Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Gerenciamento do Programa de Imunização nos Territórios Indígenas da Bahia
LARISSA SOARES DA SILVA

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


O trabalho trata-se de um relato de experiência que tem como objetivo compartilhar o processo de gerenciamento do Programa de Imunização nos territórios indígenas na Bahia em desenvolvimento desde 2012. Visa ainda estimular reflexões para o aprimoramento do gerenciamento educador da área programática em saúde. A sede do Distrito fica localizada em Salvador na Bahia, possui uma população de 28.215 indígenas aldeados (conforme demográfico 2017), contemplando 23 etnias, residentes em 126 aldeias localizadas em 28 municípios do Estado. De acordo com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas cada distrito deverá organizar uma rede de serviços de atenção básica de saúde dentro das áreas indígenas, integrada e hierarquizada com complexidade crescente e articulada com a rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse propósito, o serviço de saúde indígena é realizado no DSEI-Ba por 33 Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena/EMSI. Essas equipes são gerenciadas tecnicamente por coordenadores técnicos, distribuídos em nove Polos Base. A experiência descrita refere-se ao gerenciamento do Programa de Imunização do DSEI-Ba a partir de 2012. O referido programa no Distrito norteia-se na Gestão da Qualidade Total, utilizando a metodologia do Ciclo PDCA - composta por quatro etapas: planejamento, execução, avaliação e correção -, e direcionado a melhoria contínua. A gestão do programa guia-se pelos pilares do Sistema de Gestão da Qualidade: definição de atribuições; registro; treinamento e qualificação; e monitoramento e avaliação. Concernente ao pilar da definição de atribuições, o Programa de Imunização inseriu as atribuições dos profissionais (enfermeiros, técnicos de Enfermagem, AIS e coordenadores técnicos dos polos) no Manual de Atribuições da EMSI do DSEI-BA elaborado em 2012, realizou a atualização das atribuições em 2015. E em 2017, disparou o processo de uma nova atualização através de leitura coletiva e sugestões compartilhadas referentes às atribuições na Reunião Distrital de Imunização Indígena do DSEI-Ba com os nove (09) coordenadores técnicos em saúde e na Capacitação em Calendário de Vacinação Indígena do DSEI-Ba com técnicos de enfermagem dos Serviços de Referência do Distrito e dos polos base. No pilar do registro, os dados de vacinação têm instrumentos específicos para registro e consolidação utilizados e analisados pelas EMSIs que executam as ações de imunização nos territórios indígenas. Salienta-se que o fluxo de envio dos dados dessa área programática é o mesmo definido e executado desde 2012: os dados da aldeia registrados e analisados pela equipe de enfermagem da EMSI são enviados ao Coordenador Técnico em Saúde do Polo Base para análise por aldeia, consolidação por Polo Base, análise do consolidado e envio ao Responsável Técnico/RT de Imunização do Distrito para análise por Polo Base e compilação no âmbito distrital. Destaca-se que os prazos de envio dos dados são os mesmos há anos. Portanto, percebe-se que a sistematização do fluxo de envio dos dados com prazos mantidos anualmente vem contribuindo para a padronização e otimização do processo de trabalho e para as etapas iniciais da vigilância em saúde: coleta de dados, notificação e análise. A respeito do pilar treinamento e qualificação, o DSEI-BA proporciona oportunidades de qualificação na área de imunização aos profissionais. Em 2012, sete (07) enfermeiros participaram de capacitação em Gerência das Ações de Vacinação dos Serviços de Saúde do SUS promovido pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica/DIVEP da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia/SESAB; em 2013, 26 profissionais da equipe de enfermagem participaram do Treinamento em Sala de Vacina, Rede de Frio e Eventos Adversos, realizado pelo DSEI-Ba em parceria com a DIVEP/SESAB; em 2014, 