 de pesquisas realizadas apenas no Brasil no idioma português cujo assunto principal fosse a relação entre gravidez na adolescência e assistência de enfermagem e em saúde pública, conforme oportunizou a filtragem da BVS. Foram excluídos estudos que disponibilizavam apenas o resumo. Os artigos foram agrupados em unidades de significados que permitiram a síntese de múltiplos estudos publicados. Resultados/Discussão: Optou-se por empregar apenas o descritor gravidez na adolescência na primeira etapa da pesquisa, objetivando assim ver a amplitude inicial do tema, 17 publicações foram encontradas: todas na base de dados BDENF por conta da filtragem dos critérios de inclusão. As combinações de descritores gravidez na adolescência and enfermagem em saúde comunitária geraram um resultado imediato de 4 publicações: 3 na BDENF e 1 na Coleciona SUS. Por fim, as combinações gravidez na adolescência and planejamento familiar geraram 4 publicações: a totalidade na base LILACS. Desse total de 25 artigos encontrados, 20 publicações permaneceram dentro do recorte bibliográfico em virtude da análise de seus resumos. Haja vista a não inserção destes dentro do enfoque proposto pela revisão foram excluídos: 4 da base BDENF e 1 da base LILACS, por constatar-se que a discussão de resultados dos mesmos não abordava aspectos socioeconômicos nem psicológicos das jovens grávidas. Tratando-se do tipo de publicação: encontrou-se 1 dissertação de mestrado – BDENF, 1 relatório técnico – Coleciona SUS, e 18 artigos, compondo assim a maior parte dos estudos, aproximadamente 85,71% da amostra. A base de dados BDENF deteve o maior percentual de publicações, devido à abordagem metodológica traçada, de um universo de 20 foram 16 (80%), seguida pela LILACS com 3 publicações (15%) e Coleciona SUS detinha apenas 1 artigo (5%). Os anos de maiores incidências de estudos foram: 2007 com 4 (20%), 2009 com 4 (20%) 2010 com 4 (20%), seguidos por 2011 com 3 (15%), 2012 com 2 (10%), 2013 com 2 (10%), e o ano de 2005 com 1 artigo (5%). A finalidade da presente revisão é mostrar como o saber científico em Enfermagem em saúde pública está abordando a gravidez na adolescência, se os estudos chegam a conclusões comuns sobre o estado social e psicológico das jovens. Situações de vulnerabilidade foram apontadas pelo presente revisão, um dos estudos destacou que com o namoro, aumenta a confiança no parceiro, e as práticas sexuais desprotegidas se tornam frequentes em decorrência do envolvimento afetivo e da intimidade do casal. Isso fica patente na reincidência na gravidez, evidenciada por estudo de porte menor e que mesmo assim demonstrou que a probabilidade de uma segunda gestação, devido a falta de aconselhamento, pode ser por conta de terem um novo parceiro que não o pai do bebê, o mesmo estudo também evidencia que estas moças repetem o passado obstétrico de suas mães e se afastam dos estudos. Os estudos em sua maioria chegaram a um constructo de que, essas jovens mães carecem de uma perspectiva de vida sólida, por vez as dimensões socioeconômicas e culturais da vida das mesmas favorecem gravidezes precoces e mal assistidas, pela dificuldade no acesso a bens sociais como educação, transporte, lazer e renda. Inegavelmente, a gravidez indesejada leva a algum prejuízo no projeto de vida dessa adolescente e, por vezes, na própria vida. Há, concomitantemente, possíveis outros riscos relacionados ao aborto e a doenças sexualmente transmissíveis, entre as quais a AIDS. Conclusão: A Presente revisão mostrou que a ciência enfermagem está embasada em critérios biomédicos e psicossociais na assistência a adolescente grávida, ampliando o conceito de saúde que favorece uma atenção integral, conforme preconiza as políticas de saúde. Os estudos qualitativos exploratórios, que somaram o maior montante nesta pesquisa, apresentam subsídios para uma prática segura. Conhecer a realidade que envolve a gravidez na adolescência possibilita uma aproximação do serviço de saúde e a consolidação de um espaço de diálogo e o aconselhamento destas jovens e de seus parceiros quanto a prática saudável, segura e a emancipação dos sujeitos na construção de autonomia no planejamento familiar, bem como a redução de riscos durante a gravidez.


Palavras-chave


Adolescência; gravidez; enfermagem