Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, PROGRAMA SAÚDE NAS ESCOLAS (PSE) E SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS.
Maria Francinete Francinete Oliveira, Elaisla Niely Santos Bezerra, Maria Aparecida Vasconcelos de Lima, Juliana Barbosa da Silva, Ricaelly Medeiros Calvacnte, Débora Helaine Lima da Silva, Libna Helen Melo Lima, Anne Isaura de Oliveira Lira

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


A política de qualidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – estimula e fortalece iniciativas inovadoras de ensino nos cursos de graduação. Uma dessas iniciativas pode ser o trabalho com projetos que promovam o desenvolvimento de competências. Neste contexto, a Extensão Universitária pode ser entendida como um agente catalizador no sentido de permitir ao corpo docente e discente a junção com o ensino e a pesquisa; com outras instituições e comunidades; com diferentes saberes e práticas sociais. O Programa Saúde nas Escolas (PSE), por sua vez, é uma política Inter setorial do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, instituído em 2007, com o objetivo de contribuir para a formação integral e o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino, através de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem os grupos em questão. Quanto ao Sistema Único de Saúde (SUS), com seus princípios da universalidade, equidade, integralidade, descentralização e da participação popular, é o gerenciador do PSE. Já a escola, lócus das ações, constitui um espaço por excelência para trabalhar-se com estudantes, docentes, pais/responsáveis e comunidades envolvendo-os na direção da escolha por opções saudáveis de vida e de respeito à saúde individual, coletiva e ambiental. Considerando estes aspectos, no presente relato pretendemos socializar as experiências originadas a partir das ações informativas/educativas, planejadas para o projeto de Extensão “Projetos Integrados de Vigilância em Saúde: responsabilidades compartilhadas” e implementadas por grupos de estudantes do Curso de Enfermagem da UFRN, matriculados nas disciplinas Epidemiologia e Saúde Ambiental e Atenção Integral à Saúde do Adolescente. O projeto em questão vem sendo desenvolvido desde o ano de 2005, sendo considerado pela clientela envolvida como fundamental para o processo de vigilância à saúde. Desde então, tem como objetivo promover a interação entre a Universidade (docentes e discentes de diferentes cursos), Unidades Básicas de Saúde, Escolas e Pré-Escolas, de modo a despertar em cada cidadã e cidadão a responsabilidade para com a saúde individual e coletiva.  O método que direcionou as ações foi a Pedagogia de Projetos Integrados. O inovador deste modelo é a possibilidade de trabalharmos o ensino, a pesquisa e a extensão uma vez que a prática não acontece de forma isolada. Além disso, ao colocar a vigilância à saúde como base ou guia dos Projetos passamos de uma visão da saúde como alvo, para uma visão centrada no ser humano, respeitando o planeta, facilitando a compreensão da saúde e sua promoção. Entre os recursos didáticos, destacamos as metodologias ativas, que envolve técnicas de educação/informação/investigação, caracterizando-se, principalmente, na forma de informação dialogada, roda de conversa, filmes, mutirões, atividades lúdicas, entre outros. Estas, podem favorecer a autonomia, despertar a curiosidade, estimular tomadas de decisões individuais e coletivas, essenciais nas diversas práticas sociais. Nas escolas e pré-escola os temas trabalhados estão integrados aos seus projetos pedagógicos, dando-se ênfase a interdisciplinaridade. Portanto, as ações são planejadas conforme as demandas escolares e problemas considerados de saúde pública, como por exemplo, combate aos mosquitos das espécies Aedes aegyptiAedes albopictus. O lócus das ações do Projeto em 2016 e 2017 foram, principalmente, uma pré-escola da administração pública municipal – Centro Municipal de Ensino Infantil (CMEI, a seguir) e uma Escola da administração estadual (E.E, a seguir). O CMEI atende 130 crianças com idade de 03 a 06 anos, distribuídas em dois turnos e em três níveis. A E.E tem, aproximadamente, 400 estudantes (do 1º ao 9º