Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RESILIÊNCIA DIANTE DA DISPARIDADE TEÓRICO-PRÁTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Marcela Catunda de Souza Michiles, Andreia Doria Cardoso Da Silva, Lie Tonaki, Viviane Santana de Andrade, Wanessa Souza Barbosa, Maria Raika Guimarães Lobo

Última alteração: 2018-02-05

Resumo


Apresentação: A enfermagem estrutura sua atuação prática através da Prática Baseada em Evidências (PBE). Tal prática é indicada na aquisição de provas científicas, contrapondo experiências solitárias e não sistematizadas. O objetivo na utilização da PBE é a melhora na qualidade do cuidado assistencial dos indivíduos, família e comunidade. Sendo a teoria um instrumento básico de enfermagem, durante a formação acadêmica o discente deve ser estimulado e orientado a desenvolver um olhar analítico, aprimorado ao longo de sua formação a fim de desenvolver seus conhecimentos, habilidades e atitudes plenamente no decorrer da atuação no campo da enfermagem. O curso de Enfermagem possui em suas Diretrizes Curriculares a disciplina Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem, na qual aborda-se, além de outros temas, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). A SAE é a metodologia que se utiliza do Processo de Enfermagem (PE) para implementação das Teorias de Enfermagem na prática hospitalar. Acredita-se que só será alcançada a autonomia na enfermagem quando, em prática, houver a aplicação sistemática do PE. O PE, é um método que realiza o cuidado de forma crítica, organizada e ordenada, pois é estruturado em cinco fases nas quais norteiam a atuação do enfermeiro, dando-lhes maior autonomia e segurança. Além disso, diversas literaturas vistas durante o período de graduação, exemplificados pelos programas assistenciais do Ministério da Saúde, também são teorias que auxiliam a prática profissional e acadêmica. Essas devem ser seguidas rigorosamente para uma boa atuação. Dito isso, é de extrema relevância a consolidação e aplicação do cenário teórico-acadêmico durante o período de prática supervisionada pelo professor preceptor, uma vez que o discente atualmente não é um mero espectador e sim o principal sujeito da ação, repleto de pensamento crítico-reflexivo. Por esse motivo, objetiva-se descrever as disparidades encontradas entre o cenário teórico-acadêmico e o âmbito hospitalar durante o período de práticas acadêmicas, entendendo que a temática é inevitável diante da situação atual da saúde pública do país. Desenvolvimento: Partindo dessa prerrogativa, trata-se então de um relato de experiência com abordagem qualitativa e descritiva, diante da percepção individual de acadêmicos de enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), acerca das divergências observadas durante a prática em âmbito hospitalar, em relação à aplicação da teoria, durante disciplina Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem II. A disciplina possui carga horária de 150 horas, sendo 120 horas destinadas à prática supervisionada pelo professor preceptor. A experiência iniciou no dia 19 de abril de 2017, estendendo-se até o dia 21 de junho do mesmo ano na clínica ortopédica de um hospital público que possui parceria com a UEA, localizado na cidade de Manaus-Amazonas. Dentre as atividades realizadas destacam-se: aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), assim como o Processo de Enfermagem (PE), no qual eram inicialmente corrigidos e posteriormente repassados ao enfermeiro responsável pelo plantão; realização de curativos, banho no leito e massagem de conforto, além de supervisão da clínica e realização de sessões clínicas farmacológicas. Resultados e impactos: As experiências vivenciadas possuem cunho positivo pois, nesse cenário, pode-se aplicar os conhecimentos técnicos e científicos ministrados durante as aulas teóricas por parte dos discentes. Percebeu-se também a importância da atividade prática para a consolidação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula. Entretanto, foram visualizadas situações relativamente limitantes, confirmando a disparidade no que diz respeito à aplicação da teoria na prática em âmbito hospitalar. Inicialmente, percebeu-se pouca adesão quanto a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e do Processo de Enfermagem (PE) por parte de alguns profissionais, talvez pela otimização do tempo relacionado à deficiência no quantitativo de enfermeiros. Resultando, nesse caso, uma assistência restrita, uma vez que a SAE promove um maior contato entre enfermeiros e pacientes, estimulando a criação de um vínculo que influencia a melhora no atendimento. Constatou-se que em alguns casos há terceirização dos cuidados de enfermagem ao visualizar o banho do leito realizado pelo acompanhante, sendo esse um elemento questionador uma vez que infere-se que o acompanhante não possui o entendimento científico e a percepção das noções terapêuticas do banho, realizando-o de maneira inadequada. Nesse momento, é evidenciado a importância do enfermeiro na assistência e sua contribuição na melhora de saúde do paciente. Observou-se o uso parcial dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) e a não aplicação das regras de biossegurança, como a falta do uso de capote e máscaras durante os procedimentos, além da utilização de excesso de adornos. Esses podem interferir no prognóstico do paciente, pois a utilização dificulta a prevenção e controle de infecções. Identificou-se a necessidade da aquisição de novos materiais na assistência, exemplificado pela falta de biombos, carros de transporte de material hospitalar e bandejas em aço inox, além do não funcionamento do aquecedor de soro, no qual deveria ser resolvido pela gestão hospitalar. No entanto, estes fatos não desmotivam os enfermeiros da clínica, ao contrário, enaltece suas capacidades criativas, e expõe a amplitude de funções e finalidades do enfermeiro frente às dificuldades. Considerações finais: A partir da observação da experiência, nota-se uma certa resistência por parte de alguns colegas profissionais da área nas práticas baseadas em evidências, dentro do âmbito hospitalar, isso é questionador pois na academia somos moldados a aprender todas as técnicas e procedimentos de maneira correta, de acordo com as literaturas, assim como também aplicá-las na forma indicada. Apesar de encontrarmos divergências e dificuldades que limitam nossa atuação no campo, seja por apreensão e insegurança ou por obstáculos institucionais, não podemos nos deixar corromper por práticas inadequadas e sim sermos coerentes com tudo o que aprendemos, prevalecendo a autocrítica. As experiências limitantes precisam ser discutidas na academia, pois é durante as práticas que o discente se aproximará da realidade de trabalho, a fim de evitar desfechos como frustração em relação à futura profissão, ou até mesmo a sedução ao comodismo no trabalho e a influência negativa por parte do sistema envolvido, além de evitar a exposição dos pacientes a situações de risco. A discussão da temática durante a graduação pode resultar na formação de profissionais competentes e comprometidos com a vida do paciente, por mais que sejam grandes as dificuldades. Visto, ainda, que o cenário atual da saúde pública é passível de discordâncias, é de extrema importância que seja crescente e contínua a necessidade de resiliência nos profissionais de enfermagem.

Palavras-chave


Educação em Enfermagem; Educação; Enfermagem Prática