04 técnicos de enfermagem participaram da Capacitação em Sala de Vacina realizada pela DIVEP/SESAB; em 2015, 02 enfermeiros RT de área programática do DSEI (incluindo o RT de imunização) participaram do I Curso de Boas Práticas de Vacinação com ênfase na Investigação de EAPV, realizado pela CIVEDI/DIVEP/SESAB; ainda em 2015, 29 profissionais da equipe de enfermagem foram capacitados pelo Distrito em Sala de Vacina e Rede de Frio e 15 participaram da I Atualização em Imunização Indígena do DSEI-Ba; e em 2016, 17 profissionais foram capacitados em Sala de vacina, EAPVs e Rede de Frio do DSEI-Ba e 20 participaram da II Atualização em Imunização Indígena do Distrito. Pondera-se que houve um incremento de 428% de profissionais de enfermagem do DSEI-Ba capacitados em imunização no período de 2012 a 2016. Ressalta-se que desde 2015, a metodologia utilizada nas capacitações de imunização do Distrito é o construtivismo, a qual prima pela problematização do processo de trabalho como ferramenta de aprendizagem significativa, implicação dos sujeitos e transformações das práticas de forma reflexiva. No pilar monitoramento e avaliação, há o dicionário dos cinco (05) indicadores de imunização, o qual é enviado anualmente aos profissionais de EMSI/Polos Base, constando a descrição, a fórmula de cálculo, a fonte dos dados e o prazo de envio (o mesmo padronizado no fluxo de envio de dados). Como se trata de uma gestão à distância, foi pactuado o Plano de Comunicação entre a RT do Programa de Imunização do DSEI Bahia com os Coordenadores Técnicos atuantes nos Polos. Nesse plano, há a descrição dos canais de comunicação, bem como a limitação de uso de alguns em relação ao período semanal e ao horário, como o grupo do whatsAap de Imunização do Distrito. O monitoramento ocorre pelos canais de comunicação (memorando, memorandos circulares, correio eletrônico, ligação, grupo de whatAap), bem como por Reuniões Técnicas, matriciamento e visitas técnicas. O Programa de imunização do DSEI-Ba tem definida as atribuições de cada função (técnico de enfermagem e enfermeiro, enfermeiro e coordenador técnico) para cada indicador de imunização, desde a coleta, o registro, a análise e envio. O processo de avaliação ocorre simultaneamente com o monitoramento e é fomentado que suceda de forma ascendente e participativa desde a EMSI no território e também com os conselheiros locais de Saúde Indígenas, lideranças, caciques e comunidades. Durante dois anos seguidos, no início do ano, foi enviado um questionário com objetivo do alinhamento das expectativas referente ao Programa entre as partes interessadas/envolvidas (coordenadores técnicos, enfermeiros das EMSIs e RT) no processo de trabalho. Neste trabalho, serão ressaltados os resultados do indicador esquema vacinal completo (EVC), visto que se trata do indicador pactuado e acompanhado mensalmente no Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Governo Federal/SICONV desde 2014 e pactuado no Plano Distrital de Saúde Indígena. Em relação aos grupos prioritários, o Programa de imunização durante o período de 2012 a 2016 apresentou 36,4% de incremento no percentual de menores de 01 ano de idade com EVC, 9,52% de incremento no percentual de crianças menores de 05 anos de idade com EVC, 48% de incremento no percentual de idosos indígenas com EVC e 72,6% de incremento no percentual de mulheres em idade fértil (10 a 49 anos de idade) com EVC. Acredita-se que a metodologia do Ciclo PDCA - composto por quatro etapas: planejamento, execução, avaliação e correção -, que almeja sempre a melhoria contínua, utilizada no Programa de Imunização tem sido fundamental para instituir coletivamente normas flexíveis pautadas nas reflexões críticas dos profissionais envolvidos sobre o processo de trabalho, o que tem suscitado avanços desde 2012, amadurecimento profissional da equipe de enfermagem, aumento do conhecimento dos indígenas em relação as vacinas e doenças imunopreveniveis e alcance das metas.

 


Palavras-chave


gerenciamento; programa de imunização; territórios indígenas.