ano). No CMEI identificamos como demanda prioritária: conversar com os pais e as crianças sobre pediculose, verminose e escabiose. O outro tema, que vem sendo discutido desde 2016, foi acidentes com crianças como pedestre e ocupante de veículo. Para trabalhar com as crianças usamos a ludicidade e a interatividade. Elas possuem uma boa capacidade para novos conhecimentos, quando ensinados de forma lúdica. Com os pais procuramos inicialmente conhecer suas experiências – contadas e/ou vividas – sobre cada assunto. Com o tema – Bichos que andam e habitam nosso corpo – vinculado ao Projeto Pedagógico “Nosso Corpo”, criamos possibilidades e abertura de espaços, encontros, escutas e trocas de experiências. De uma forma mais sistematizada, usando o recurso de multimídia, mostramos as estatísticas sobre acidentes no trânsito com crianças e as causas de sua vulnerabilidade, quais sejam: Ausência de noção do perigo; Controle motor ainda em desenvolvimento; Comportamento impulsivo e imprevisível; Inexperiência e curiosidade; Vontade de imitar os mais velhos, entre outras.  Durante o ano de 2016 realizamos nas crianças, atividades individualizadas como a investigação das condições de saúde (exame físico) e análise da situação vacinal. Quanto às atividades coletivas, destacamos: prevenção de acidentes domésticos e recreativos (pais, crianças e professoras); brincando sem se machucar (crianças); como lavar as mãos, escovar os dentes e tomar banho (pais e crianças); identificando sinais e sintomas de doenças (professoras e responsáveis pelas crianças); vacinação contra a influenza (crianças, docentes e equipe administrativa). Quanto às ações implementadas na E.E, destacamos como individualizada, a análise do cartão de vacina, principalmente para identificar o histórico das vacinas contra a difteria e tétano, a hepatite e o HPV (Papiloma Vírus Humano). As ações coletivas tiveram como destaque os seguintes temas: Água e Luz. Como viver sem elas?  Higiene; Alimentação Saudável; Combatendo a criação do Aedes Aegypti; Amizade sim violência não. Para as turmas do 6º ao 9º ano, além das ações citadas, trabalhamos com os temas: drogas lícitas e ilícitas; desenvolvimento sexual humano e planejamento familiar. Para todas as ações implementadas foi solicitado um feedback, na forma de desenho para as crianças da pré-escola ao 3º ano; na forma de versos e prosas ou de um texto para as demais turmas. Durante este processo houve a necessidade de estudos e atualizações contínuas dos conhecimentos sobre os temas abordados. Ao longo dessa experiência, percebemos seu valor para a construção do futuro profissional, uma vez que permitiu uma sensibilização sobre a dimensão do processo educativo, o desenvolvimento de habilidades e aptidões pedagógicas e o aprimoramento de saberes. Com esta proposta, pretendemos reconstruir através da transformação das práticas sociais e de saúde (conhecimentos, práticas, valores), possibilidades de compreensão dos aspectos pluridimensionais da vida no planeta terra e desenvolver um conhecimento e um saber fazer para possibilitar um melhor envolvimento e compromisso com a teia de relações que tecem a vida comunitária. Entendemos que são ações dessa natureza, que encontram um equilíbrio entre o meio ambiente, a economia e a vida em sociedade, para integrar todos estes elementos e dar impulso a responsabilidade compartilhada. No caso da práxis da enfermagem há necessidade constante de selecionar conteúdos, interpretar dados, analisar fatos e planejar ações de Vigilância à Saúde. Concluímos que atuar na prática através de projetos integrados é positivo, pois permite ao corpo discente a autonomia, o empreendedorismo e o desenvolvimento da capacidade reflexiva. Para os serviços de saúde e escolas é uma oportunidade de ver e fazer educação à saúde de forma integrada. O projeto em questão serviu e servirá para garantir a congruência entre ensino, pesquisa e extensão, culminando com produtos didáticos científicos, os quais subsidiarão novas práticas de vigilância à saúde e/ou educação à saúde nos diversos níveis do ensino formal e não formal.

 


Palavras-chave


Vigilância à saúde, educação à saúde, Integração ensino, serviço e comunidade.