Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ALGIAS E LESÕES OSTEOMUSCULARES EM BAILARINOS DE JAZZ
Pedro Oliveira Pinheiro, Regiane Edwiges Antunes de Barros, Liana Rocha Praça, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro, Jéssica Karen de Oliveira Maia, Raimunda Magalhães da Silva, Neide Rodrigues dos Santos, Érika Porto Xavier

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: A dança é uma das artes mais antigas, com o passar dos tempos, ela vem se tornando complexa, surgindo diferentes formas de executá-la, tanto em grupos, como individualmente. Os princípios básicos da dança são: postura ereta; uso do “en dehors “(rotação externa dos membros inferiores), verticalidade corporal, e simetria. Assim como em qualquer outra atividade corporal, a dança exige um bom condicionamento físico do bailarino, podendo surgir, ao longo de seu treinamento, diferentes tipos de lesões. Assim deve-se estar atento a certos riscos e tomar providências para controlar os fatores que possam aumentá-los. Objetivo: Investigar queixas álgicas e lesões osteomusculares em bailarinos de jazz em uma companhia de dança em uma escola de Fortaleza- Ceará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo, de caráter exploratório, transversal e prospectivo, com análise quantitativa de dados. Realizada em uma companhia de dança de uma escola de Fortaleza-CE cuja coleta de dados deu-se no período de 01 a 30 de outubro de 2017. A população compreendeu a 36 bailarinos, com amostra 20 bailarinos em consequência ao atender dos critérios de inclusão, os quais eram a idade entre 13 e 27 anos idade e a pratica  somente da dança jazz , podendo ser  de ambos os sexos. Como critérios de exclusão definiu-se pela a prática de outra dança além do jazz e terem menos de  dois anos  de prática de dança. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário, com 13 questões, criado especificamente para esse estudo. As variáveis envolvidas no questionário foram: sociodemográficas como o gênero, idade, tempo de prática da dança jazz e manifestações clinicas como dor e lesão osteomusculares. Por se tratar de um estudo envolvendo seres humanos, a pesquisa respeitou os aspectos éticos, sendo submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Centro Universitário Estácio do Ceará e aprovado com número do parecer 2.318.001, respeitando a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e do Código de Ética do Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional- COFFITO 6 (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). Resultados: Identificou-se que a maioria dos bailarinos, 65%, eram do sexo feminino. Essa desproporção entre homens e mulheres pode estar relacionada à procura ainda ser maior do sexo feminino pela dança. A prevalência de idade dos bailarinos estudados foi de 13 anos de idade, 25%, seguida de 14 e 16 anos respectivamente cada um com 15%. A incidência de lesões tende a crescer proporcionalmente ao aumento da idade e de tempo de treinamento, devido a maior dificuldade das performances que são atribuídas a bailarinos mais experientes. Grande parte dos bailarinos, 60%, praticavam jazz a mais de quatro anos, 15% a mais de um ano, 15 % a menos de um ano. A rotina de treinamento de três a seis horas diária tem maior índice de lesões e dores. A frequência com que se praticam as aulas eram de duas vezes na semana 90% e apenas 10% faziam aula mais de três vezes na semana. A exaustão, a repetição e o aumento das horas de ensaio em busca da perfeição dos movimentos são motivos para a aquisição de novas ou repetidas lesões.  Um percentual de 70% dos bailarinos relatou fazer quase sempre um aquecimento ou alongamento prévio antes de todas as aulas enquanto um percentual menor de apenas 30% respondeu que sempre realizam um aquecimento ou alongamento. O alongamento é considerado importante para o desenvolvimento de uma boa técnica. Com relação a infraestrutura das salas de treinamento 90% consideraram o seu lugar de ensaios adequado para prática com segurança. Sentir dor ou se lesionar durante alguma aula é algo frequente em 95% da amostra. Acredita-se que alguns dos fatores, na opinião dos bailarinos, que causaram mais lesões são: palcos e solos impróprios, coreografias com repetição contínua, elevada intensidade de treino, salas mal aquecidas, elevada frequência de treino e coreografias com movimentos novos. As áreas mais acometidas por dores ou machucados foram: joelho e quadril com 75%, coluna com 60%, tornozelo e pé com 50% e ombros e punhos com 10%. O joelho está constantemente em risco de sofrer lesão, seja pelo bailarino aplicar incorretamente a técnica, como o en dehors forçado no joelho (rotação externa de quadril, joelho e tornozelo), seja por hiperextensão dos joelhos ou por alteração no alinhamento dos segmentos articulares do membro inferior. Além disso, inúmeros fatores podem contribuir para sobrecarga dessa articulação, podendo destacar, treino impróprio, saltos repetitivos e locais inadequados para aulas e ensaios, ou seja, com piso sem amortecimento. A dor lombar em bailarinas pode estar associada a fatores como rotação da coluna e disfunções de outras articulações, como sacroilíaca e pés, execução inadequada da técnica e desequilíbrios musculares desses bailarinos. Após a aula 90% deles demonstraram sentir mais dor, comparado ao seguimento da aula, 30%, não existindo queixas prévias. Apenas 15% dos bailarinos relataram ter se lesionado gravemente durante a prática da dança, enquanto a maioria, 85%, não teve lesões graves. Foi possível perceber retorno sintomático de dor ou machucados durante as suas atividades em um percentual de 95%. Os bailarinos geralmente negligenciam a prevenção e o tratamento das suas próprias lesões, ignorando frequentemente os alertas que os seus corpos exprimem. As danças, assim como outros esportes, podem exercer uma sobre carga excessiva aos praticantes, e suas as lesões podem estar diretamente relacionadas ao excesso de treino. Considerações finais: Este estudo revelou uma elevada prevalência de queixas dolorosas dos bailarinos, sendo o joelho e quadril o local anatômico com maiores índices de dores e lesões. A incidência de quadros álgicos foi maior após os ensaios, e as lesões ocorriam principalmente durante as aulas o que nos levam a pensar que, a intensidade e frequência das aulas seja um fator para os índices de dor e lesões destes bailarinos como também a técnica realizada de forma incorreta possa contribuir para que isso aconteça. Pode-se observar ainda que houve uma relação entre regiões de lesão e dor, e que a dor está diretamente relacionada à lesão, porém não existem dados que comprovem quais os fatores para tal resultado, o que nos levam a crer que novas pesquisas mais aprofundadas com populações maiores e de outras regiões nos permitam avaliar com maior precisão o quadro álgico e  lesões em bailarinos de jazz, para que se possa determinar as causas diretas ou indiretas dessas queixas muito frequentes em bailarinos.

Palavras-chave


Transtornos Traumáticos Cumulativos; Dor; Dança.